22.04.2013 Views

Mulheres_na_Antiguidade

Mulheres_na_Antiguidade

Mulheres_na_Antiguidade

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

MULHERES NA ANTIGUIDADE - NEA/UERJ<br />

tipo de censura moral a determi<strong>na</strong>das ações e modos de vida dos<br />

populares pelos membros das elites roma<strong>na</strong>s (Garraffoni, 2005: 184).<br />

Esta censura moral aristocrática a um conjunto de profissões<br />

exercidas por populares levou muitos estudiosos modernos a classificálas<br />

como degradantes, aproximando a vida de populares à condição de<br />

infamia. Entretanto, ao olharmos os grafites nos muros de Pompéia<br />

percebemos milhares de registros feitos pelos próprios populares que<br />

indicam, em suas escritas, conotações diferentes às aristocráticas. Entre<br />

tantas inscrições encontramos referências a pequenos proprietários de<br />

taber<strong>na</strong>s, ofici<strong>na</strong>s e padarias 293; a funções autônomas de professor,<br />

alfaiate, vendedor de roupas e jóias 294, a inúmeras associações como as<br />

de vendedores de frutas, cocheiros, ourives, padeiros, lenhadores,<br />

vendedores de alho e de aves, tecelões, perfumistas, ajudantes de<br />

cozinha, taberneiros e trabalhadores agrícolas 295.<br />

Esses grafites indicam-nos a valorização dessas atividades<br />

profissio<strong>na</strong>is e a importância que possuíam para essas pessoas que a<br />

praticavam e a vontade de perpetuar uma imagem de sucesso, de vitória,<br />

dentre aqueles que partilhavam desse universo. Se para as elites essas<br />

atividades si<strong>na</strong>lizavam funções vis e desprezíveis, parece-nos que tais<br />

conotações perdem esses sentidos entre aqueles que viviam,<br />

cotidia<strong>na</strong>mente, o mundo do trabalho, que dependiam dele para a sua<br />

subsistência e que ali estabeleciam as suas relações e referências. Inserida<br />

e construída nesse âmbito do labor, a masculinidade popular também era<br />

modelada pela experiência sexo-afetiva, comentado a seguir.<br />

O apreço e a consideração pela mulher querida foram registrados<br />

com freqüência em Pompéia. Efusivas declarações podem ser<br />

encontradas, como esta deixada a Taine, <strong>na</strong> parede de uma casa:<br />

293 Cf. CIL, IV, 368, 4472/3 (Ofici<strong>na</strong> dos Atti), 7749.<br />

294 CIL, IV, 275 (professor); 3130, 7669/71/74 (joalheiro).<br />

295 Pomari , CIL, IV, 180, 183, 202, 206; Muliones, CIL, IV, 97, 113, 134;<br />

Aurificis, CIL, IV, 710; Pistori, CIL, IV, 429, 4227, 4888, 5380; Lig<strong>na</strong>ri, CIL, IV,<br />

485, 951, 960; Aliarii, CIL, IV, 3485; Gali<strong>na</strong>rii, CIL, IV, 241, 373; Fullones (os<br />

que preparam o pano depois de tecido), CIL, IV, 998, 2966, 3478, 3529, 4100,<br />

4102/03/07/09/12/18/20; Unguentari, CIL, IV, 609; Culi<strong>na</strong>ri, CIL, IV, 373;<br />

Caupones, CIL, IV, 336; Agricolae, CIL, IV, 480, 490.<br />

212

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!