22.04.2013 Views

Mulheres_na_Antiguidade

Mulheres_na_Antiguidade

Mulheres_na_Antiguidade

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

MULHERES NA ANTIGUIDADE - NEA/UERJ<br />

mendiga faminta (ptochós/ limothés) (Ibid, 1274) e chegou, segundo o poeta<br />

Ésquilo, a ser a segunda esposa (gyné) de Agamêmnon (Ibid, 1296;<br />

LESKY, 1996: 122). E não podemos esquecer que tanto para os troianos<br />

quanto para os argivos, ela era uma mulher estrangeira (xéne)<br />

(ÉSQUILO. Agamêmnon, 950). Clitemnestra chega a qualificá-la como<br />

uma bárbara. Além de ter também o epíteto de delirante e louca (phoitàs)<br />

(Ibid, 1273).<br />

Todos estes dados nos estimulam a pensar em uma questão:<br />

Clitemnestra assassinou Cassandra por esta ser uma ameaça ao seu<br />

poder. Mas como uma simples cativa poderia intimidar a sobera<strong>na</strong> de<br />

Argos? Cassandra reunia vários predicados que poderiam dificultar os<br />

planos da esposa de Agamêmnon. O primeiro era o de ter o dom<br />

concedido por Apolo: possuía a métis – inteligência e astúcia – que<br />

desvendava fatos passados e futuros dos Átridas. O segundo e, talvez o<br />

principal, a cativa passou a ser a companheira de Agamêmnon, uma rival<br />

de Clitemnestra. Ela era uma parte do géras – presente honorífico –<br />

concedido pelos companheiros de armas a Agamêmnon. Cassandra viva<br />

representava a glória – o kléos – do chefe argivo. Clitemnestra sabia que<br />

para não haver mais a memória de seu ex-esposo pelos corredores do<br />

palácio era necessário extermi<strong>na</strong>r fisicamente o ‗presente‘ de<br />

Agamêmnon. Contudo, o desfecho foi bem diferente e até hoje ficou em<br />

nossa memória os feitos do herói aqueu e os lamentos de Cassandra.<br />

DOCUMENTAÇÃO TEXTUAL<br />

AESCHYLUS. Agamemnon. Trad. H.Weir Smith. Cambridge: Harvard<br />

University Press. Loeb Classical Library Vol. II, 1995.<br />

ESCHYLE. Agamemnon. Trad. Émile Chambry. Paris: Garnier Frères,<br />

1964.<br />

EURIPIDE. Les Troyennes. Trad. Marie Delcourt-Curvers. Paris:<br />

Gallimard, 1962.<br />

HOMÈRE. Iliade. Trad. Paul Mazon. Paris: Gallimard, 1975.<br />

STRABON. Géographie. Trad. Raoul Baladié. Paris: Les Belles Lettres,<br />

Tome V, Livre VIII, 1978.<br />

32

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!