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Mulheres_na_Antiguidade

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MULHERES NA ANTIGUIDADE - NEA/UERJ<br />

inclusive no que diz respeito à força física e coragem, não é, como<br />

muitos pensam, fruto de uma invenção romântica moder<strong>na</strong> – ao<br />

contrário, esse esteriótipo de representação tem suas origens <strong>na</strong> <strong>Antiguidade</strong>, em<br />

autores como, por exemplo, Diodoro da Sicília, Estrabão, Tácito,<br />

Plutarco, Amiano Marcelino, dentre outros. Em vez de buscar, nesses<br />

relatos, comprovações empíricas a respeito de como as relações de<br />

gênero se davam entre os celtas, gostaria de propor um esforço<br />

contrário: desenvolver uma análise crítica e problematizada a respeito<br />

dos discursos – entendidos aqui como práxis, ações sociais – criados no<br />

Mediterrâneo sobre tais mulheres.<br />

Logo, apresento algumas das questões cujo debate gostaria de<br />

poder estimular: como as mulheres celtas são representadas pelos<br />

autores antigos e, ainda, quais as relações entre tais discursos e as<br />

dinâmicas existentes entre o Mediterrâneo antigo e as comunidades<br />

celtas?<br />

As mulheres celtas nos textos gregos e latinos<br />

Devido ao fato de as sociedades da Europa da Idade do Ferro,<br />

comumente desig<strong>na</strong>das como celtas, não nos terem deixado registros<br />

escritos significativos – salvo algumas poucas inscrições em ocasiões<br />

particulares –, os relatos gregos e latinos apresentam-se a nós como<br />

importante corpus documental para o estudo daquelas populações. Esses<br />

textos, entretanto, como veremos a seguir, apresentam-nos, igualmente,<br />

algumas dificuldades e desafios singulares, em especial, devido ao fato de<br />

trazerem sempre um olhar de fora; isto é, de indivíduos inseridos em<br />

dinâmicas sociais, políticas, econômicas e culturais distintas daquelas das<br />

populações que são por eles relatadas (GREEN, 2004: 09; WELLS,<br />

2002: 109).<br />

Assim sendo, ao invés de meramente desconsiderar tais relatos,<br />

ou considerá-los i<strong>na</strong>dequados para os estudos célticos – privilegiando,<br />

então, unicamente, outro tipo de documentação de <strong>na</strong>tureza distinta,<br />

como a cultura material –, parece-me que os textos gregos e latinos<br />

possam e devam ser explorados pelo historiador em sua análise: bastalhe<br />

que se posicione frente a tais documentos encarando-os como<br />

produções culturais (WELLS, 2002: 105) construídas a partir de um<br />

Mediterrâneo que se pensa ―civilizado‖ em relação a sociedades outras,<br />

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