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PDF 96,43 Kb - Departamento de Prospectiva e Planeamento

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PROSPECTIVA E PLANEAMENTO, Vol. 16−2009<br />

TERRITÓRIOS RESILIENTES ENQUANTO ORIENTAÇÃO<br />

DE PLANEAMENTO<br />

Fernando Teigão dos Santos 1<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências e Tecnologia, Universida<strong>de</strong> Nova <strong>de</strong> Lisboa<br />

1. RESILIÊNCIA EM TEMPOS DE TURBULÊNCIA<br />

A actualida<strong>de</strong> tem sido marcada por crises sucessivas a vários níveis, exigindo dos<br />

Estados, regiões, cida<strong>de</strong>s, empresas, famílias e indivíduos, a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<br />

conseguirem adaptar e suportar as múltiplas perturbações sem colapsar, o que é a<br />

essência do conceito <strong>de</strong> resiliência. Esta capacida<strong>de</strong> torna-se especialmente relevante<br />

num contexto marcado por turbulência, incerteza e instabilida<strong>de</strong>. Alguns exemplos <strong>de</strong><br />

forma breve e retrospectiva, no primeiro semestre <strong>de</strong> 2008, o preço dos combustíveis,<br />

do crédito bancário e dos alimentos subiu <strong>de</strong> forma abrupta, colocando pressão sobre os<br />

mais diversos países e levando a uma escalada <strong>de</strong> protestos sociais. Na segunda meta<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> 2008, emergiu uma crise financeira que levaria ao colapso <strong>de</strong> algumas instituições<br />

bancárias <strong>de</strong> referência global, sobretudo nos Estados Unidos, mergulhando as bolsas<br />

financeiras pelo mundo fora em fortes perdas. No início <strong>de</strong> 2009, a recessão económica<br />

instalou-se em muitos países, com a <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> empregos, com perda <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />

compra das famílias, com regressão do comércio mundial, com <strong>de</strong>saparecimento da<br />

confiança entre os muitos intervenientes do sistema global. A estas pressões e<br />

problemas mais estruturais, em muitos casos juntaram-se perturbações mais repentinas<br />

e localizadas (cheias, secas, furacões, aci<strong>de</strong>ntes, actos <strong>de</strong> terrorismo), que sobretudo a<br />

nível local e regional tiveram impacto directo, mas que também se repercutiram, em<br />

certos casos, ao nível global (ex. furações no golfo do México que afectaram a produção<br />

petrolífera e que levaram a uma imediata subida dos preços no mercado). Em suma,<br />

1 mail.fts@gmail.com<br />

<strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>Prospectiva</strong> e <strong>Planeamento</strong> e Relações Internacionais


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<strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>Prospectiva</strong> e <strong>Planeamento</strong> e Relações Internacionais<br />

Fernando Teigão dos Santos<br />

estes dois anos <strong>de</strong> 2008-2009 foram o exemplo <strong>de</strong> um contexto <strong>de</strong> turbulência global,<br />

que coloca pressão e perturbação sobre Estados, regiões, cida<strong>de</strong>s, sectores, empresas e<br />

famílias, e que lhes exige que sejam resilientes para as po<strong>de</strong>rem suportar.<br />

O World Economic Forum (2009) no seu relatório “Riscos globais 2009” alerta para as<br />

principais categorias <strong>de</strong> riscos transnacionais, nomeadamente o risco financeiro<br />

sistémico, a segurança alimentar, as disrupções nas ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> abastecimento e a<br />

segurança energética. A globalização aumentou a inter<strong>de</strong>pendência entre processos e<br />

problemas, em que por exemplo um acontecimento localizado rapidamente po<strong>de</strong> ter<br />

repercussões globais. O International Institute for Environment and Development (2009)<br />

alerta que num futuro próximo po<strong>de</strong>rá não ser possível proteger as pessoas <strong>de</strong><br />

perturbações, choques e catástrofes que po<strong>de</strong>rão estar eminentes e que se conjugarão<br />

(por exemplo em resultado das alterações climáticas), sendo necessário ajudar a<br />

socieda<strong>de</strong> a suportar essas perturbações, a recuperar e adaptar-se.<br />

Para além da conjuntura económica e financeira global, há um conjunto <strong>de</strong> mudanças<br />

estruturais ao nível dos sistemas naturais, que prometem condicionar o futuro da<br />

socieda<strong>de</strong> como a conhecemos. Ao nível das mais diversas publicações científicas <strong>de</strong><br />

referência é possível encontrar trabalhos <strong>de</strong> investigação que analisam estes problemas<br />

numa perspectiva integrada. Veja-se o estudo <strong>de</strong> Rockström et al. (2009) na revista<br />

Nature que procurou i<strong>de</strong>ntificar e quantificar os limites ambientais do planeta, que ao<br />

serem ultrapassados <strong>de</strong>vido ao impacto das activida<strong>de</strong>s humanas, po<strong>de</strong>m trazer severos<br />

danos. De nove limites consi<strong>de</strong>rados no estudo, três foram já excedidos (perda <strong>de</strong><br />

biodiversida<strong>de</strong>, alterações climáticas e perturbações no ciclo do azoto), o que po<strong>de</strong> gerar<br />

efeitos imprevisíveis e acarretar maiores <strong>de</strong>safios para as socieda<strong>de</strong>s humanas. Na<br />

mesma perspectiva, o trabalho <strong>de</strong> Walker et al. (2009a) publicado na revista Science<br />

alerta que estas várias crises <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adas pelo Homem, ultrapassam a capacida<strong>de</strong> dos<br />

governos e das instituições lidarem com elas.<br />

Têm-se acentuado a preocupação em torno das alterações climáticas e do aquecimento<br />

global, cuja expressão se vai sentido junto <strong>de</strong> muitas comunida<strong>de</strong>s espalhadas pelo<br />

globo. O relatório sobre o “Impacto Humano nas Alterações Climáticas” do Global<br />

Humanitarian Forum (2009) que possui como subtítulo “A anatomia <strong>de</strong> uma crise<br />

silenciosa”, alerta para as várias dimensões do problema na actualida<strong>de</strong>, cujos impactos<br />

se sentem com especial impacto nas comunida<strong>de</strong>s mais pobres e vulneráveis <strong>de</strong> todo o<br />

mundo. Desertificação em África, <strong>de</strong>rretimento das calotes polares, aumento da<br />

ocorrência <strong>de</strong> acontecimentos meteorológicos <strong>de</strong> forte impacto (furacões, cheias, secas,<br />

ondas <strong>de</strong> calor), a maior imprevisibilida<strong>de</strong> climática, são alguns fenómenos que ten<strong>de</strong>m a<br />

ser vistos <strong>de</strong> forma mais inter-ligada. E face a este contexto <strong>de</strong> turbulência global, po<strong>de</strong><br />

dizer-se que “ser ou não ser resiliente, eis a questão”.


