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Mulheres_na_Antiguidade

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MULHERES NA ANTIGUIDADE - NEA/UERJ<br />

trouxe novamente aos escribas egípcios a possibilidade de usar a escrita<br />

para a apreciação e o deleite. Posener (apud ARAÚJO, 2000: 302)<br />

argumenta que os banquetes, tão em voga neste período, representavam<br />

a ocasião ideal para a apreciação de um novo tipo de canção surgido<br />

nessa época e logo transformado em literatura escrita: os Poemas de Amor.<br />

As versões que nos chegaram de tais poemas foram escritas em<br />

três papiros e um óstraco, a saber: Papiro Chester Beatty I, atualmente<br />

em Dublin; Papiro Harris 500, conservado no Museu Britânico; Papiro<br />

Turim 1996, do Museu Egípcio de Turim; e Óstraco do Cairo<br />

1266+25218, fragmentos de um vaso encontrado em Deir el-Medi<strong>na</strong><br />

(ARAÚJO, 2000: 302). Cada um dos poemas presentes nos conjuntos é<br />

um monólogo, ou do homem ou da mulher. Barbara Lesko, pautada<br />

nesta distinção, divide-os em poemas de fala masculi<strong>na</strong>, que apresentam<br />

uma linguagem mais refi<strong>na</strong>da, e poemas de fala femini<strong>na</strong>, que têm<br />

origem mais popular e cujos temas estão mais voltados ao cotidiano<br />

(WIEDEMANN, 2007: 226). Os amantes nunca se tratam pelo nome,<br />

sendo desig<strong>na</strong>dos ape<strong>na</strong>s como ―irmão‖ e ―irmã‖, mas sem que tal forma<br />

de tratamento tenha qualquer conotação familiar.<br />

Não há como saber se os poemas de fala femini<strong>na</strong> – que<br />

correspondem a setenta e cinco por cento do conjunto – foram<br />

realmente escritos por mulheres, mas eles transmitem, segundo aponta<br />

Emanuel Araújo (2000: 301), a sensibilidade femini<strong>na</strong> de maneira<br />

aguçada, chamando a atenção, nestes casos, a delicadeza de sentimentos<br />

e um erotismo velado. Diferentemente do que acontece com os poemas<br />

de fala masculi<strong>na</strong> – que, como os textos a<strong>na</strong>lisados anteriormente,<br />

constroem uma imagem idealizada da mulher –, os de fala femini<strong>na</strong> não<br />

apresentam uma imagem autoconstruída ou de uma mulher ideal.<br />

As sensibilidades, a que aqui se refere, são sutis e difíceis de<br />

capturar, pois se inscrevem sob os signos da alteridade, traduzindo<br />

emoções, sentimentos e valores que não são mais os nossos<br />

(PESAVENTO, 2007: 10). Portanto, a análise das sensibilidades implica<br />

<strong>na</strong> percepção e <strong>na</strong> tradução das subjetividades da experiência huma<strong>na</strong> no<br />

mundo, por meio de práticas sociais, discursos, imagens e materialidades,<br />

tais como espaços e objetos construídos.<br />

A literatura, por sua vez, é o registro de alguma coisa que também<br />

se passou <strong>na</strong> esfera do sensível: é o registro de algo que diz respeito a<br />

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