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Mulheres_na_Antiguidade

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MULHERES NA ANTIGUIDADE - NEA/UERJ<br />

seu inimigo. Com a sua perseguição, caça e assassi<strong>na</strong>to <strong>na</strong> montanha, foi<br />

executado um regicídio e, ao mesmo tempo, um sacrilégio, pois sangue<br />

familiar foi derramado, já que matando Penteu, Agave, uma mãe, matou<br />

seu filho. É ela quem traz a cabeça de Penteu para a cidade, e pensando<br />

ter caçado um leão, reconhece em si um tanto daquele poder viril do<br />

corajoso caçador. Ela chama e anuncia (VV.1168-1175) ―Bacas da Ásia<br />

(...) trazemos da montanha ao palácio cacho recém-cortado, venturosa<br />

caçada (...) agarrei sem rede este filhote de leão agreste como se pode<br />

ver‖.<br />

No me<strong>na</strong>dismo, mais precisamente no documento do período<br />

clássico constituído pelo drama trágico Bacas, de Eurípides, estas bacas,<br />

seguidoras de Dioniso, não são mais mulheres comuns, o que significa a<br />

pressuposição de que existem mulheres em outra condição daquelas<br />

mulheres que ficam em casa, protegidas, numa posição servil, tecendo e<br />

atendendo as necessidades domésticas. E inclusive para as iniciadas,<br />

estas, as domésticas, são consideradas inferiores porque, ou enquanto,<br />

ignoram os rituais dionisíacos.<br />

Observemos que os mitos, como em As Bacantes,<br />

estabelecem uma diferença fundamental entre as<br />

Mê<strong>na</strong>des que consentem e as que são acometidas<br />

da mania à título de punição, por causa da recusa<br />

inicial (Trabulsi: 2004, 177).<br />

O que temos então é um exemplo acabado da <strong>na</strong>rrativa de um dos<br />

casos em que o deus reage sobre a recusa do seu culto, aqui mais<br />

gravemente por se tratar da própria família. O que não podemos deixar<br />

de lembrar é que existe um ressentimento e uma proto-vingança<br />

enunciados <strong>na</strong> chegada do deus no prólogo, pois ele sabe que não é<br />

reconhecido como filho de Zeus nem pelas próprias irmãs da mãe.<br />

Aquela é sua terra de origem, e Dioniso descreve o túmulo de sua mãe<br />

quando o vê (vv.6-9): ―vejo monumento à minha mãe fulmi<strong>na</strong>da lá perto<br />

das casas e ruí<strong>na</strong>s do palácio a fumarem chama ainda viva do fogo de<br />

Zeus, imortal agressão de Hera à minha mãe‖, o que acentua um conflito<br />

de poder - entre o seu poder e o do rei atual, que é filho de uma irmã de<br />

Sêmele com um dos homens que brotaram dos dentes do dragão<br />

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