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Mulheres_na_Antiguidade

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MULHERES NA ANTIGUIDADE - NEA/UERJ<br />

qual o rei Clotário, sua corte e sig<strong>na</strong>tários pertenciam, à turíngia e<br />

católica Radegunda.<br />

Aqui, também, Baudonívia utiliza, pela primeira vez, uma<br />

expressão, tomada de empréstimo a Fortu<strong>na</strong>to, quando ele <strong>na</strong>rra as<br />

orações notur<strong>na</strong>s da santa, dizendo que esta tinha a ―mente voltada para<br />

o paraíso‖, ao abando<strong>na</strong>r o leito onde dormia com seu esposo para<br />

alojar-se <strong>na</strong> fria laje (Vida 1, cap. 5), e que ela transforma em ―mente<br />

voltada para Cristo‖ (caps. 5, 8, 9, 13, 16 e 19). Estaríamos já, diante de<br />

um argumento fundamental da mística religiosa femini<strong>na</strong> medieval e dos<br />

séculos da modernidade, que fazia do Cristo o esposo almejado de corpo<br />

e alma.<br />

A se destacar, também, é o fato da autora chamar Radegunda de<br />

―santa rainha‖, e de ―bem-aventurada rainha‖, não se esquecendo do<br />

título mundano que carregava, <strong>na</strong> ocasião, como já mencio<strong>na</strong>mos mais<br />

atrás.<br />

A ordem dos acontecimentos depois da separação de Radegunda<br />

e Clotário, que em Baudonívia aparece como obra do poder divino é<br />

diferente da <strong>na</strong>rrada por Fortu<strong>na</strong>to.<br />

A doação do rei da villa de Saix, aqui, é feita cerca de um ano<br />

depois do que ela chama de ―mudança de vida‖. Neste lugar, Radegunda<br />

tem uma visão que lhe mostrava a graça a que estava desti<strong>na</strong>da a<br />

desfrutar (cap. 3) e é, também, onde recebe a notícia de que o rei a queria<br />

de volta, pois sofria muito com sua ausência, estava arrependido de ter<br />

deixado sair do seu lado ―uma rainha de tão grande condição‖.<br />

Radegunda fica ―aterrorizada por um terror insuperável‖ diante da<br />

notícia, e a ―bem-aventurada‖ começa a martirizar seu corpo mais<br />

amplamente, ―faz entrega de seu corpo para ser atormentada a um<br />

cilício, o mais áspero; (...) impôs-se o tormento do jejum, permanecendo<br />

em vigília pelas noites‖ (cap. 4).<br />

Na seqüência, o termo que Baudonívia usa para qualificar o<br />

casamento, para o qual Radegunda voltava às costas, chama a atenção,<br />

até pelo contraste, com o terror que ela sentiu quando soube do desejo<br />

do marido de tê-la novamente, assim como os verbos e expressões que<br />

ela escolhe para descrever as conseqüências: ―desdenhou o trono pátrio,<br />

passou por cima da doçura de um esposo, rechaçou um amor<br />

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