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Mulheres_na_Antiguidade

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MULHERES NA ANTIGUIDADE - NEA/UERJ<br />

constitui-se, com seu grego macarrônico, interpolações judaicas e/ou<br />

cristãs e a confusão <strong>na</strong>s coleções de manuscritos, <strong>na</strong> figura mais notável<br />

<strong>na</strong> apocalíptica, juntamente com o visionário pseudônimo de 4Ezra.<br />

Falar da Sibila pode ajudar pouco a entender a mulher no cotidiano do<br />

mundo antigo, mas com certeza nos facilita o entendimento do que lhe<br />

era permitido dizer <strong>na</strong> qualidade de figura mítica.<br />

A mulher surge noutros apocalipses, não ape<strong>na</strong>s como elemento<br />

secundário mas por vezes essencial à trama: os apocalipses, ao contrário<br />

dos OrSib, constituem-se como <strong>na</strong>rrativas em prosa (ou com pouca<br />

interpolação de versos), mas por vezes as mulheres são as figuras<br />

centrais. Assim, no Livro etiópico de Enoch (1En), temos uma relação<br />

estreita das mesmas com os anjos que conspiraram contra Deus a fim de<br />

manterem relações com elas, as ―filhas dos homens‖ (1En 6-11) 367.<br />

Noutro pseudepígrafo notável, o Testamento de Ruben (Test12Rub),<br />

retomamos o tema enóquico com as mulheres como culpadas: elas é que<br />

teriam seduzido os anjos (Test12Rub 5 e em Tertuliano também 368).<br />

Há de se fazer uma ressalva - a de não confundir a Sibila dos<br />

OrSib com a figura mítica ―origi<strong>na</strong>l‖, por assim dizer. Os OrSib estão<br />

entre os mais compósitos dos textos religiosos sincréticos da<br />

Antigüidade e a Sibila, num certo sentido, não faz mais do que<br />

emprestar-lhes seu nome e fama (a exemplo de outros como Zoroastro,<br />

Hystaspes ou Apolo). Algumas palavras quanto à origem do perso<strong>na</strong>gem<br />

são convenientes, no entanto.<br />

Como observa Burkert, o fenômeno da profecia extática é<br />

observado bem antes no Antigo Oriente próximo do que <strong>na</strong> Grécia 369;<br />

nesse sentido, convém observar que de um lado as sibilas <strong>na</strong>da trazem de<br />

367 No Livro dos Jubileus (Jb) temos um quadro semelhante - o autor de Jb<br />

conhece a tradição dos ―Vigilantes‖, os anjos que pecaram contra a criação de<br />

Deus; mas considera que inicialmente os ―Vigilantes‖ haviam descido para<br />

ensi<strong>na</strong>r aos homens o que é certo, e não por luxúria (Jb 4:17-19). Para a tradição<br />

enóquica e as questões referentes às mulheres, recomendo James C.<br />

VanderKam. Enoch. A Man for all Generations. Columbia: University of South<br />

Caroli<strong>na</strong> Press, 1995. Pp.112 ss.<br />

368 De cultu femi<strong>na</strong>rum 1.3.<br />

369 Walter Burkert. Greek Religion. Cambridge, MA: Harvard University Press,<br />

1985. Pp.116-118.<br />

348

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