Territórios Resilientes enquanto Orientação <strong>de</strong> <strong>Planeamento</strong><br />

2. RESILIÊNCIA E CAPACIDADE DE ADAPTAÇÃO<br />

A resiliência enquanto conceito em si mesmo refere-se à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um sistema<br />

absorver perturbações e reorganizar-se, enquanto está sujeito a forças <strong>de</strong> mudança,<br />

sendo capaz <strong>de</strong> manter o essencial das suas funções, estrutura, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e<br />

mecanismos (Walker et al., 2004). O conceito po<strong>de</strong> ser interpretado <strong>de</strong> diversas formas<br />

complementares ou seja, como a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> perturbação que o sistema suporta,<br />

mantendo-se no mesmo estado ou condição; como o grau em que o sistema é capaz <strong>de</strong><br />

se auto-organizar (versus a falta <strong>de</strong> organização ou a organização forçada por factores<br />

externos); como o grau em que o sistema consegue construir e aumentar a sua<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aprendizagem e <strong>de</strong> adaptação (Carpenter et al. 2001); ou como a<br />

magnitu<strong>de</strong> da perturbação que po<strong>de</strong> ser absorvida, antes que o sistema mu<strong>de</strong> a sua<br />

estrutura através da alteração nas variáveis e processos que controlam o seu<br />

comportamento (Gun<strong>de</strong>rson e Holling, 2002).<br />

Esta é uma perspectiva <strong>de</strong> resiliência aplicada aos sistemas sócio-ecológicos, que são<br />

<strong>de</strong>finidos como o conjunto dos ecossistemas e da socieda<strong>de</strong> humana, com as suas<br />

interacções e inter<strong>de</strong>pendências entre as componentes ecológicas, sociais, económicas,<br />

culturais ou tecnológicas (The Resilience Alliance, 2007). A resiliência po<strong>de</strong> ser<br />

consi<strong>de</strong>rada num duplo papel, por um lado enquanto conceito em si mesmo, por outro<br />

lado enquanto abordagem conceptual (framework) integrativa, colaborativa e<br />

interdisciplinar, compreen<strong>de</strong>ndo múltiplos conceitos e aplicações, que visa contribuir em<br />

última análise para trajectórias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento mais sustentáveis (Lambin, 2005).<br />

Gerir a resiliência tem como objectivo evitar que o sistema sócio-ecológico se mova para<br />

configurações in<strong>de</strong>sejáveis, o que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do sistema ser capaz <strong>de</strong> suportar choques<br />

externos. Implica compreen<strong>de</strong>r on<strong>de</strong> é que o sistema possui resiliência e como é que ela<br />

po<strong>de</strong> ser ganha ou perdida, pelo que é importante i<strong>de</strong>ntificar pontos <strong>de</strong> intervenção que<br />

permitam aumentar a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação. De uma forma mais simplificada<br />

também se po<strong>de</strong> dizer que a resiliência é a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser flexível. Está implícito no<br />

conceito o reconhecimento <strong>de</strong> que os sistemas e os seus contextos mudam<br />

continuamente, pelo que a resiliência tem subjacente a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação, <strong>de</strong><br />

aprendizagem e <strong>de</strong> reestruturação continua. Há quatro proprieda<strong>de</strong>s chave no conceito<br />

<strong>de</strong> resiliência (Walker et al. 2004): 1) Latitu<strong>de</strong>: o máximo que o sistema po<strong>de</strong> mudar<br />

antes <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r a sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recuperação; 2) Resistência: a facilida<strong>de</strong> ou<br />

dificulda<strong>de</strong> em fazer mudar o sistema; 3) Precarieda<strong>de</strong>: a proximida<strong>de</strong> do sistema ao<br />

limite; 4) Panarquia: dada a interacção entre várias escalas, a resiliência do sistema<br />

numa dada escala focal está <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da influência das outras escalas acima e abaixo.<br />

A resiliência po<strong>de</strong> ser vista enquanto uma capacida<strong>de</strong> que po<strong>de</strong> ser aumentada, no<br />

sentido <strong>de</strong> melhorar a adaptação <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado sistema às condições envolventes.<br />

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Está aqui implícita uma i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> pró-activida<strong>de</strong> em relação ao po<strong>de</strong>r-se actuar no sentido<br />

<strong>de</strong> gerir a resiliência, sobretudo através da construção <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>s sociais. O<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um país, região ou comunida<strong>de</strong> é governado por pessoas e<br />

instituições, que colectivamente <strong>de</strong>terminam ou influenciam o seu <strong>de</strong>stino, face a<br />

condições envolvente às quais se têm <strong>de</strong> adaptar. A forma como conseguem ou não<br />

fazê-lo po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>terminante para a sua sustentabilida<strong>de</strong>.<br />

A capacida<strong>de</strong> adaptativa é um elemento central do conceito <strong>de</strong> resiliência e refere-se à<br />

habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um sistema se ajustar às condições internas e às circunstâncias externas<br />

