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Mulheres_na_Antiguidade

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MULHERES NA ANTIGUIDADE - NEA/UERJ<br />

uma divindade com variações e nuances regio<strong>na</strong>is 365 - sua presença<br />

colorida e viva no teto da Capela Sisti<strong>na</strong> basta para recordar a<br />

permanência de sua memória no Ocidente, embora no Oriente a Sibila<br />

também tenha tido uma longevidade textual comparável à sua lendária<br />

longevidade física), outro fator salta aos olhos do observador: entre os<br />

textos que podem ser agrupados com os demais apocalipses da<br />

Antigüidade (ainda que os OrSib tenham muitas características em<br />

comum com os apocalipses, desde temas até perso<strong>na</strong>gens), os OrSib são<br />

os que mais falam de sexo, casamento, compulsão profética como<br />

castigo - em suma, que tratam do fenômeno visionário em termos da<br />

sensibilidade femini<strong>na</strong>, aos olhos de um observador moderno.<br />

Faço a ressalva pelo fato de que não sabemos como essas<br />

características eram interpretadas <strong>na</strong> Antigüidade e no Medievo; para<br />

isso, teríamos de ter muito mais informações acerca das condições de<br />

leitura e consumo de livros no mundo antigo. E não dispomos, mas o<br />

simples fato dos OrSib terem sobrevivido tanto tempo (ainda que em<br />

organização precária de manuscritos 366), dão testemunho de uma coleção<br />

de textos estranha, pois:<br />

1- Servem-se da pseudepigrafia em nome de uma mulher;<br />

2- Falam abertamente de sexo e matrimônio;<br />

3- A ―pseudepigrafada‖ é uma figura pagã (<strong>na</strong>da de novo nisso - vide<br />

Hystaspes e Apolo, entre outros -, mas sua longevidade é<br />

surpreendente, como disse);<br />

Em suma, o uso do gênero feminino pode ter sido um pretexto,<br />

entre os autores antigos, para falar de coisas que não caberiam (por<br />

mentalidade ou impossibilidade biológica) <strong>na</strong> boca de outros heróis<br />

apocalípticos. Se não for exagerado, permito-me dizer que a Sibila<br />

365 Embora após Heráclides Pôntico - o primeiro a nomear uma ―sibila‖ como<br />

tal - já se possa afirmar que no séc.V a.C. o termo desig<strong>na</strong>sse uma figura<br />

profética ape<strong>na</strong>s. David S. Potter. Prophecy and History in the Crisis of the Roman<br />

Empire: a Historical Commentary on the Thirteenth Sibylline Oracle. Oxford: Clarendon<br />

Press, 1990. P.106.<br />

366 Nota com mss.<br />

347

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