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Mulheres_na_Antiguidade

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MULHERES NA ANTIGUIDADE - NEA/UERJ<br />

de conceber e parir. Existe uma força de vida no grupo das bacantes que<br />

só é empa<strong>na</strong>da, de alguma forma, pela violência do revide, o que<br />

definitivamente as separa do grupo maior das gines.<br />

Seus corpos dobram, mas não por convulsões dolorosas da visão<br />

profética, como as da apolínea Kassandra, e sim pela dança, pelo<br />

movimento rítmico pulsante. A dança exprime o corpo feliz. Estão livres<br />

de homens, “kyrios”, embora não dessexuadas; vivem soltas <strong>na</strong> zo<strong>na</strong><br />

selvagem, quase inuma<strong>na</strong>, da montanha. Conhecem e ―domi<strong>na</strong>m‖ a<br />

loucura, “mania”. Fazem a pedra produzir mel, leite, vinho, água,<br />

segundo o mensageiro da tragédia. Certamente delinear estas<br />

perso<strong>na</strong>gens com tais poderes já nos permite demarcar seu registro<br />

único, seja histórico ou literário, no imaginário clássico ático.<br />

E, mesmo muito antes da tragédia de Eurípides, estes motivos<br />

dionisíacos já eram pintados em vasos, atestando a presença marcante<br />

destas mulheres dançantes e desgrenhadas, de peplos soltos, o corpo<br />

envolto em serpentes, tanto nos vasos de figuras negras, de estilo mais<br />

antigo, quanto, e em grande número, nos vasos de figuras vermelhas.<br />

Muitas ce<strong>na</strong>s diferentes aparecem, embora de mesma matriz referencial,<br />

como me<strong>na</strong>des, sátiros, ce<strong>na</strong>s sexuais explíticas entre sátiros e me<strong>na</strong>des, o<br />

cortejo dionisíaco, Dioniso representado tanto em forma huma<strong>na</strong>, como<br />

em estátua votiva, ou como máscara teatral.<br />

Nosso estudo, portanto, se remete à análise desta ambivalência,<br />

ou mesmo duplicação de papéis das figuras femini<strong>na</strong>s, nitidamente<br />

construída <strong>na</strong> tragédia Bacas. Até a produção deste texto, nosso<br />

conhecimento, que infelizmente é muito lacu<strong>na</strong>r, se limitava a tragédias<br />

com coros que eram uma u<strong>na</strong>nimidade: as náiades do Prometeu, os<br />

cidadãos de Agamêmnon, as mulheres de Corinto de Medeia, os<br />

marinheiros de Filoctetes, mesmo divergindo em suas opiniões sobre a<br />

situação, tinham uma posição de conjunto coeso como uma única<br />

figuração social. Em Bacas não.<br />

As mé<strong>na</strong>des serão, desde o início, quando Dioniso conversa com<br />

elas sobre o que vai se delineando e as prepara para os próximos<br />

acontecimentos, diferentes das ―outras‖, das mulheres domésticas.<br />

Percebemos que, enquanto algumas o ouviram e responderam<br />

livremente ao seu chamado e tor<strong>na</strong>ram-se, portanto, propriamente o<br />

coro no sentido dialogal, existem as que estão sendo arrancadas com<br />

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