(Carpenter e Brock, 2008). Vogel (1998) distingue entre “coping ability” e “adaptive<br />

capacity”, sendo que a primeira se refere à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mais curto prazo em suportar<br />

ou sobreviver, enquanto que a segunda é referente à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação, existindo<br />

uma perspectiva <strong>de</strong> mais longo prazo assente em ajustamentos mais estruturais. Dovers<br />

e Handmer (1992) numa perspectiva semelhante fazem a distinção entre a resiliência<br />

reactiva e a resiliência pró-activa <strong>de</strong> um sistema, sendo que na primeira há uma<br />

abordagem <strong>de</strong> expectativa, reacção e resistência em relação à perturbação e à mudança,<br />

enquanto que na segunda essas são inevitabilida<strong>de</strong>s aceites, procurando-se criar um<br />

sistema que é capaz <strong>de</strong> se antecipar e adaptar a novas condições. No contexto das<br />

alterações climáticas (IPCC, 2007), a adaptação é um ajustamento nos sistemas naturais<br />

ou humanos, como resposta a estímulos climáticos verificados ou esperados, que<br />

mo<strong>de</strong>ram danos ou exploram oportunida<strong>de</strong>s benéficas, po<strong>de</strong>ndo ser distinguidos vários<br />

tipos <strong>de</strong> adaptação.<br />

A resiliência <strong>de</strong> um grupo, comunida<strong>de</strong> ou organização está <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das capacida<strong>de</strong>s<br />

que conseguem <strong>de</strong>senvolver e que lhes permitem adaptar-se e fazerem face a situações<br />

<strong>de</strong> mudança e perturbação, sem gran<strong>de</strong>s danos nem perda <strong>de</strong> recursos (naturais,<br />

sociais, físicos, financeiros, organizacionais, etc.). Esta é uma perspectiva <strong>de</strong> capacitação<br />

que <strong>de</strong> acordo com as Nações Unidas (UNEP, 2005) significa construir aptidões,<br />

relacionamentos e valores que possibilitem às organizações, grupos e indivíduos,<br />

melhorarem as suas performances e atingirem os seus objectivos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Noutra perspectiva Carpenter e Brock (2008) salientam a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um sistema,<br />

comunida<strong>de</strong> ou socieda<strong>de</strong> exposta a perturbações se conseguir adaptar, o que se <strong>de</strong>ve<br />

em parte ao grau em que o sistema social consegue aumentar a sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

aprendizagem face a perturbações do passado, tirando lições para uma melhor protecção<br />

futura.<br />

A resiliência <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação e no que diz respeito às comunida<strong>de</strong>s<br />

humanas, tal capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> em larga medida da forma como estas conseguem<br />

apren<strong>de</strong>r colectivamente e convergir em função <strong>de</strong> objectivos comuns. O que está em<br />

causa é sobretudo o conceito <strong>de</strong> aprendizagem social que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finido como a<br />

capacida<strong>de</strong> das socieda<strong>de</strong>s e das comunida<strong>de</strong>s em apren<strong>de</strong>rem colectivamente e em


Territórios Resilientes enquanto Orientação <strong>de</strong> <strong>Planeamento</strong><br />

partilharem conhecimentos, objectivos e responsabilida<strong>de</strong>s comuns para o seu<br />

<strong>de</strong>senvolvimento futuro (Longworth, 2006). Refere-se à forma como os indivíduos, os<br />

grupos e as comunida<strong>de</strong>s conseguem apren<strong>de</strong>r uns com os outros, <strong>de</strong> modo a que as<br />

suas estratégias e políticas reflictam uma orientação partilhada, mesmo que tenham<br />

subjacente divergências e objectivos individuais contraditórios.<br />

Mas a resiliência não se pren<strong>de</strong> apenas com a resposta a uma crise específica ou com a<br />

reacção a contrarieda<strong>de</strong>s, po<strong>de</strong>ndo ser consi<strong>de</strong>rada como a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudar, antes<br />

que a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudar se torne <strong>de</strong>sesperadamente óbvia. Nesta perspectiva Hamel<br />

e Valikangas (2003) sugerem o conceito <strong>de</strong> resiliência estratégica que se refere à<br />

antecipação contínua e à adaptação face a gran<strong>de</strong>s tendências evolutivas, que po<strong>de</strong>m<br />

condicionar o futuro <strong>de</strong> uma organização, sector, região ou comunida<strong>de</strong>. Este é um<br />

conceito que se po<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar como estando na base da aplicação da resiliência a<br />

problemas e realida<strong>de</strong>s mais complexas, como sejam o planeamento e a gestão dos<br />

processos <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

3. RESILÊNCIA: APLICAÇÃO, AVALIAÇÃO E ACTUAÇÃO<br />

A resiliência é ao mesmo tempo um conceito e um corpo <strong>de</strong> teorias que tem vindo a<br />

ganhar <strong>de</strong>staque e atenção, com reflexo no número <strong>de</strong> publicações científicas que<br />

aumentaram significativamente a partir <strong>de</strong> 1995, com tendência para continuarem a<br />

crescer (Janssen et al. 2006). À medida que o tema se torna mais relevante e<br />

interessante para um número cada vez maior <strong>de</strong> sectores e agentes, vai aumentando a<br />

sua aplicação a temáticas cada vez mais diversas, vão-se procurando abordagens cada<br />

vez mais concretas e objectivas no sentido da sua avaliação e quantificação, e vão<br />

também surgido as actuações práticas, por exemplo em matéria <strong>de</strong> políticas e<br />

planeamento, no sentido <strong>de</strong> uma efectiva utilização do conhecimento associado.<br />

Aplicação em temáticas cada vez mais diversas – o conceito <strong>de</strong> resiliência tem<br />

vindo a ser crescentemente utilizado e aplicado, seja no domínio mais associado aos<br />

sistemas sócio-ecológicos, seja noutros domínios como o das teorias organizacionais e<br />

empresariais, das ciências económicas e sociais, da protecção civil e da saú<strong>de</strong> pública.<br />

Avaliação e abordagens quantitativas – à medida que o conceito vai sendo aplicado,<br />

vai-se tornando cada vez mais necessário saber como quantificar, medir ou avaliar a<br />

resiliência num dado sistema. Carpenter et al. (2001) utilizam a expressão “da metáfora<br />

à medição” para exprimir a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> abordagens mais quantitativas e<br />

<strong>de</strong>terminísticas.<br />

Actuação em matéria <strong>de</strong> políticas e planeamento – o agravamento dos problemas<br />

globais <strong>de</strong>scritos em pontos anteriores (alterações climáticas, crise financeira e<br />

