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Mulheres_na_Antiguidade

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MULHERES NA ANTIGUIDADE - NEA/UERJ<br />

Esses textos e imagens nos permitem entrever como a imagem e o<br />

status das mulheres foram prescritos, idealizados ou vilipendiados através<br />

dos séculos, com a ênfase positiva <strong>na</strong> castidade femini<strong>na</strong>, exaltando a<br />

figura da matro<strong>na</strong>. Importa, agora, observar esta figura.<br />

A matro<strong>na</strong> roma<strong>na</strong> é uma figura que surge e tem o seu sentido<br />

dentro da instituição do casamento. A questão da mulher e do<br />

casamento exige um marco mais amplo para o seu estudo, tendo em<br />

conta sua relação com o religioso e o econômico, que são, ambos,<br />

aspectos centrais da reforma augusta<strong>na</strong>. A família patriarcal roma<strong>na</strong> era<br />

um agrupamento de pessoas livres e não livres 76, que implica<br />

propriedade e patrimônio, sem maiores considerações a laços<br />

sentimentais. Do mesmo modo, o laço religioso é o fundamento da<br />

família, e o casamento é a uma instituição estabelecida pela religião<br />

doméstica, instituição que significava a passagem da mulher de um culto<br />

– o da família de seu pai – a outro – o da família de seu marido. E a<br />

mulher, no casamento, garantia a continuidade, por meio da geração de<br />

filhos homens, do culto dos maiores. Do fundamento religioso do<br />

casamento se depreende a ênfase <strong>na</strong> desejada castidade femini<strong>na</strong>, que<br />

não corresponde à virgindade, e sim à proibição às mulheres do adultério<br />

e da poligamia, já que a matro<strong>na</strong>, por procriar filhos legítimos para a<br />

familia de seu marido, não podia pertencer a mais de um culto familiar. A<br />

sacralidade dessa instituição se manteve após a fundação e o<br />

desenvolvimento das instituições cívicas da urbs.<br />

A tradição da religio domestica, portanto, está <strong>na</strong> base do<br />

regramento romano de gênero, que teve um impacto direto em suas<br />

principais instituições. A casa familiar (domus) roma<strong>na</strong> é um santuário,<br />

com seus Lares e Pe<strong>na</strong>tes, no qual oficiava como sacerdote o paterfamilias.<br />

Em um altar (ara) de pedra, de forma quadrangular, próximo à lareira<br />

eram oferecidos os sacrifícios propiciatórios que estabeleciam as relações<br />

com os seres divinos e com os numi<strong>na</strong> dos antepassados, cujos restos<br />

repousavam em um sítio que <strong>na</strong> urbs encontrou lugar fora das casas.<br />

Com o passar do tempo, o lararium passou a ser o centro da religião<br />

doméstica, local no qual residia o Lar familiaris, e os principais ritos<br />

76 famuli, escravos, de onde deriva o nome família: ERNOUT; MEILLET, s.v.<br />

familia<br />

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