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JORGE MEDAUAR - O Homem que Sabia - Emanuel Pimenta

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<strong>JORGE</strong> <strong>MEDAUAR</strong><br />

o homem <strong>que</strong> sabia demais<br />

1<br />

À lista, apressado, tratei de acrescentar Juan Rulfo.<br />

emanuel dimas de melo pimenta<br />

Ainda vivo, o misterioso cavalo de Pedro Páramo vagava vigorosamente pelos meus<br />

sonhos.<br />

- Você conhece a obra dele?<br />

Jorge tinha estado pessoalmente com Rulfo, pouco antes da prematura morte do escritor<br />

mexicano, ainda na década de 1970, quando passou por São Paulo.<br />

E Max Erlich, <strong>que</strong> também pertencia à minha mágica constelação de sonhos, para não<br />

deixar de referir Hermann Hesse e, entre tantos, o seu encantador Jogo das Contas de<br />

Vidro.<br />

Algumas semanas mais tarde eu lhe ofereci A Reencarnação de Peter Proud, de Max<br />

Erlich, <strong>que</strong> ele ainda não tinha lido.<br />

A<strong>que</strong>le ar <strong>que</strong> respirávamos me impediu de es<strong>que</strong>cer a Arte Cavalheiresca do Ar<strong>que</strong>iro<br />

Zen, de Eugen Herrigel...<br />

Emergiu a grata sensação de <strong>que</strong>, afinal, não tínhamos uma grande diferença de idade.<br />

Éramos de um mesmo universo, como se nos conhecêssemos há séculos.<br />

- Basta!... não diga mais qual<strong>que</strong>r coisa.<br />

Levantou-se bruscamente e disse apenas <strong>que</strong> eu deveria me dedicar ao trabalho, <strong>que</strong> eu<br />

teria um bom futuro... coisas <strong>que</strong> se diz vulgarmente em momentos de despedida.<br />

Ainda, quase saindo, acrescentou <strong>que</strong> alguém entraria em contato comigo.<br />

E ponto final.<br />

O contato, naturalmente, seria outra pessoa. Algum funcionário da sua agência.<br />

Despediu-se.<br />

Deu outro pe<strong>que</strong>no sorriso, torcendo ligeiramente o canto da boca.<br />

Quando fazia isso – eu viria a aprender mais tarde – era por<strong>que</strong> estava feliz.

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