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económica, catástrofes naturais, etc.) tem levado Estados, regiões, cida<strong>de</strong>s,<br />

comunida<strong>de</strong>s, organizações, empresas, outros, a utilizarem o conceito <strong>de</strong> resiliência<br />

numa lógica quer estratégica, quer operacional (com actuações concretas no sentido <strong>de</strong><br />

aumentar a resiliência do seu sistema). Estas abordagens mais planeadas e pró-activas<br />

surgiram sobretudo a partir dos anos <strong>de</strong> 2008 e 2009 face ao contexto <strong>de</strong> crise.<br />

Anteriormente a resiliência era aplicada mas numa base mais teórica e conceptual,<br />

sobretudo numa lógica <strong>de</strong> investigação, enquanto que na actualida<strong>de</strong> a resiliência<br />

aparece cada vez mais enquanto orientação <strong>de</strong> política e planeamento.<br />

Apesar <strong>de</strong> não ser fácil agrupar os temas <strong>de</strong> aplicação do conceito <strong>de</strong> resiliência, é<br />

possível consi<strong>de</strong>rar quatro domínios distintos, assumindo que eles se inter-relacionam e<br />

que não são estanques:<br />

◆ Ambiente, ecossistemas e recursos naturais<br />

◆ Catástrofes naturais e <strong>de</strong>sastres humanos<br />

◆ Organizações, empresas e economias<br />

◆ Territórios e processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento sustentável em territórios como regiões, cida<strong>de</strong>s ou comunida<strong>de</strong>s<br />

locais <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação face às gran<strong>de</strong>s tendências evolutivas <strong>de</strong><br />

cariz económico, social, ambiental, político ou tecnológico, segundo a perspectiva da<br />

resiliência estratégica. Construir territórios mais resilientes começa a surgir quer<br />

enquanto tema <strong>de</strong> investigação científica, quer enquanto orientação <strong>de</strong> política e<br />

planeamento. Este domínio <strong>de</strong> aplicação do conceito <strong>de</strong> resiliência acaba por integrar e<br />

absorver conhecimentos e experiências dos três domínios anteriores, sendo<br />

apresentados <strong>de</strong> seguida alguns exemplos.<br />

3.1. Territórios Resilientes<br />

3.1.1. Regiões resilientes<br />

O Institute of Urban and Regional Development da Universida<strong>de</strong> da Califórnia (Barkley)<br />

em parceria com a MacArthur Foundation criaram a Research Network on Building<br />

Resilient Regions que tem procurado <strong>de</strong>senvolver um maior conhecimento sobre a<br />

resiliência em regiões, sobretudo do ponto <strong>de</strong> vista económico, sendo uma iniciativa<br />

relativamente recente. O programa <strong>de</strong> investigação “Construir Regiões Resilientes”<br />

(Swanstom et al. 2009) procurou entre outros projectos, analisar a resiliência regional <strong>de</strong><br />

seis áreas metropolitanas dos Estados Unidos, focando-se em aspectos económicos e<br />

empresariais ligados ao emprego e ao encerramento <strong>de</strong> empresas nestas áreas.


Territórios Resilientes enquanto Orientação <strong>de</strong> <strong>Planeamento</strong><br />

Noutro ponto do globo, a investigação <strong>de</strong> Walker et al. (2009b) na região do Goulburn-<br />

Broken Catchment (Australia) teve como objectivo i<strong>de</strong>ntificar os principais pontos,<br />

tendências e potenciais choques que afectaram o território ao longo do tempo, com o<br />

objectivo <strong>de</strong> avaliar a resiliência específica (face a problemas específicos como a<br />

alteração climática) e a resiliência geral consi<strong>de</strong>rando o sistema como um todo. Foram<br />

i<strong>de</strong>ntificados 10 possíveis limiares críticos (thresholds) ao nível biofísico, económico e<br />

social, que po<strong>de</strong>rão ocorrer em diferentes escalas, com efeitos cruzados entre eles, o<br />

que significa que a passagem <strong>de</strong>sses limites po<strong>de</strong>rá resultar em mudanças irreversíveis<br />

nos bens e serviços gerados pela região.<br />

Outros autores como Lebel et al. (2006) têm-se focado nos atributos da governança no<br />

sentido <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rem aumentar a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gerir a resiliência, focando-se no nível<br />

regional e salientando a importância da participação, as instituições policêntricas e<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> institucional. Sendo que as regiões estão muitas vezes expostas a choques<br />

económicos e <strong>de</strong>mográficos sobre os quais têm pouco controlo, o reforço da resiliência<br />

regional ten<strong>de</strong> a ser visto como forma <strong>de</strong> abordar problemas <strong>de</strong> curto prazo, numa<br />

perspectiva geradora <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> no longo prazo. Torna-se necessário explorar<br />

os principais atributos da governança regional – actores, cultura, políticas, instituições –<br />

no reforço da resiliência, permitindo i<strong>de</strong>ntificar pontos <strong>de</strong> intervenção, políticas e acções<br />

nesse sentido.<br />

3.1.2. Cida<strong>de</strong>s resilientes<br />

Pickett et al. (2004) propõem o conceito <strong>de</strong> cida<strong>de</strong> resiliente, salientando a importância<br />

<strong>de</strong> se reforçarem as ligações entre o urbanismo, o planeamento e a ecologia. Alberti et<br />

al. (2003) <strong>de</strong>finiram resiliência urbana enquanto o grau em que as cida<strong>de</strong>s são capazes<br />

<strong>de</strong> tolerar alterações antes <strong>de</strong> se reorganizarem à volta <strong>de</strong> um novo conjunto <strong>de</strong><br />

estruturas e processos. De acordo com o relatório Urban Resilience Research Prospectus<br />

(CSIRO, 2007), não está tanto em causa pensar a resiliência urbana no contexto <strong>de</strong><br />

resposta a um impacto, mas sim numa lógica <strong>de</strong> sistema com a sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

mudança e adaptação contínua, consi<strong>de</strong>rando os seus fluxos, as suas dinâmicas sociais,<br />

as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> governança, o ambiente biofísico, etc. As cida<strong>de</strong>s por vezes mudam mais<br />

<strong>de</strong>pressa do que a nossa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r os diferentes factores que<br />

influenciam essas mudanças, sendo muitas as forças na actualida<strong>de</strong> que actuam em<br />

diferentes sentidos e a várias escalas, o que dificulta a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> soluções para os<br />

mais diversos problemas (Redman e Jones, 2005; Colding, 2007).<br />

3.1.3. Comunida<strong>de</strong>s resilientes<br />

A Community and Regional Resilience Initiative (SERRI e CARRI, 2009) nos Estados<br />

