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Mulheres_na_Antiguidade

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MULHERES NA ANTIGUIDADE - NEA/UERJ<br />

(cf. ARNOLD, 1995: 153; SAÏD, 1985: 150). Contudo, acredito,<br />

também, que tais representações não eram completamente inventadas –<br />

elas se baseavam em uma realidade transmitida e transformada por<br />

indivíduos que não entendiam a dinâmica inter<strong>na</strong> das sociedades as quais<br />

retratavam (EHRENBERG, 1989: 152; WEELS, 2002: 109) e que<br />

manipulavam, ainda, tais construções devido a motivações das mais<br />

variadas 357. O que surge, portanto, é uma caricatura, e como todas as<br />

caricaturas, o estereótipo deve ser sempre generalizado, seletivo e<br />

exagerado, embora ainda tenha certa base <strong>na</strong> realidade (CUNLIFFE,<br />

2003: 11). Tentei, portanto, enfatizar que aos olhos do Mediterrâneo, os<br />

celtas são bárbaros por excelência e tal fato fica igualmente visível,<br />

inclusive, a partir do que os autores antigos descrevem sobre as<br />

interações entre gêneros nessas sociedades.<br />

Assim, espero ter sido capaz de chamar a atenção, indiretamente<br />

a partir de um estudo de caso específico – a representação das mulheres<br />

celtas nos textos gregos e latinos –, para a necessidade de entender-se a<br />

categoria ―gênero‖ como um constructo sociocultural, que possui<br />

variabilidades de acordo com o tempo, espaço e grupos sociais. Minha<br />

intenção de contribuição, ainda que peque<strong>na</strong> sob diversos aspectos, com<br />

este volume, resume-se, de certa forma, em uma tentativa de<br />

357 A partir de uma análise mais ampla, que busca, dentro de uma metodologia<br />

comparativa, fazerem dialogar documentos de diferentes <strong>na</strong>turezas (relatos<br />

clássicos, cultura material, documentação medieval irlandesa) em alguns casos,<br />

pode-se, mais efetivamente, observar haver um contraste nítido <strong>na</strong>s dinâmicas<br />

de papeis de gênero desempenhados por uma mulher gaulesa, por exemplo, em<br />

relação a uma esposa ateniense do Período Clássico ou, ainda, uma matro<strong>na</strong><br />

roma<strong>na</strong> e que, tais diferenças tão gritantes provavelmente causaram certo<br />

impacto entre os autores mediterrâneos não familiarizados com algumas<br />

instituições e práticas sociais. Consequentemente, parece ser possível<br />

argumentar que a maior diferença existente entre o mundo greco-romano e os<br />

celtas, nesse sentido, seja a variedade de papeis possíveis de serem<br />

desempenhados pelas mulheres bem como o modo como algumas mulheres<br />

específicas foram capazes de se inserir em espaços privilegiados e desempenhar<br />

funções, comumente, masculi<strong>na</strong>s, sem que isso, <strong>na</strong>turalmente, resulte em uma<br />

ginecocracia. (RANKIN, 2002: 147, 251, 253).<br />

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