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2. ENSAIO DE RESILIÊNCIA OU TRIAXIAL DE CARGAS ...

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<strong>2.</strong> <strong>ENSAIO</strong> <strong>DE</strong> <strong>RESILIÊNCIA</strong> <strong>OU</strong> <strong>TRIAXIAL</strong> <strong>DE</strong> <strong>CARGAS</strong> REPETIDAS <strong>OU</strong> DINÂMICO<br />

<strong>2.</strong>1 Definição<br />

O termo resiliência significa energia armazenada em um corpo deformado elasticamente,<br />

que é desenvolvida quando cessam as tensões causadoras das deformações; ou seja, é a<br />

energia potencial de deformação. (Medina, 1997)<br />

<strong>2.</strong>2 Ensaios de cargas repetidas<br />

A força aplicada atua sempre no mesmo sentido de compressão, de um valor zero até um<br />

máximo, voltando a anular-se ou atingir um valor mínimo definido para voltar a atuar após<br />

pequeno intervalo de repouso (fração de segundo), de maneira a reproduzir as condições<br />

de campo.<br />

A amplitude e o tempo de pulso dependem da velocidade do veículo e da profundidade<br />

em que são calculadas as tensões e deformações produzidas. A freqüência representa o<br />

volume ou fluxo de veículos (Medina, 1997).<br />

O estado de tensões em um elemento do subleito ou de camada do pavimento varia com<br />

a posição da carga móvel P. A aplicação de uma carga vertical leva ao surgimento de<br />

uma tensão vertical (σv) e uma tensão horizontal(σh), conforme mostrado na figura <strong>2.</strong>1.<br />

PAVIMENTO<br />

SUBLEITO<br />

Figura <strong>2.</strong>1 – Tensões normais e tangenciais (Medina, 1997).<br />

P<br />

σh<br />

x<br />

τhv<br />

τvh<br />

Os ensaio drenados são comumentes usados por simularem melhor as condições de<br />

campo . No entanto é difícil medir a pressão negativa da água nos poros (sucção) e obterse<br />

as pressões efetivas, pois os materiais costumam ficar parcialmente saturados, assim<br />

sendo os resultados são expressos em termos de pressões totais (Medina, 1997).<br />

O módulo resiliente no ensaio triaxial de cargas repetidas é definido com a tensão desvio<br />

σd = (σ1 - σ3 ) dividido pela deformação resiliente axial (vertical) ε1 ou εr.<br />

MR = σd / ε1<br />

com ε1 = ∆h/ ho<br />

onde ∆h é o deslocamento vertical máximo e ho é o comprimento inicial de referência do<br />

corpo de prova cilíndrico.<br />

Verifica-se na figura 7 que a cada aplicação de tensão desvio, a deformação axial tem<br />

uma parcela pequena de natureza plástica ou permanente (εp), sendo:<br />

σV<br />

σV<br />

τvh<br />

τhv<br />

σh<br />

Rita Moura Fortes<br />

5


εt = εr + εp<br />

Tempo de 1s; freq. de 1 0,1 s<br />

δr<br />

δp<br />

Referência inicial do ensaio<br />

δr = deslocamento resiliente (recuperável);<br />

δp = deslocamento permanente ou plástico<br />

Σδp = deslocamento permanente acumulado<br />

Figura <strong>2.</strong>2 – Registro oscilográfico do ensaio de cargas repetidas (Medina, 1997).<br />

Na determinação do módulo resiliente somente a parcela εr (recuperável) é considerada.<br />

O ensaio é realizado com corpos de prova não saturados, geralmente em condições de<br />

drenagem livre.<br />

Na figura <strong>2.</strong>3 está apresentado o equipamento de ensaio<br />

O ensaio é realizado com corpo de prova obtido de bloco de amostra indeformada ou<br />

compactada em laboratório, sendo que o diâmetro do molde deve ser superior ou igual a 4<br />

vezes o diâmetro máximo das partículas de solo e sua altura guardar uma relação de<br />

aproximadamente 2 vezes o diâmetro (DNER-ME 131/94).<br />

O equipamento é constituído de uma célula triaxial, sistema de controle e registro das<br />

deformações e um sistema pneumático de carregamento. A força vertical axial é aplicada<br />

de modo alternado no topo da amostra através de um pistão, de maneira que a passagem<br />

do ar comprimido pelo regulador de pressão atua diretamente sobre uma válvula ligada a<br />

um cilindro de pressão. A abertura da válvula permite a pressão do ar no corpo de prova<br />

que está envolto por uma membrana impermeável. Fechando-se a válvula, a pressão do<br />

ar cessa. O tempo de abertura da válvula e a freqüência desta operação podem ser<br />

controlados por um dispositivo mecânico digital. As deformações resilientes são medidas<br />

através dos LVDTs (linear variable diferential transducers – par de transdutores necanicoeletromagnéticos)<br />

que estão acoplados ao corpo de prova (Pinto & Preussler, 2001).<br />

No Brasil os módulos têm sido determinados com repetição do carregamento de<br />

aproximadamente 200; freqüência de 20 a 60 solicitações por minuto; duração de 0,10 a<br />

