22.04.2013 Views

Mulheres_na_Antiguidade

Mulheres_na_Antiguidade

Mulheres_na_Antiguidade

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

MULHERES NA ANTIGUIDADE - NEA/UERJ<br />

integrante do ciclo troiano, <strong>na</strong> sua dramaturgia trágica, mais<br />

especificamente, <strong>na</strong> tragédia Hele<strong>na</strong>, apresentada em 412 a.C.. Tendo em<br />

vista para este fim que não existe uma distinção universal, invariável,<br />

<strong>na</strong>tural entre as categorias homem e mulher, masculino e feminino,<br />

tratando-se antes de construções discursivas presentes em todas as<br />

esferas da experiência huma<strong>na</strong>, portanto, sendo também verificável <strong>na</strong><br />

manifestação da tragédia no espaço público de Ate<strong>na</strong>s e no discurso<br />

dramático trágico de Eurípides.<br />

Eurípides é o tragediógrafo grego que mais peças teve<br />

conservadas e costuma ser lembrado por apresentar <strong>na</strong> maioria de suas<br />

obras protagonistas femini<strong>na</strong>s, além de ser considerado o autor que<br />

elevou o gênero trágico ao seu ápice e esgotamento <strong>na</strong> Grécia. A peça<br />

Hele<strong>na</strong> é assi<strong>na</strong>lada por Albin Lesky (1990: 174) como uma construção<br />

atípica do tragediógrafo e que já caminha para a comédia nova por<br />

destoar da elaboração do trágico que leva à catarse do público assistente.<br />

Essas mulheres apresentadas no palco certamente nos permitem<br />

aproximar das mulheres contemporâneas aos escritores trágicos, uma vez<br />

que a tragédia é um texto que de maneira nenhuma pode ser visto<br />

separadamente do seu contexto de produção, exatamente como qualquer<br />

outra produção cultural, no entanto, se essa observação fazemos é<br />

devido á estreita vinculação do gênero com um determi<strong>na</strong>do momento<br />

da história de Ate<strong>na</strong>s e a vida desta cidade, ―a verdadeira matéria da tragédia<br />

é o pensamento social próprio da cidade‖ (VERNANT; VIDAL-NAQUET,<br />

1999: 03)<br />

A nosso ver Hele<strong>na</strong>, <strong>na</strong> obra homônima é um autêntico modelo<br />

da mélissa, da esposa legítima do cidadão ateniense. Casta, fiel,<br />

obediente. No entanto, Hele<strong>na</strong> possui atributos que a levam a manifestar<br />

um caráter ambíguo, pois, por mais casta que seja, é dotada de uma<br />

beleza sensual, sedutora, sem igual entre as mortais, que recebeu como<br />

herança de Zeus, seu pai.<br />

Estas características, Eurípides evidencia em Hele<strong>na</strong>. A<br />

protagonista é possuidora de um caráter respeitável, honesto, porém,<br />

ainda assim capaz de despertar paixões por onde passa. Páris, quando<br />

vida do além‖ (DETIENNE, 1998: 152) e é o filósofo que aponta Hesíodo e<br />

Homero como os construtores do edifício da ―mitologia‖.<br />

52

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!