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Mulheres_na_Antiguidade

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MULHERES NA ANTIGUIDADE - NEA/UERJ<br />

mas, com o tempo, este percebeu que nunca se livraria da culpa pela<br />

cegueira do irmão enquanto o outro estivesse próximo. Verdade foi<br />

então abando<strong>na</strong>do num local rochoso, onde ficou protegido, e no qual<br />

foi encontrado por uma mulher, que se apaixonou por ele e pediu a seus<br />

serviçais que o levassem para servir como porteiro em sua casa. Juntos,<br />

Verdade e a mulher tiveram um filho, que só soube quem era seu pai<br />

muito tempo depois, já rapaz, quando perguntou para a mãe quem era<br />

seu progenitor. Sabendo da verdade, o filho decidiu vingar o pai e fez o<br />

tio ser julgado e punido pela Enéada.<br />

Nos dois últimos casos, a mulher é mostrada como a mãe<br />

protetora. Nos dois, também, a mulher apresenta uma falha: no<br />

primeiro, por usar o cereal das deusas sem a permissão do marido e, no<br />

segundo, por não revelar, desde o princípio a verdade sobre o filho de<br />

Verdade. O comportamento mais marcante, no entanto, é o da mãe, e é<br />

este deveria ser seguido pelas mulheres egípcias.<br />

Já <strong>na</strong> literatura gnômica são comuns os conselhos direcio<strong>na</strong>dos a<br />

como tratar as mulheres, sejam elas esposas, concubi<strong>na</strong>s ou as mulheres<br />

que poderiam ser encontradas <strong>na</strong>s casas de outros homens. Ptah-hotep,<br />

por exemplo, aconselha àquele que entra <strong>na</strong> casa de um homem como<br />

seu convidado: ―... em qualquer lugar onde entres evitas aproximar-te das<br />

mulheres! (...) Aquele que se consome por causa de seu desejo por elas não prosperará<br />

em nenhuma atividade.‖ (ARAÚJO, 2000: 251-252). É importante observar<br />

que Ptah-hotep refere-se, neste caso, às mulheres desconhecidas, que<br />

posteriormente foram tratadas pelo escriba Any, em uma composição<br />

que data origi<strong>na</strong>lmente da XVIII Di<strong>na</strong>stia, de maneira semelhante:<br />

―Cuidado com uma mulher que é estranha, alguém não conhecida <strong>na</strong> sua cidade; não<br />

a fixe quando ela passa, não a conheça car<strong>na</strong>lmente (...) ela está pronta para engodar<br />

você‖ (BAKOS, 2001: 35).<br />

As posições de Ptah-hotep e Any com relação à esposa, porém,<br />

são outras: nestes casos, ela aparece como o ideal feminino, e seu<br />

comportamento deve ser seguido por todas as mulheres. Ptah-hotep<br />

aconselha ao marido para que trate bem de sua esposa, pois ―... ela é um<br />

campo fértil para o seu senhor‖ (ARAÚJO, 2000: 252). A esposa, segundo<br />

ele, deveria ser bem nutrida, provida com vestimentas e cosméticos e<br />

muito amada, pois ela seria a responsável pela continuidade da família e<br />

também pela educação dos filhos pequenos, e deveria ser sempre um<br />

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