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Mulheres_na_Antiguidade

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MULHERES NA ANTIGUIDADE - NEA/UERJ<br />

feministas que, muitas vezes, enxergavam <strong>na</strong>s mulheres celtas um<br />

símbolo de resistência, força e combate contra uma suposta opressão e<br />

tirania masculi<strong>na</strong>, em contraposição as suas ―vizinhas‖ mediterrâneas, as<br />

mulheres gregas, as quais, <strong>na</strong> maioria dos casos, tradicio<strong>na</strong>lmente tendem<br />

a ser percebidas como meras figuras passivas e sem importância.<br />

Gostaria, portanto, primeiramente, de fazer um alerta: ainda hoje<br />

a postura historiográfica que é amplamente divulgada e que prevalece –<br />

inclusive, no Brasil (cf.AMIM, 2006a: 165-172; 2006b: 13) – é aquela<br />

que busca argumentar que os celtas teriam vivido em uma espécie<br />

particular de sistema ginecocrático/matriarcal; isto é, uma sociedade <strong>na</strong><br />

qual as mulheres não somente possuem igualdade em relação aos<br />

homens, mas também exercem controle e domi<strong>na</strong>ção (EHRENBERG,<br />

1989: 63). Para aqueles não familiarizados com a produção<br />

historiográfica relacio<strong>na</strong>da às dinâmicas de gêneros entre os celtas, basta<br />

direcio<strong>na</strong>r o olhar, por exemplo, para produções como as de Markale<br />

(1986), Condren (2002) e Berresford Ellis (1995) e identificar um visível<br />

reflexo dessa postura mencio<strong>na</strong>da.<br />

Como busquei já demonstrar em outras ocasiões (PEIXOTO,<br />

2010), acredito que argumentações de tal <strong>na</strong>tureza, como aquelas que<br />

giram em torno de um suposto sistema matriarcal celta, além de terem um<br />

grau considerável de a<strong>na</strong>cronismo e fantasia, são advindas, sobretudo, de<br />

um tratamento não crítico e descuidado em relação à documentação disponível para o<br />

estudo de tais sociedades. Isto porque boa parte das imagens<br />

representadas no senso comum de ideias, ainda nos dias atuais, a respeito<br />

das mulheres celtas, vem, majoritariamente, da documentação escrita <strong>na</strong><br />

<strong>Antiguidade</strong>, como veremos a seguir.<br />

Em linhas gerais, a mulher celta que pega em armas, participa de<br />

disputas, que se faz ser obedecida, que intervém em interesses<br />

masculinos, e que, por fim, iguala-se aos homens em diversos aspectos,<br />

um aumento significativo de eventos, seitas e grupos pseudo-religiosos,<br />

encontros, festivais de música, publicações impressas ou digitais, associações e<br />

sociedades, todos reclamando por uma suposta herança celta comum. A meu<br />

ver, a celtomania pode ser qualificada, em linhas gerais, de acordo com três<br />

fatores básicos: (1) o fa<strong>na</strong>tismo, (2) a ausência de qualquer preocupação<br />

histórica e/ou metodológica e, sobretudo, (3) o a<strong>na</strong>cronismo.<br />

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