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Mulheres_na_Antiguidade

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MULHERES NA ANTIGUIDADE - NEA/UERJ<br />

familiares ocorriam, presididos pelo paterfamilias (casamentos,<br />

manumissões, ritos de passagem à idade adulta etc.). Do paterfamilias, por<br />

exemplo, Paul Halsall diz:<br />

... sua masculinidade pública era definida por seus<br />

direitos de propriedade e seu papel como soldado,<br />

e ape<strong>na</strong>s ele era um cidadão completo. Sua<br />

masculinidade privada derivava de seu direito de<br />

gover<strong>na</strong>r sua mulher, seus filhos e seus escravos<br />

(patria potestas). O poder de agir em ambas as<br />

esferas, a pública e a privada, definia a identidade<br />

masculi<strong>na</strong>, apesar de, <strong>na</strong> prática, o poder absoluto<br />

do pai ser limitado de vários modos. E a exaltada<br />

ideologia da familia estimulava o culto da matro<strong>na</strong><br />

roma<strong>na</strong>, uma mulher que produzia filhos valorosos<br />

e lhes incutia os valores romanos 77 .<br />

A atitude recomendável do marido em relação à mulher era<br />

pautada <strong>na</strong> própria essência da uirtus que, como sabemos, tem a mesma<br />

raiz de uir (homem). A uirtus é, portanto, uma qualidade exclusivamente<br />

masculi<strong>na</strong>, significando o domínio que o homem tem sobre si mesmo. A<br />

mulher, por sua <strong>na</strong>tural falta de uirtus, e por sua consequente falta de<br />

domínio sobre si mesma, é considerada débil.<br />

Uma transformação do sistema familiar da elite roma<strong>na</strong> ocorrera<br />

com a expansão do Império. A antiga prática do acordo entre duas<br />

famílias pelo qual a mulher deixava a casa de seu pai e passava ao<br />

controle do marido, que adquiria o manus sobre ela, tendia a ser<br />

substituída por um sistema no qual a mulher retor<strong>na</strong>va à casa de seu pai<br />

uma vez por ano, preservando assim a ligação com sua família de origem<br />

e sua independência do marido em matéria de propriedade. Na verdade,<br />

sua propriedade mantinha-se no domus de origem. Esta mudança<br />

dificilmente teria correspondido a um processo de ―libertação femini<strong>na</strong>‖;<br />

tratava-se de um assunto do interesse dos homens de família, tangendo<br />

77 HALSALL, P. Early Western Civilization under the sign of Gender: Europe<br />

and the Mediterranean. In: MEDDE, T..A; WIESNER-HANKS, M.E. (edd.).<br />

A Companion to Gender History. The Blackwell Publishing Ltd. 2004: 293.<br />

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