0,15 segundos e intervalo entre cargas de 2,86 a 0,86 segundos.<br />

Os resultados são apresentados na forma gráfica, sendo que na ordenada, em escala<br />

logarítmica estão os valores dos módulos de resiliência (MR) e no eixo das abcissas,<br />

também em escala logarítmica, os valores das tensões confinantes. Através da análise de<br />

regressão obtêm-se equações do tipo:<br />

MR = k1 - σ3 k2 (vide figura <strong>2.</strong>4 (a)) para solos arenosos ou pedregulhosos ou<br />

δr<br />

δp<br />

MR = k2 + k3 (k1 - σd) k1 > σd<br />

Σδp<br />

Rita Moura Fortes<br />

6


MR = k2 + k4 (σd – k1)k1 < σd para solos argilosos ou siltosos (figura <strong>2.</strong>4(b).<br />

onde k1, k2, k3 e k4 são parâmetros do solo ensaiado.<br />

Figura <strong>2.</strong>3 – Equipamento de ensaio de resiliência (ELE, 1999)<br />

MÓDULO <strong>DE</strong> <strong>RESILIÊNCIA</strong><br />

1<br />

k2<br />

MR = k1 σ3 k2<br />

TENSÃO CONFINANTE σ3 (kPa)<br />

(a)<br />

1<br />

MR = k2 + k3 (k1 - σd) k1 >σd<br />

MR = k2 + k4 (σd – k1) k1


Nas figuras <strong>2.</strong>5 a <strong>2.</strong>7 estão apresentados ensaios de resiliência de solos arenosos.<br />

Observa-se que é uma reta e que nas abcissas está representada a tensão de<br />

confinamento (σ3) pois os valores do módulo de resiliência não variam muito com a tensão<br />

de desvio. Na figura <strong>2.</strong>7 repara-se que a adição de cimento ao solo arenoso melhorou<br />

suas características quanto ao módulo de resiliência, tornando-o menos resiliente. Na<br />

figura <strong>2.</strong>8 está apresentado o ensaio de módulo de resiliência de um solo argiloso, sendo<br />

que no eixo das abcissas está a tensão de desvio. Na figura <strong>2.</strong>9 está apresentada a<br />

variação do módulo de resiliência em função do Mini-CBR de alguns solos lateríticos e<br />

saprolíticos.<br />

Figura <strong>2.</strong>5 – Ensaio de módulo de resiliência para um solo arenoso fino laterítico na<br />

energia normal.<br />

Figura <strong>2.</strong>6 – Ensaio de módulo de resiliência de solo arenoso na energia intermediária.<br />

Rita Moura Fortes<br />

8


Figura <strong>2.</strong>7 Ensaio de Módulo de Resiliência de solo arenoso com 6% de cimento.<br />

Figura <strong>2.</strong>8 – Ensaio de Módulo de Resiliência de solo argiloso laterítico.<br />

Fatores que afetam o módulo resiliente dos solos granulares:<br />

Rita Moura Fortes<br />

9


a) número de repetições da tensão-desvio: depende do índice de vazios, da<br />

densidade do material, do grau de saturação e do valor da tensão repetida<br />

aplicada;<br />

b) história de tensões: deformações permanente iniciais. Os solos não coesivos<br />

adquirem rigidez através da repetição do carregamento. Em um dado momento o<br />

solo apresenta comportamento quase elástico com MR constante;<br />

c) duração e freqüência do carregamento: a duração é função da velocidade dos<br />

veículos. A freqüência é função das condições de tráfego. Até 40 aplicações por<br />

minuto tem pouca influência;<br />

d) nível de tensão aplicada: varia muito com a pressão confinante em solos não<br />

coesivos e pouco com a pressão de desvio.<br />

Fatores que afetam o módulo resiliente dos solos finos coesivos:<br />

a) número de repetição da tensão-desvio e história das tensões: com o carregamento<br />

repetido ocorre o rearranjo estrutural levando a um acréscimo do peso específico;<br />

b) duração e freqüência de aplicação das cargas: para freqüências entre 20 e 60<br />

aplicações por minuto e duração entre 0,86 e 2,86 segundos não exerce influência;<br />

c) umidade e massa específica de moldagem: quanto maior o teor de umidade, menor<br />

