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Mulheres_na_Antiguidade

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MULHERES NA ANTIGUIDADE - NEA/UERJ<br />

A religiosidade, por exemplo, sempre ocupou um lugar de<br />

destaque <strong>na</strong> vida dos antigos egípcios e não pode ser diferente <strong>na</strong> relação<br />

das mulheres com o amor. Logo, a magia, travestida em preces à deusa<br />

Hator 265, se faz presente no cotidiano dos egípcios, que esperavam, ―Ao<br />

invocá-la, [que] ela ou[ça suas] súplicas e mand[e]‖ a pessoa amada ao<br />

encontro da suplicante. O quinto poema, acima citado, traz como eram<br />

as preces: ―Adoro a Deusa de Ouro, cultuo sua majestade, louvo a Senhora do<br />

Céu, venero Hator, dou graças à minha senhora divi<strong>na</strong>‖ (ARAÚJO, 2000: 306) e,<br />

após, segue-se o pedido, usualmente que trouxesse a pessoa amada para<br />

si.<br />

A importante relação que os egípcios mantinham com a <strong>na</strong>tureza<br />

transpassa os poemas do Papiro de Turim 1996. Neste, cada poema<br />

começa com o nome de uma árvore, cuja fala se direcio<strong>na</strong> ao casal. O<br />

terceiro poema, por exemplo, contado por um sicômoro, explicita como<br />

atrai ―para sua fresca sombra‖ os apaixo<strong>na</strong>dos, tor<strong>na</strong>ndo-se um abrigo para<br />

os casais que buscavam sua proteção para passarem ―um dia feliz‖<br />

(ARAÚJO, 2000: 323).<br />

De todas as fontes que contêm estes poemas, a que se encontra<br />

mais fragmentada é o Óstraco do Cairo. Neste, a maioria dos poemas é<br />

de fala masculi<strong>na</strong>, mas chama a atenção o terceiro poema do primeiro<br />

conjunto – este de fala femini<strong>na</strong> – no qual a mulher se banha com uma<br />

túnica branca e deseja: ―Ó, meu irmão, meu amor, vem, olha para mim!‖<br />

(ARAÚJO, 2000, 325). Percebe-se, em tal poema, a sutil sensualidade da<br />

conquista.<br />

A aflição do amor não correspondido, contudo, também<br />

transparece <strong>na</strong>s linhas dos poemas: ―Ele não sabe o desejo que tenho em tomálo<br />

nos braços, (...), Ó, meu irmão, queria ser dada a ti pela Deusa de Ouro das<br />

265 Hator foi uma das mais importantes deidades do antigo Egito. Existem<br />

traços de seu culto já no Reino Antigo, e este se estendeu durante todo o<br />

período faraônico. Essa deusa é um dos mais complexos membros do panteão<br />

egípcio, pois incorpora diversas características, perso<strong>na</strong>lidades e funções, a<br />

saber, a música, a dança, o amor, a sexualidade, a fertilidade e o <strong>na</strong>scimento,<br />

bem como sua relação protetora com o rei ou como uma divindade funerária,<br />

que auxiliava o morto a ter uma jor<strong>na</strong>da pacifica no além túmulo. O resultado<br />

foi uma multifacetada deusa, cujo culto se tornou especialmente influente<br />

durante o Reino Novo, particularmente para as mulheres (ROBINS, 1995: 99).<br />

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