22.04.2013 Views

Mulheres_na_Antiguidade

Mulheres_na_Antiguidade

Mulheres_na_Antiguidade

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

MULHERES NA ANTIGUIDADE - NEA/UERJ<br />

religiosa ou conversão, a vida religiosa propriamente dita e os milagres<br />

realizados.<br />

Os quatro primeiros capítulos <strong>na</strong>rram a vida de Radegunda no<br />

século, ou melhor, dizendo, seu comportamento quando no século, onde<br />

―foi mais celestial que terre<strong>na</strong>‖ , ―não se deixando prender por nenhuma<br />

cadeia deste mundo, entregue ao serviço dos servos de Deus‖ (cap. 1).<br />

Seu casamento com Clotário é descrito como breve, e o filho de<br />

Clóvis é qualificado como ―príncipe terreno e rei supraexcelso‖, em<br />

oposição ao Rei celestial, com quem Radegunda sonhava<br />

verdadeiramente em unir-se. Aliás, em nenhum momento Clotário é<br />

descrito de forma negativa. Pelo contrário, Baudonívia demonstra<br />

respeito, dedicação e lealdade profunda à realeza, qualquer que seja o<br />

soberano mencio<strong>na</strong>do, o que para alguns autores reforçaria a tese de sua<br />

origem não-nobre.<br />

Destaca-se, nesta parte da <strong>na</strong>rrativa, o capítulo 2, sobre um<br />

templo venerado pelos Francos e que Radegunda manda seus criados<br />

destruir pelo fogo, pois julgava ―injusto que fosse desdenhado o Deus<br />

do céu enquanto eram venerados os instrumentos do diabo‖. Os<br />

Francos reagem, tentando defender o templo, enquanto<br />

[...] a santa rainha, que levava a Cristo em seu<br />

coração, perseverando imóvel, não moveu o cavalo<br />

que cavalgava até que o templo ficou reduzido a<br />

cinzas e até que, ante seus rogos, os povos<br />

firmassem a paz entre si. Feito isto, admirando<br />

todos a fortaleza e a firmeza de caráter da rainha,<br />

bendizeram ao Senhor.<br />

Neste episódio, bastante interessante, Radegunda age de forma<br />

semelhante a São Martinho de Tours, que, dois séculos antes, com<br />

te<strong>na</strong>cidade e vigor, por onde passava, destruía símbolos, ídolos e templos<br />

pagãos, <strong>na</strong> defesa da religião cristã, auxiliando a comprovar que<br />

Baudonívia conhecia a Vida de Martinho de Tours, escrita por Venâncio<br />

Fortu<strong>na</strong>to, inspirada, por sua vez, no texto de Sulpício Severo. Uma<br />

outra leitura, nos levaria a perceber, aí, uma certa tensão, opondo os<br />

Francos (aparentemente cristianizados desde Clóvis), grupo étnico ao<br />

284

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!