Unidos é um programa que tem como objectivo <strong>de</strong> promover a preparação, resposta e<br />

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recuperação face a eventos catastróficos, que afectem comunida<strong>de</strong>s locais. Este<br />

programa visa <strong>de</strong>senvolver processos e instrumentos, com os quais as comunida<strong>de</strong>s<br />

possam estar melhor preparadas para suportar <strong>de</strong>sastres <strong>de</strong> origem humana ou natural,<br />

<strong>de</strong>senvolvendo uma abordagem colaborativa sobre a resiliência das comunida<strong>de</strong>s. Esta<br />

iniciativa abrange três comunida<strong>de</strong>s do Sul dos Estados Unidos, nomeadamente Gulfport,<br />

Mississippi; Charleston/Low Country, South Carolina; e Memphis, Tennessee.<br />

3.1.4. Zonas costeiras resilientes<br />

As zonas costeiras concentram gran<strong>de</strong> parte da população na maior parte dos países,<br />

sendo áreas especialmente vulneráveis face a perturbações naturais ou humanas,<br />

existindo muitos trabalhos <strong>de</strong> investigação que se focam sobre a resiliência <strong>de</strong>stes<br />

territórios. Por exemplo Cutter (2008) procurou avaliar a resiliência das comunida<strong>de</strong>s das<br />

zonas costeiras <strong>de</strong> Nova Jersey, <strong>de</strong>finindo um referencial <strong>de</strong> avaliação composto por<br />

quatro factores: vulnerabilida<strong>de</strong> social, ambiente construído e infra-estruturas, sistema<br />

natural e exposição a riscos, sua mitigação e planeamento, tendo integrado 104<br />

variáveis num sistema <strong>de</strong> informação geográfica. Colten et al. (2008) procuraram<br />

analisar e avaliar qualitativamente a resiliência <strong>de</strong> Nova Orleães face ao caso do furacão<br />

Katrina consi<strong>de</strong>rando quatro dimensões, nomeadamente a antecipação face a ameaças<br />

com riscos a múltiplos níveis, a resposta face às perturbações, a recuperação face aos<br />

<strong>de</strong>sastres ocorridos e a redução <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong>s face a novas ameaças. O estudo<br />

<strong>de</strong>ste caso permitiu retirar conclusões que ajudam as comunida<strong>de</strong>s a apren<strong>de</strong>r com o<br />

caso e a prepararem-se para novos acontecimentos.<br />

4. POLÍTICAS E PLANEAMENTO DE TERRITÓRIOS RESILIENTES<br />

Nos exemplos anteriores relativos às regiões, cida<strong>de</strong>s, comunida<strong>de</strong>s e zonas costeiras<br />

evi<strong>de</strong>nciou-se a procura <strong>de</strong> conhecimento e a investigação que tem vindo a ser feita<br />

neste domínio. No entanto, face a uma actualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> turbulência, os anos <strong>de</strong><br />

2008 e 2009 trouxeram um conjunto <strong>de</strong> exemplos em que territórios e suas<br />

administrações têm procurado actuar no sentido <strong>de</strong> gerir e aumentar a sua resiliência. A<br />

resiliência assume um carácter cada vez mais relevante em políticas e planos a várias<br />

escalas, surgindo mesmo instituições com competências no âmbito da resiliência<br />

territorial, como se verá nos exemplos seguintes, que são sobretudo oriundos <strong>de</strong> países<br />

como o Reino Unido, os Estados Unidos e a Austrália.<br />

O Conselho da Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Edimburgo (The City of Edinburgh Council, 2008) elaborou um<br />

Plano <strong>de</strong> Acção para a Resiliência Económica, em resposta ao contexto <strong>de</strong> crise global<br />

cujos impactos se faziam sentir na cida<strong>de</strong> ao nível económico, por exemplo em termos<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>svalorização das proprieda<strong>de</strong>s, pressões inflacionárias com impactos directos no


Territórios Resilientes enquanto Orientação <strong>de</strong> <strong>Planeamento</strong><br />

combustível e alimentação, abrandamento económico, encerramento <strong>de</strong> empresas,<br />

<strong>de</strong>spedimentos, aumento dos custos sociais, bem como outros impactos em sectores<br />

económicos importantes para a região (sector bancário e financeiro, turismo, imobiliário)<br />

e a ainda a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ace<strong>de</strong>r a crédito e financiamento externo que dificultam,<br />

atrasam e cancelam investimentos que <strong>de</strong>verão ser efectuados na região. O Plano <strong>de</strong><br />

Acção <strong>de</strong>finiu um conjunto <strong>de</strong> medidas em quatro eixos: 1) combater os efeitos da<br />

inflação nos combustíveis, energia e custos <strong>de</strong> alimentação com o objectivo <strong>de</strong> atingir<br />

poupanças em pelo menos 10%; 2) Combater os efeitos do abrandamento económico,<br />

quebra nos negócios e <strong>de</strong>semprego; 3) Acções específicas nos vários sectores <strong>de</strong><br />

activida<strong>de</strong>; 4) Respostas à falta <strong>de</strong> crédito financeiro.<br />

A Região <strong>de</strong> Yorkshire utilizou enquanto instrumento <strong>de</strong> gestão o “Índice <strong>de</strong> Resiliência<br />

Económica” que foi aplicado às áreas geográficas <strong>de</strong> Hull and Humber Ports City e a<br />

Sheffield City Region, tendo como objectivo o reforço das economias locais. O estudo que<br />

<strong>de</strong>senvolveram neste sentido procurou i<strong>de</strong>ntificar lições <strong>de</strong> outros momentos <strong>de</strong> crise, <strong>de</strong><br />

modo a contribuir para uma maior resiliência da sua economia. O “Índice <strong>de</strong> resiliência<br />

económica” (Ekogen, 2009) foi aplicado em 13 cida<strong>de</strong>s-região <strong>de</strong> Inglaterra com o<br />

objectivo <strong>de</strong> reflectir a robustez das economias locais, incluindo indicadores em seis<br />

domínios: a diversificação sectorial, a força <strong>de</strong> trabalho, as empresas, o mercado <strong>de</strong><br />

trabalho, as infra-estruturas e a escala / proximida<strong>de</strong> aos mercados. O Índice procurava<br />

