22.04.2013 Views

Mulheres_na_Antiguidade

Mulheres_na_Antiguidade

Mulheres_na_Antiguidade

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

MULHERES NA ANTIGUIDADE - NEA/UERJ<br />

Este artigo busca investigar os episódios e formas pelas quais<br />

Medeia adquiriu os drakōn e as serpentes, para entender os contextos e<br />

significações de tais aquisições. A maioria das evidências principais é<br />

iconográfica. 85<br />

1. A carruagem de dragões<br />

A primeira associação que podemos fazer entre Medeia e serpentes<br />

ou dragões remonta a cerca de 530 a.C. Esta é a data de uma série<br />

distinta de quatro lekythoi áticos, um dos quais possui uma inscrição com<br />

o nome Medeia ( nós, talvez, não seríamos capazes de identificá-la de<br />

outra forma). Esses lekythoi são decorados com um busto feminino de<br />

perfil localizado entre um par de serpentes com barbas e de bocas<br />

abertas. 86 Se estas, por sua vez, pudessem ser relacio<strong>na</strong>das com alguma<br />

outra representação da tradição de Medeia, então, certamente, seria com<br />

aquelas relativas ao par de serpentes aladas que puxam a carruagem <strong>na</strong><br />

qual ela escapou de Corinto, primeiramente atestadas em c. 400 a.C., em<br />

vasos. É válido notar que uma descrição dessa mesma ce<strong>na</strong>, contida em<br />

um vaso de c. 330 a.C. de Canosa di Puglia, mostra a carruagem em<br />

movimento com Medeia em pé, entre um par de serpentes que olham<br />

para ela, de modo muito semelhante. 87 Por isso, inclino-me a acreditar<br />

que as imagens de c.530, de fato, façam alusão ao episódio da carruagem.<br />

Contudo, se dissociarmos os lekythoi do episódio da carruagem,<br />

resta-nos pouco para contextualizá-los. Direcio<strong>na</strong>r, ainda, o olhar sobre a<br />

então conhecida ‗deusa serpente‘ minoa<strong>na</strong>, que segura serpentes em cada<br />

uma de suas mãos, seria um caso de trocar o obscurum per obscurius (o<br />

obscuro pelo mais obscuro). Ainda que certas conexões a níveis<br />

85 Para discussões gerais a respeito da tradição de Medeia, conferir Heydemann<br />

1986, Jessen 1914, Séchan 1927, Lesky 1931, Simon 1954, Tupet 1976,<br />

Zinserling-Paul 1979, Meyer 1980, Belloni 1981, Braswell 1988:6-23, Vojatzi<br />

1982, Neils 1990, Parry 1992, Schmidt 1992, Gantz 1993:358-73, Halm-<br />

Tisserant 1993, Moreau 1994, Clauss e Johnston 1997, Corti 1998, Gentili e<br />

Perusino 2000, Moreau e Turpin 2000:ii, 245–333 (especialmente, Gaggadis-<br />

Robin 2000), Mastro<strong>na</strong>rde 2002:44-57, Griffiths 2006, Ogden 2008:27-38,<br />

2009:78-93, 312-15, Candido 2010.<br />

86 LIMC Medeia 3-6.<br />

87 LIMC Medeia 29.<br />

95

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!