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Mulheres_na_Antiguidade

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MULHERES NA ANTIGUIDADE - NEA/UERJ<br />

mulheres de um discurso masculino a seu respeito. Segunda a autora,<br />

para a mélissa ateniense adequar-se a esse modelo garantia-lhes prestígio<br />

e diferenciação do restante das mulheres, tanto no espaço público<br />

quanto no privado.<br />

Andréa Lisly Gonçalves (2006: 91) acentua que os estudos sobre<br />

mulheres durante longo tempo dedicaram-se à <strong>na</strong>rração biográfica de<br />

rainhas, princesas, entre outras notáveis, que se destacavam no campo<br />

político, ou seja, em uma esfera domi<strong>na</strong>da pelo masculino e às demais<br />

mulheres a historiografia concedia papel secundário. Hele<strong>na</strong> é uma<br />

rainha, rainha de Esparta, Menelau lá gover<strong>na</strong> por haver se casado com<br />

ela, mas não a vemos destacar-se no campo político, sua atuação está<br />

limitada, como dissemos anteriormente, ao espaço de atuação de uma<br />

boa esposa, ainda que tenha sido o motivo que levou à eclosão da<br />

Guerra de Tróia. No prólogo da peça são enumerados por Hele<strong>na</strong> os<br />

motivos para justificar a guerra, são eles: a disputa entre as três deusas<br />

pelo prêmio da beleza e o excesso de homens sobre a terra que a<br />

cansavam demasiadamente, para livrá-la desse mal Zeus arquitetou a<br />

guerra com a fi<strong>na</strong>lidade de obter uma redução demográfica. Hele<strong>na</strong>, é,<br />

portanto, o ponto focal do conflito, mas todo ele é parte de um conflito<br />

olímpico e obedece á necessidade de manutenção da ordem e<br />

estabilidade da terra.<br />

Hele<strong>na</strong>: A esses males juntaram-se os desígnios/ de Zeus, que<br />

ateou a guerra cruenta entre os Gregos e os Frígios infelizes,/ para livrar<br />

a nossa mãe, a terra,/ do fardo de uma multidão inútil. (EURIPIDES,<br />

Hele<strong>na</strong>, vs.50 a 54).<br />

Lidamos ainda com o fato de nosso objeto de estudo ser uma<br />

perso<strong>na</strong>gem mítica, o que nos leva à necessidade de entender a relação<br />

estabelecida entre a representação feita por Eurípides no teatro com a<br />

forma como essa sociedade lidava com estes perso<strong>na</strong>gens. Tragédias não<br />

são mitos, são ao contrário uma releitura específica de um período da<br />

história de Ate<strong>na</strong>s do fim do século VI ao V a.C.. Não devem ser vistas<br />

ape<strong>na</strong>s como uma nova versão de um mito, possuem sentido, intenção,<br />

estruturas próprias (VERNANT; VIDAL-NAQUET, 1999: 04)<br />

relacio<strong>na</strong>das ao contexto específico no qual os tragediógrafos<br />

produziram.<br />

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