<strong>de</strong>terminar quais as áreas que estavam em melhor condição para suportar (to cope) o<br />

<strong>de</strong>teriorar das condições económicas e quais estavam sob maior risco. O foco estava por<br />

isso colocado em aspectos como a diversificação da base económica e as qualificações da<br />

força <strong>de</strong> trabalho. Salientam que em momento <strong>de</strong> crise e recessão económica todas as<br />

áreas enfrentam pressões com impactos negativos, sendo que até as economias locais<br />

mais resilientes se contraem.<br />

A Assembleia Regional <strong>de</strong> South East of England encomendou um estudo “Indicadores <strong>de</strong><br />

Resiliência face às alterações climáticas” (Sivell et al. 2008) com o objectivo <strong>de</strong> contribuir<br />

para uma maior adaptabilida<strong>de</strong> da região às alterações climáticas, visando conhecer a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resiliência do sistema regional. O estudo enfatiza que não há uma medida<br />

absoluta para avaliar a resiliência, sendo esta relativa às condições para as quais se está<br />

a preparar. A abordagem que <strong>de</strong>finiram passou pela <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> indicadores<br />

correspon<strong>de</strong>ntes às dimensões <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> – ambiental, económico, social – que<br />

permitissem avaliar a resiliência da região, tendo sido <strong>de</strong>finido um sistema <strong>de</strong> pontuação<br />

<strong>de</strong> 1 a 5 e cuja pon<strong>de</strong>ração <strong>de</strong>corria da média obtida no conjunto das variáveis em cada<br />

dimensão.<br />

A região australiana da Gran<strong>de</strong> Wellington (Greater Wellington Regional Council, 2009)<br />

<strong>de</strong>senvolveu um plano <strong>de</strong> 10 anos (2009-2019) em que <strong>de</strong>dica uma secção à resiliência<br />

<strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>Prospectiva</strong> e <strong>Planeamento</strong> e Relações Internacionais<br />

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regional quando aborda o <strong>de</strong>senvolvimento regional sustentável, sobretudo face aos<br />

<strong>de</strong>safios da crise económica global, das alterações climáticas e da procura energética.<br />

A Parceria London Resilience (2009) é talvez o principal exemplo <strong>de</strong> uma abordagem<br />

institucional e operacional à gestão da resiliência num território, preocupando-se com o<br />

impacto das perturbações sobre a vida dos resi<strong>de</strong>ntes, das empresas e dos visitantes.<br />

Esta parceria institucional é formada pelas organizações chave da capital inglesa, sendo<br />

li<strong>de</strong>rada pelo Gabinete Governamental <strong>de</strong> Londres, incluindo serviços <strong>de</strong> segurança,<br />

bombeiros, transportes, economia, entre muitos outros, on<strong>de</strong> também se <strong>de</strong>staca o<br />

envolvimento da comunida<strong>de</strong> empresarial. O objectivo tem sido o <strong>de</strong> construir e testar<br />

<strong>de</strong> planos <strong>de</strong> emergência no sentido <strong>de</strong> manter a cida<strong>de</strong> segura para viver, trabalhar e<br />

visitar (cada uma <strong>de</strong>stas três vertentes tem actuações <strong>de</strong>dicadas). Preten<strong>de</strong>-se preparar<br />

Londres para lidar com as consequências <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s incêndios, inundações, falhas <strong>de</strong><br />

energia, epi<strong>de</strong>mias ou actos <strong>de</strong> terrorismo. Em termos <strong>de</strong> negócios é incentivada a<br />

criação <strong>de</strong> planos <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong>, que estabelecem um conjunto <strong>de</strong> orientações sobre o<br />

que por exemplo as empresas <strong>de</strong>vem fazer e o que não fazer durante uma crise. Há aqui<br />

uma perspectiva estratégica e integrada que vai muito para além da protecção civil e da<br />

salvaguarda <strong>de</strong> vidas e bens. Este é um exemplo institucional que também reflecte um<br />

gran<strong>de</strong> empenho e preocupação com as potenciais ameaças que po<strong>de</strong>rão surgir.<br />

Em breve estas iniciativas que são precursoras <strong>de</strong>verão ser generalizadas e aplicadas em<br />

muitos outros países, regiões e cida<strong>de</strong>s, à medida que se vai compreen<strong>de</strong>ndo a<br />

importância estratégica do conceito <strong>de</strong> resiliência. Se recentemente as palavras<br />

sustentabilida<strong>de</strong>, competitivida<strong>de</strong> ou coesão estiveram no “top” dos “soundbytes”<br />

políticos, muito em breve acontecerá o mesmo com a palavra resiliência,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente das pessoas e instituições saberem ou não o que ela significa, <strong>de</strong><br />

on<strong>de</strong> vêm e como po<strong>de</strong>rá ser aplicada. Compreen<strong>de</strong>r o conceito <strong>de</strong> resiliência e promover<br />

a sua aplicação aos processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento assume especial relevância em<br />

matéria <strong>de</strong> política e planeamento, existindo um longo caminho a explorar nesse sentido.<br />

5. CONSTRUIR REFERENCIAIS RESILIENTES (FRAMEWORKS)<br />

Construir territórios mais resilientes po<strong>de</strong> ser um caminho para estimular trajectórias <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento mais sustentáveis e mais preparadas para lidar com as gran<strong>de</strong>s<br />

tendências evolutivas e os seus impactos. Neste sentido são necessárias abordagens<br />

conceptuais e instrumentais que permitam pensar os territórios e os processos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento sob o foco da resiliência, enquanto capacida<strong>de</strong> estratégica para se<br />

adaptarem e fazerem face a contextos <strong>de</strong> crise e perturbação, contribuindo <strong>de</strong>sta forma<br />

para uma maior sustentabilida<strong>de</strong>. E esta é a essência da questão central da investigação<br />

mais vasta que está subjacente a este artigo. A tese <strong>de</strong> doutoramento “Resiliência<br />

estratégica para um <strong>de</strong>senvolvimento regional sustentável – Uma abordagem integrada e


