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Mulheres_na_Antiguidade

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MULHERES NA ANTIGUIDADE - NEA/UERJ<br />

questões de temas da ―moralidade pública‖, com as leis relativas ao<br />

casamento e à vida familiar (e.g. lex Iulia de adulteriis).<br />

As novas disposições de Augusto sobre a moral e o casamento:<br />

a lex Iulia, relativa aos casamentos e que dispunha, entre outras coisas,<br />

sobre o novo casamento para as viúvas e divorciadas, com o qual era<br />

reformulado o costume da mulher uniuira (de um só homem). A mesma<br />

lei, como sabemos, criava incentivos aos casamentos que gerassem três<br />

ou mais filhos, e pe<strong>na</strong>lizava aos pais que impediam o casamento de seus<br />

filhos. A lex Iulia sobre o adultério, além disso, pe<strong>na</strong>lizava as relações<br />

extraconjugais da mulher, com o desterro, e dificultava o divórcio sob o<br />

pretexto de adultério.<br />

A restauração da urbs passava necessariamente pela instituição do<br />

casamento, tanto por motivos religiosos quanto econômicos. A exaltação<br />

da uirtus e da traditio como valores centrais se traduzia <strong>na</strong> necessidade de<br />

controle do elemento feminino, que deveria se vincular a um homem<br />

pelo casamento, numa espécie de ―administração do feminino‖ que<br />

surge como absolutamente necessária para a manutenção dos mores, a<br />

ponto de a legislação sobre o casamento reformular o costume de que a<br />

mulher deveria ―pertencer‖ a um único homem durante toda a sua vida, a<br />

fim de evitar as ―viúvas‖, ou seja, as mulheres sem marido. A legislação<br />

sobre o divórcio foi também um claro indício do objetivo de restauração<br />

da urbs, objetivo também buscado por meio de outros atos de governo:<br />

uma hierarquização rigorosa das classes sociais, a reorganização militar e<br />

fi<strong>na</strong>nceira etc.<br />

A família roma<strong>na</strong>, considerada pelos moralistas e pelo governo<br />

augustano em perigo de desintegração, o que era interpretado como um<br />

desequilíbrio do elemento feminino, deveria ser conservada mediante a<br />

restauração do casamento.<br />

A figura da matro<strong>na</strong> Claudia Quinta serviu a Cícero para<br />

construir uma argumentação baseada <strong>na</strong> ideia de uma radical oposição<br />

moral entre Claudia Quinta e Clodia Metelli, e conseguiu difamar a<br />

segunda. Retratada deste modo por Cícero, tornou-se o símbolo da<br />

―decadência moral‖ de fins da República roma<strong>na</strong> para tradição literária<br />

ocidental: a mulher livre e desregrada que dá vazão aos seus impulsos<br />

sexuais e que não obedece a ninguém senão a si mesma, desprezando<br />

seus ilustres antepassados, Ápio Claudio Censor e Claudia Quinta.<br />

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