é o módulo resiliente;<br />

d) tixotropia dos solos argilosos: após algumas repetições de carga o ganho de rigidez<br />

não é significativo;<br />

e) nível de tensão: no caso de solos coesivos varia muito pouco com a pressão<br />

confinante e muito com a de desvio.<br />

10<br />

Rita Moura Fortes


Figura <strong>2.</strong>9 – Variação do módulo de resiliência em função do Mini-CBR de alguns solos<br />

lateríticos e saprolíticos (Franzoi, 1990)<br />

11<br />

Rita Moura Fortes


Classificação dos solos finos quanto à resiliência<br />

Os solos finos coesivos que com freqüência é encontrado em subleito ou em camadas de<br />

reforço do subleito são classificados, de acordo com os parâmetros de resiliência<br />

determinados em ensaios triaxiais em:<br />

• solos tipo I: solos com baixo grau de resiliência – apresentam bom comportamento<br />

como subleito e reforço de subleito, com possibilidade de utilização em camadas de<br />

sub-base;<br />

• solos tipo II: solos com grau de resiliência intermediário – apresentam comportamento<br />

regular como subleito. Sua utilização como reforço de subleito requer estudos e<br />

ensaios especiais;<br />

• solos tipo III: solos com grau de resiliência elevado – não é aconselhável seu emprego<br />

em camadas de pavimentos. Como subleito requerem cuidados e estudos especiais.<br />

No quadro <strong>2.</strong>1 está apresentada a classificação do solo em função da porcentagem de<br />

silte na fração fina (S), ou seja, da fração que passa na peneira de abertura nominal<br />

0,075 mm e o valor da capacidade de suporte (CBR) correspondente (Pinto & Preussler,<br />

2001).<br />

Quadro <strong>2.</strong>1 – Classificação do solo em função da fração passada na peneira nº 200 (pinto<br />

& Preussler, 2001)<br />

S (%)<br />

CBR (%) < 35 35 a 65 > 65<br />

> 10 I II III<br />

6 a 9 II II III<br />

2 a 5 III III III<br />

Onde:<br />

S = 100 – (P1/P2) x 100<br />

S = porcentagem de silte na fração fina que passa na peneira número 200 (0,075 mm);<br />

P1 = porcentagem em peso, de material cujas partículas tenham diâmetro inferior a 0,05<br />

mm determinada na curva de distribuição granulométrica;<br />

P2 = porcentagem em peso, de material cujas partículas tenham diâmetro inferior a 0,075<br />

mm, determinada na curva de distribuição granulométrica.<br />

Na figura <strong>2.</strong>10 está apresentado o modelo de comportamento resiliente de solos fiinos, de<br />

acordo com a classificação I, II e III.<br />

MR<br />

4000<br />

3000<br />

2000<br />

1000<br />

II<br />

III<br />

I<br />

0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 σd<br />

Figura <strong>2.</strong>10 - Modelo de comportamento resiliente de solos finos (Pinto & Preussler,<br />

2001).<br />

12<br />

Rita Moura Fortes


Características resilientes dos solos<br />

É a parcela da deformabilidade resiliente das camadas do pavimento e do subleito que<br />

condiciona a vida de fadiga das camadas superficiais mais rijas, como o revestimento de<br />

concreto asfáltico, base de solo cimento, etc., sujeitas a flexões sucessivas.<br />

O módulo de resiliência de solos depende de sua natureza (constituição mineralógica,<br />

textura, plasticidade da fração fina) umidade, densidade e estado de tensões.<br />

Na figura <strong>2.</strong>11 estão apresentados alguns modelos de comportamento resiliente de solos<br />

(observados no Brasil)<br />

Figura <strong>2.</strong>11 – Modelos de comportamento resiliente de solos observados no Brasil<br />

(Medina, 1997).<br />

Os solos saprolíticos siltosos micáceos e/ou caolínicos caracterizam-se por baixos valores<br />

de MR, independentemente da tensão de confinamento e da tensão de desvio. Valores de<br />

MR menores que 500 kgf/cm 2 são comuns nesse solos quando ensaiados nas condições<br />

de teor de umidade ótimo e massa específica aparente máxima da energia normal.<br />

(Nogami e Viilibor, 1995).<br />

Devido à complexidade do ensaio para determinação do módulo de resiliência, são<br />

utilizadas diversas correlações com o valor da capacidade de suporte (CBR).<br />

A proposta por Henukelon e Foster (1960) é a mais utilizada quando os valores de CBR<br />

são menores que 10%.<br />

MR = 100 x CBR (em kgf/cm 2 )<br />

Medina e Mota (1989) apresentaram várias fórmulas que permitem avaliar as constantes<br />

de alguns modelos de comportamento resiliente de solos brasileiros.<br />

13<br />

Rita Moura Fortes


O PRO 269/94 – Tecnapav foi desenvolvido para considerar o módulo de resiliência na<br />

avaliação estrutural de pavimentos flexíveis, assim como no dimensionamento de reforço<br />

dos mesmos.<br />

14<br />

Rita Moura Fortes

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