Territórios Resilientes enquanto Orientação <strong>de</strong> <strong>Planeamento</strong><br />

aplicada à Região do Alentejo” (em <strong>de</strong>senvolvimento e a ser apresentada na Faculda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Ciências e Tecnologia da Universida<strong>de</strong> Nova <strong>de</strong> Lisboa) tem tido como objectivo a<br />

construção <strong>de</strong> um referencial teórico e metodológico que permita a aplicação da<br />

resiliência ao planeamento e <strong>de</strong>senvolvimento regional.<br />

Foi concebida uma proposta <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> “SPARK – acrónimo <strong>de</strong> Strategic Planning<br />

Approach for Resilience Keping” que foi aceite e será publicada na revista internacional<br />

European Planning Studies (Santos e Partidário, 2010), com o objectivo <strong>de</strong> fornecer um<br />

referencial teórico e metodológico para aplicação do conceito <strong>de</strong> resiliência, tendo<br />

sobretudo em conta a problemática do <strong>de</strong>senvolvimento regional. No âmbito da mesma<br />

investigação estão para publicação outros trabalhos, entre eles o Capitulo “Planning for<br />

resilience: the quest of learning and adaptation” no livro “Vulnerability and Resilience of<br />

Land Systems in Asia” (Global Land Project / IHDP). A nível nacional encontra-se em<br />

publicação na Revista Portuguesa <strong>de</strong> Estudos Regionais o artigo “Resiliência estratégica<br />

para um <strong>de</strong>senvolvimento regional sustentável”.<br />

A investigação que tem vindo a ser <strong>de</strong>senvolvida tem permitido pensar o que po<strong>de</strong>ria ser<br />

feito em Portugal, no sentido <strong>de</strong> se ganhar maior conhecimento e experiência no domínio<br />

da resiliência territorial. Propõe-se neste âmbito a criação <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong>nominado<br />

“Territórios Resilientes” com os objectivos <strong>de</strong> conhecer, avaliar e actuar no sentido do<br />

reforço da resiliência em regiões, cida<strong>de</strong>s e comunida<strong>de</strong>s locais, contribuindo para uma<br />

maior capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação face a contextos <strong>de</strong> turbulência e perturbação. A Agenda<br />

Programática “Territórios Resilientes” que se propõe po<strong>de</strong>ria assentar em 7 linhas <strong>de</strong><br />

orientação, com acções específicas em cada uma <strong>de</strong>las:<br />

1. Formação e capacitação – acção <strong>de</strong> formação avançada em “Territórios resilientes”<br />

com o objectivo <strong>de</strong> capacitar os públicos-alvo para conhecer e aplicar os conceitos<br />

associados.<br />

2. Comunicação e divulgação – criação <strong>de</strong> portal <strong>de</strong> internet que permita a divulgação<br />

<strong>de</strong> conteúdos como conceitos, casos <strong>de</strong> aplicação, boas práticas, links, etc.; organização<br />

<strong>de</strong> eventos subordinados ao tema (conferências, workshops).<br />

3. Avaliação e quantificação – construção <strong>de</strong> índices <strong>de</strong> resiliência territorial<br />

vocacionados para a realida<strong>de</strong> portuguesa, com escolha <strong>de</strong> indicadores a<strong>de</strong>quados e com<br />

a aplicação a diferentes escalas e sistemas (regiões NUTS2 e NUTS3, municípios).<br />

4. Políticas, planeamento e prospectiva – aplicação da resiliência e <strong>de</strong> outros<br />

conceitos associados (vulnerabilida<strong>de</strong>, adaptação, thresholds, etc.) à formulação <strong>de</strong><br />

políticas e ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> planeamento e prospectiva, usando por<br />

exemplo como referência a proposta SPARK – Strategic Planning Approach for Resilience<br />

Keeping.<br />

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5. Integração e associação – em re<strong>de</strong>s internacionais que se focam sobre a resiliência<br />

(como por exemplo a The Resilience Alliance ou a Research Network on Building Resilient<br />

Regions) com o objectivo <strong>de</strong> criar sinergias e reforçar as competências nesta matéria.<br />

6. Investigação e inovação – este é um tema que carece maior conhecimento e<br />

aprofundamento, especialmente numa perspectiva <strong>de</strong> aplicação à realida<strong>de</strong> portuguesa,<br />

po<strong>de</strong>ndo ser <strong>de</strong>finida uma agenda com priorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> investigação e inovação a serem<br />

partilhadas por instituições nacionais <strong>de</strong> diferentes vocações disciplinares.<br />

7. Instituições e competências – torna-se também necessário reflectir sobre as<br />

potenciais abordagens institucionais em matéria <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação, competências e<br />

atribuições no sentido <strong>de</strong> gerir a resiliência dos territórios, enfatizando que há questões<br />

<strong>de</strong> cariz estratégico, que envolvem vários domínios pois uma crise po<strong>de</strong> ter origens e<br />

impactos a múltiplos níveis.<br />

Estas são apenas algumas linhas <strong>de</strong> proposta e reflexão sobre um potencial programa<br />

“Territórios Resilientes”, enfatizando-se a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que são necessários em Portugal<br />

referenciais teóricos, metodológicos, políticos e operacionais, sobre como gerir a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resiliência <strong>de</strong> forma estratégica e <strong>de</strong> forma adaptada às especificida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

cada território.<br />

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Em teoria territórios resilientes são territórios menos vulneráveis e mais preparados para<br />

lidar com a mudança, com a complexida<strong>de</strong>, com crises e perturbações múltiplas (<strong>de</strong><br />

carácter económico, ambiental, tecnológico, social ou político), evitando disrupções e<br />

colapsos, sendo por isso mais sustentáveis no longo prazo. Territórios resilientes têm<br />

uma maior capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação, <strong>de</strong> antecipação, <strong>de</strong> aprendizagem (especialmente<br />

organizacional e social), <strong>de</strong> auto-organização em função <strong>de</strong> choques externos, <strong>de</strong><br />

geração <strong>de</strong> confiança e criação <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s formais e informais, sendo mais flexíveis do<br />

ponto <strong>de</strong> vista institucional e menos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> uma trajectória evolutiva <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento (path <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ncy), porventura geradora <strong>de</strong> bloqueios estruturais (lock<br />

ins), que <strong>de</strong>pois condicionam a sua adaptabilida<strong>de</strong>.<br />

Passa a estar implícita a intervenção no sentido <strong>de</strong> construir ou gerir a resiliência <strong>de</strong> um<br />

território e do seu respectivo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, sobretudo com recurso a<br />

políticas e planeamento. Assume-se uma perspectiva <strong>de</strong> aplicação estratégica em relação<br />

à resiliência, o que implica a sua compreensão num contexto <strong>de</strong> planeamento, que<br />

também tem vindo a evoluir na direcção <strong>de</strong> algumas dimensões que são intimas à<br />

resiliência, especialmente a adaptação, a aprendizagem (individual, organizacional,<br />

social), a antecipação, a inovação e a comunicação.


