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Mulheres_na_Antiguidade

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MULHERES NA ANTIGUIDADE - NEA/UERJ<br />

Menelau, com quem tem uma filha, Hermíone. Enquadra-se, portanto,<br />

no estatuto da mulher ateniense, - apesar de ser uma esparta<strong>na</strong>, está<br />

sendo representada por um ateniense - que baseia-se <strong>na</strong> exemplaridade<br />

doméstica. Seguindo a ordem dos deuses, do nomós e da physis uma boa<br />

esposa deve ser casta, silenciosa, dedicada à economia doméstica e ao<br />

cuidado dos filhos. Entre as próprias mulheres, segundo Andrade (2010:<br />

117), havia um par de opostos, sendo a mélissa, a boa esposa, a<br />

contraposição da mulher dotada de todos os atributos femininos como a<br />

sedução, emoção, ambigüidade de caráter, a astúcia.<br />

A mulher virtuosa deveria negar sua feminilidade. Hele<strong>na</strong>,<br />

porém, acumulava ambas as características, ainda que a contragosto, pois<br />

a vemos amaldiçoar e negar sua beleza por ter sido a causadora de tanto<br />

sofrimento. Como se pode ver nos versos abaixo:<br />

Hele<strong>na</strong>: Não houve outra mulher, ou grega ou bárbara,/ de que<br />

houvesse <strong>na</strong>scido um ovo branco,/ como aquele do qual proveio a filha/<br />

de Zeus e Leda. Minha vida/ é maravilha, como tudo quanto/ me<br />

aconteceu; minha beleza e Afrodite/ causaram-me a desgraça. / Ao céu<br />

prouvesse/ que estes meus traços se apagassem, como/ as cores da<br />

pintura, e que a beleza/ cedesse em meu semblante, á fealdade!<br />

(EURIPIDES, Hele<strong>na</strong>, vs.349 a 359).<br />

No entanto, Hele<strong>na</strong> é ardilosa, astuciosa, e é graças a esses<br />

talentos que ela consegue elaborar o plano que a salvará juntamente com<br />

seu esposo Menelau do rancor que Teoclimeno, rei do Egito após a<br />

morte de Proteu, alimenta contra os gregos, especialmente, do marido<br />

daquela que deseja esposar. E estas características ela não renega e<br />

mesmo seu esposo não a censura, pois, parte dela o plano de salvação de<br />

ambos. Teonoe, irmã de Teoclimeno, não admira o estratagema de<br />

Hele<strong>na</strong>, porque estava envolvida nele e se comprometeria com seu<br />

Antestérias, as Pa<strong>na</strong>teneias e também as Tesmofórias, sendo que deste último<br />

ritual participavam somente as esposas legítimas (LISSARRAGUE, 1990). A<br />

presença da gyné gameté no âmbito religioso constituía um traço tão marcante<br />

<strong>na</strong> organização da pólis, que Zaidman (1990: 411) a denominou de cidadã<br />

cultual: ―(...) as mulheres a priori excluídas da vida política portanto do sacrifício, estão, no<br />

entanto integradas, por diversas formas, <strong>na</strong> vida religiosa da cidade, a ponto de se poder falar a<br />

seu respeito de „cidadania cultual‟ ‖. (FARIA, 2007: 211-212).<br />

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