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Mulheres_na_Antiguidade

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MULHERES NA ANTIGUIDADE - NEA/UERJ<br />

ou vícios passados. A<strong>na</strong>lisar mitos é uma ação cujo interesse variou (e<br />

varia) ao longo dos tempos, e o mito é um objeto de pesquisa muito<br />

complexo. Há muito que avaliar, quando lidamos com um mito, além<br />

desta ser uma área de estudos <strong>na</strong> qual as crenças e ideologias pessoais<br />

costumam interferir com visível facilidade. Particularmente no caso dos<br />

mitos romanos, a própria crença de que os romanos não tiveram mitos<br />

além dos ―importados‖ da Grécia, ainda comum entre os próprios<br />

antiquistas, nos traz problemas suplementares. De fato, criou-se um<br />

consenso de que, após o fim da mo<strong>na</strong>rquia, os romanos teriam<br />

desconhecido ou repudiado o mito, que nos parece ser fruto da crença<br />

comum de que o mito é a antítese da história, numa visão hipercrítica<br />

moder<strong>na</strong>. Ao buscar uma compreensão menos superficial das estruturas<br />

político-religiosas roma<strong>na</strong>s, percebemos que esta visão moder<strong>na</strong> é, no<br />

mínimo, redutora, se não equivocada. Transformar dados da realidade<br />

vivida em mito é um traço fundamental da sociedade roma<strong>na</strong>, que<br />

podemos detectar em momentos diversos de sua trajetória no tempo e<br />

no espaço.<br />

Considerando que não houve, <strong>na</strong> sociedade roma<strong>na</strong>, uma<br />

separação entre o que seria o religioso e o que seria o político, temos que<br />

tudo o que seria (para nós) religioso tem implicações políticas, e tudo o<br />

que seria (para nós) político, tem sua tradução e expressão no plano<br />

religioso 34. E outro traço característico do sistema religioso romano é a<br />

presença de elementos que podemos denomi<strong>na</strong>r mágicos, a despeito da<br />

(moder<strong>na</strong>) distinção rígida entre religião e magia. Os atos rituais romanos<br />

são, grosso modo, um tipo de contrato firmado entre seres humanos e seres<br />

divinos, que têm de ser formulados e respeitados religiosamente 35. A<br />

34 cf. BELTRÃO, C. A Religião <strong>na</strong> urbs. In: MENDES, N.M.; SILVA,<br />

G.V.(orgs.) Repensando o Império Romano. Rio de Janeiro: Mauad X, 2006.<br />

35 Um aspecto importante da religião roma<strong>na</strong> está contido no significado do<br />

próprio termo religio. Em linhas gerais, podemos dizer que o vocábulo indica o<br />

sentido de ―constrangimento‖, ―impedimento‖ que, pela proibição ou pelo temor<br />

reverencial, se expressa como ―escrúpulo‖.cf. BELTRÃO, C. Considerações em<br />

torno de religio em suas manifestações literárias. In: LIMA, A. C. C.; TACLA, A.<br />

B. (org.) Experiências Politeístas. Cadernos do CEIA. Ano I, no. 1. Niterói:<br />

Centro de Estudos Interdiscipli<strong>na</strong>res da <strong>Antiguidade</strong> (CEIA/UFF), 2008.<br />

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