JORGE MEDAUAR - O Homem que Sabia - Emanuel Pimenta
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<strong>JORGE</strong> <strong>MEDAUAR</strong><br />
o homem <strong>que</strong> sabia demais<br />
8<br />
emanuel dimas de melo pimenta<br />
Para sempre, neste exato momento.<br />
Aqui, não me importam as regras, nem a rígida régua da memória precisa, dos dados<br />
cartoriais.<br />
O <strong>que</strong> importa, aqui, é o vento – a Natureza, e a vida e o tempo.<br />
Natureza <strong>que</strong> é o humano, antes de qual<strong>que</strong>r outra coisa – e humano <strong>que</strong> é tudo.<br />
Linguagem.<br />
Invenção.<br />
Livre, com todos os erros, mistérios, imprecisões.<br />
Enigmático fenômeno <strong>que</strong> somos todos nós.<br />
Quando eu era menino, todas as semanas, havia um mágico encontro na casa do<br />
Jorge Medauar.<br />
Lá, conheci um sem número de pessoas.<br />
Dona Odete preparava as mais deliciosas iguarias.<br />
E a noite era vencida, mergulhando, todos, nos desígnios traçados por Camões,<br />
Machado de Assis, <strong>Emanuel</strong> Kant, Claude Debussy, James Joyce, Guimarães Rosa, Villa-Lobos,<br />
Gershwin, Kennedy ou Churchill, a mágica Suméria, Egito, Japão, Sócrates ou Bashô.<br />
Lá todas as nações, todas as raças e todas as crenças eram uma só.<br />
Então, todas as almas estavam mais <strong>que</strong> vivas.<br />
Sempre.<br />
Éramos todos nós.<br />
Até <strong>que</strong> o céu manchava de luz os copos, pratos, livros e mais livros, quadros, e<br />
lembrávamos <strong>que</strong>, infelizmente, chegava a hora de ir para casa.<br />
De lá para cá, durante mais de trinta anos, o Jorge me ensinou a escrever, a pensar,<br />
penetrar pelas sendas de um vinho honesto e conhecer a estranha e misteriosa textura de<br />
vida guardada pelos antigos gregos, como um bom livro, ler, ouvir, olhar e ver, respirar.<br />
Economia.<br />
Dizer tudo isso ao reafirmar, vezes sem fim, o carinho e o amor por um <strong>que</strong>rido<br />
irmão.<br />
<strong>Emanuel</strong> Dimas de Melo <strong>Pimenta</strong><br />
Lisboa, Portugal. 2003