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Mulheres_na_Antiguidade

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MULHERES NA ANTIGUIDADE - NEA/UERJ<br />

anseios, sensibilidades, medos, apreensões, percepções sobre o mundo e<br />

é, também, <strong>na</strong>rrativa. De fato, as fontes literárias, neste caso específico<br />

os Poemas de Amor, se constituem como um espaço das sensibilidades<br />

que se manifestam em uma esfera anterior à reflexão; sensibilidades que<br />

correspondem ―(...) às manifestações do pensamento ou do espírito, pelas quais<br />

aquela relação originária é organizada, interpretada e traduzida em termos mais<br />

estáveis e contínuos‖ (PESAVENTO, 2007: 10).<br />

Deste modo, as falas femini<strong>na</strong>s dos Poemas de Amor, ao<br />

contrário das masculi<strong>na</strong>s, traduzem um amor sensível, como o disparar<br />

de um coração ao ouvir a voz do amado, conforme apresentado nestes<br />

versos do segundo poema do primeiro conjunto do Papiro Chester<br />

Beatty I: ―Meu irmão agita meu coração com sua voz, o tormento apodera-se de<br />

mim‖ (ARAÚJO, 2000: 304). Observa-se, no quarto poema do mesmo<br />

conjunto, que o simples fato de pensar no homem amado, também faz<br />

com que o ―coração palpite‖. Tais sentimentos, contudo, deviam ser<br />

velados, pois a mulher espera que ―(...) não se diga [dela]: „Esta mulher está<br />

caída de amor‟‖, e por isso pede ―ó, meu coração, não palpites‖ (ARAÚJO,<br />

2000: 306).<br />

Este poema demonstra a relação das mulheres egípcias com o<br />

amor antes do casamento, em sua maioria velado e platônico, como é<br />

visível no sexto poema do conjunto, onde a mulher passa em frente a<br />

uma porta aberta e é observada por seu amado, o que desperta nela<br />

―extrema alegria‖, pois, seu ―coração rebenta de felicidade‖ à vista de seu irmão!<br />

(ARAÚJO, 2000: 307). Assim, ela ora à deusa Hathor: ―Se minha mãe<br />

soubesse o que passa em meu coração (...). Ó, Deusa de Ouro, põe isso no coração<br />

dela e então correrei ao meu irmão, eu o beijarei <strong>na</strong> frente dos que o cercam (...)‖<br />

(ARAÚJO, 2000: 307).<br />

O segundo conjunto de poemas do Papiro Chester Beatty I<br />

mostra a necessidade do coração feminino da presença de seu amado:<br />

―Ó, vem depressa para tua irmã‖ (ARAÚJO, 2000: 308-9), é a maneira como<br />

se iniciam os três poemas do conjunto. Esta urgência, da necessidade da<br />

presença do ―irmão‖, se justifica pela busca de uma efêmera felicidade<br />

proporcio<strong>na</strong>da pelo encontro dos apaixo<strong>na</strong>dos.<br />

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