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Mulheres_na_Antiguidade

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MULHERES NA ANTIGUIDADE - NEA/UERJ<br />

Os Poemas de Amor, além de contar sobre as ânsias e<br />

sentimentos femininos, também ajudam a entender o cotidiano 264 das<br />

mulheres <strong>na</strong> sociedade egípcia. Os poemas de fala femini<strong>na</strong> do conjunto<br />

intitulado ―Começo dos belos poemas de prazer de tua irmã amada quando ela volta<br />

do campo‖, do Papiro Harris 500, descrevem atividades desempenhadas<br />

pelas mulheres no dia-a-dia e as dificuldades de se concentrar nestas<br />

tarefas ao pensar em seu amado. Como é o caso da mulher que foi<br />

―preparar a armadilha (de pássaros), tendo em uma das mãos a gaiola e <strong>na</strong> outra<br />

a rede e o bastão‖ e, ao capturar um pássaro do Punt, desejava soltá-lo para<br />

ficar sozinha com o amado (ARAÚJO, 2000: 316). O quarto poema do<br />

mesmo conjunto descreve como a distância do amado faz com que<br />

sabor do ―bolo doce é para [ela] como sal, e <strong>na</strong> [sua] boca o suave vinho de romã<br />

parece [a ela] ser de fel‖ (ARAÚJO, 2000: 317). Além de instrumentos de<br />

caça e de alguns alimentos, utilizados <strong>na</strong> época, encontra-se a descrição<br />

do papel da Senhora da Casa, quando o amor faz surgir, <strong>na</strong> mulher do<br />

quinto poema, ―o desejo de cuidar de tuas coisas [refere-se ao amado] como<br />

do<strong>na</strong> de tua casa, com o teu braço no meu braço, servindo-te meu amor‖. Pretende,<br />

portanto, tê-lo ―como esposo, sem ele sou como alguém no túmulo‖ (ARAÚJO,<br />

2000: 317). Desta forma, o estudo destes poemas, com seu tom de<br />

confidência, de sua singularidade, seu gosto pelo detalhe fútil, daquele<br />

―insignificante‖, tão repleto de sentido, permite perceber as sensibilidades<br />

que tecem o cotidiano do feminino no antigo Egito.<br />

264 Na linguagem comum, o termo cotidiano significa ‗o que se faz ou sucede<br />

todos os dias‘. Mas entende-se este termo como algo mais profundo que isso,<br />

compreende-se, por meio das palavras de Agnes Heller (2008: 31), que a vida<br />

cotidia<strong>na</strong> é, antes de qualquer coisa, a vida de todo homem, pois ―Todos a<br />

vivem, sem nenhuma exceção qualquer que seja seu posto <strong>na</strong> divisão do<br />

trabalho intelectual e físico. Ninguém consegue identificar-se com sua atividade<br />

huma<strong>na</strong> genérica a ponto de desligar-se inteiramente da cotidianidade. E, ao<br />

contrário, não há nenhum homem, por mais ‗insubstancial‘ que seja, que viva<br />

tão somente <strong>na</strong> cotidianidade, embora essa o absorva preponderantemente.<br />

Nesse sentido, é a vida do homem inteiro; ou seja, o homem participa <strong>na</strong> vida<br />

cotidia<strong>na</strong> com todos os aspectos de sua individualidade, de sua perso<strong>na</strong>lidade.<br />

Nela, colocam-se ‗em funcio<strong>na</strong>mento‘ todos os seus sentimentos, paixões, idéias<br />

e ideologias‖.<br />

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