22.04.2013 Views

Mulheres_na_Antiguidade

Mulheres_na_Antiguidade

Mulheres_na_Antiguidade

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

MULHERES NA ANTIGUIDADE - NEA/UERJ<br />

Nos primeiros anos do principado de Augusto, a imagem de Lívia,<br />

a pudica e reservada mulher do imperador que dedicava seus dias a fiar<br />

os mantos do seu dominus, será apresentada como o oposto de Clodia,<br />

―perpétuo escândalo‖, ―Medéia do Palatino‖. Ovídio fez do relato políticoreligioso<br />

de Claudia Quinta a ocasião de uma acclamatio bem-sucedida,<br />

resultando num milagre. Segundo R. J. Littlewood, Ovídio exaltava,<br />

assim, a Lívia e a seu filho Tibério, também ligados à gens Claudia,<br />

tor<strong>na</strong>da modelo de virtudes por seu marido e pai adotivo, Augusto. E tal<br />

tema disseminou-se rapidamente, seguindo os passos da ascensão da gens<br />

Claudia no principado 80, contribuindo significativamente para o<br />

conservadorismo moral do principado e de seus porta-vozes.<br />

Ressaltamos, então, a tese de Judith Butler do gênero como<br />

―performativo‖, ou seja, constituindo uma identidade proposta por um<br />

processo político e educacio<strong>na</strong>l, entendendo-o como uma construção<br />

social, culturalmente contingente, e não como uma concretização de uma<br />

distinção ―biológica‖, e assumindo que ―verdades‖ sobre as diferenças entre<br />

mulheres e homens, são enraizadas no discurso e <strong>na</strong>s práticas sociais e<br />

culturais 81. Nas estruturas religiosas roma<strong>na</strong>s vemos uma hierarquia<br />

institucio<strong>na</strong>lizada, baseada em relações assimétricas de gênero, tanto em<br />

termos de organização institucio<strong>na</strong>l quanto de representação social.<br />

Assim, parafraseando P. Bourdieu, tais estruturas consagram a ordem<br />

(masculi<strong>na</strong>) desejada e imposta, ―trazendo-a à existência conhecida e<br />

reconhecida, oficial‖ 82.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

BAYET, J. La religion roma<strong>na</strong>, historia política e psicologica. Madrid: Ed.<br />

Cristandad, 1984<br />

BEARD, M. & NORTH, J. A. (ed.) Pagan Priests. Religion and Power in<br />

the Ancient World. London: Routledge and Kegan Paul, 1990<br />

80 LITTLEWOOD, R.J. Poetic Artistry and Dy<strong>na</strong>stic Politics: Ovid at the Ludi<br />

Megalensis, Fasti 4, 179-372. Classical Quarterly 31 (1981): 381-395.<br />

81 BUTLER, J. Gender Trouble: Feminism and Subversion of Identity (Thinking<br />

Gender) New York: Routledge, 1990:25.<br />

82 BOURDIEU, P. A domi<strong>na</strong>ção masculi<strong>na</strong>. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009:<br />

17.<br />

90

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!