Territórios Resilientes enquanto Orientação <strong>de</strong> <strong>Planeamento</strong><br />

O que está em causa é pensar, preparar e adaptar os nossos territórios e populações a<br />

cenários <strong>de</strong> turbulência que se po<strong>de</strong>rão agravar. São múltiplas as instituições<br />

internacionais que estão preocupadas com o que po<strong>de</strong>rá acontecer nos próximos anos,<br />

ignorando “sinais <strong>de</strong> recuperação” <strong>de</strong> analistas que apren<strong>de</strong>ram a analisar a realida<strong>de</strong><br />

numa perspectiva imediatista <strong>de</strong> curto prazo, quando muitos dos problemas actuais e<br />

futuros são estruturais e <strong>de</strong> longo prazo. Por diversas razões é possível e plausível<br />

consi<strong>de</strong>rar que em futuros próximos po<strong>de</strong>rão ocorrer situações <strong>de</strong> escassez <strong>de</strong><br />

combustível (mais prolongadas), motins sociais (por exemplo face ao novo agravamento<br />

do preço dos combustíveis, alimentos e crédito financeiro), situações <strong>de</strong> escassez <strong>de</strong><br />

bens alimentares <strong>de</strong>vido a roturas nas ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> abastecimento, aumento dos custos<br />

dos factores <strong>de</strong> produção na agricultura, catástrofes naturais pontuais (ex. inundações)<br />

ou permanentes (ex. subida do nível das águas do mar, agravamento da <strong>de</strong>sertificação<br />

do interior), encerramento em ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s industriais (ex. sector automóvel),<br />

entre muitas outras perturbações que se po<strong>de</strong>rão conjugar e ter efeitos em cascata.<br />

Por outro lado é também necessário ter bem presente que uma administração altamente<br />

centralizada, burocrática e <strong>de</strong>bilitada (por exemplo do ponto <strong>de</strong> vista financeiro face ao<br />

agravamento das contas públicas), não é certamente a mais a<strong>de</strong>quada à resolução <strong>de</strong><br />

problemas que se passam a outras escalas. Por exemplo as regiões portuguesas (Norte,<br />

Centro, Lisboa, Alentejo, Algarve, Açores, Ma<strong>de</strong>ira) têm diferenças significativas em<br />

matéria <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, <strong>de</strong> recursos, <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s económicas, <strong>de</strong><br />

vulnerabilida<strong>de</strong>s ambientais e sociais, carecendo <strong>de</strong> respostas próximas e adaptadas às<br />

suas realida<strong>de</strong>s. O patamar regional em Portugal continua a ser um longo braço da<br />

administração central, apesar dos esforços que têm existido no sentido <strong>de</strong> combater a<br />

“esquizofrenia territorial” e concentrar serviços e administrações à mesma escala NUTS2.<br />

Em Portugal o estigma da regionalização tem impedido uma reflexão séria sobre como<br />

gerir e administrar o território nacional, quando é cada vez mais critico que as regiões<br />

portuguesas tenham li<strong>de</strong>ranças fortes e reconhecidas à frente dos seus mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento.<br />

As cida<strong>de</strong>s e as áreas metropolitanas têm também um conjunto <strong>de</strong> <strong>de</strong>safios ligados aos<br />

seus ambientes urbanos (sistemas <strong>de</strong> transportes, habitação, abastecimento energético,<br />

tecido empresarial, apoio social) tendo especificida<strong>de</strong>s próprias e que em caso <strong>de</strong><br />

perturbação <strong>de</strong>verão reagir <strong>de</strong> forma integrada e coor<strong>de</strong>nada. Certamente que o<br />

exemplo <strong>de</strong> Londres apresentado anteriormente <strong>de</strong>verá servir <strong>de</strong> reflexão para as Áreas<br />

Metropolitanas <strong>de</strong> Lisboa e Porto, que possuem contingências semelhantes enquanto<br />

principais pólos urbanos nacionais. Em matéria <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação e articulação haveria<br />

certamente muito a apren<strong>de</strong>r e melhorar, num país em que por exemplo as Juntas<br />

Metropolitanas são figuras <strong>de</strong> segundo plano, sempre secundarizadas perante as agendas<br />

municipais e as geometrias político-partidárias. Do ponto <strong>de</strong> vista institucional, e face a<br />

problemas complexos que muitas das vezes ultrapassam limites administrativos, é<br />

<strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>Prospectiva</strong> e <strong>Planeamento</strong> e Relações Internacionais<br />

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essencial conseguir trabalhar problemas e soluções <strong>de</strong> forma conjunta, seja na resposta<br />

a um acontecimento natural, a uma crise económica ou a uma tensão social. São muitos<br />

os agentes que têm <strong>de</strong> ser conjugados nestes contextos <strong>de</strong> turbulência, em que o que<br />

interessa não é saber o que irá acontecer, mas sim estar preparado para o que po<strong>de</strong>rá<br />

acontecer.<br />

A resiliência é, sobretudo, uma forma <strong>de</strong> pensar e planear o futuro numa lógica <strong>de</strong><br />

adaptação e valorização dos territórios. Importa começar a construir referenciais nesta<br />

matéria, no sentido <strong>de</strong> uma eficaz aplicação <strong>de</strong>stas teorias, que em muitos países,<br />

regiões e cida<strong>de</strong>s, ten<strong>de</strong>m a passar à prática. Este artigo preten<strong>de</strong> contribuir para uma<br />

reflexão neste domínio e apontar linhas <strong>de</strong> investigação e aplicação.<br />

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