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Mulheres_na_Antiguidade

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MULHERES NA ANTIGUIDADE - NEA/UERJ<br />

Esse pensamento, origi<strong>na</strong>do no seio dos estudos feministas, é<br />

uma clara recorrência a uma história das origens, um tempo anterior ao<br />

que se conhece por patriarcado. No último século o meio acadêmico<br />

fervia com discussões acerca da existência ou não de culturas prépatriarcais,<br />

que se dividiriam em duas formas: o matriarcado, que é a<br />

forma social <strong>na</strong> qual o poder é exercido pelas mulheres, em especial pelas<br />

mães, e a matrilinearidade, onde a tradição sociocultural é transmitida e<br />

assegurada pela figura da mulher.<br />

Nessa perspectiva, essa linha historiográfica entende, tendo<br />

como premissa que a mulher do antigo Egito exerceu certa influência <strong>na</strong><br />

esfera pública e/ou o fato de que muitos homens egípcios descreviam a<br />

si mesmo fazendo alusão ao nome da mãe ao invés daquele do pai, que o<br />

poder régio egípcio foi assegurado por um sistema social matrilinear. Os<br />

estudos de Barbara Wattersom (1998: 23-24), por exemplo, com base no<br />

monismo egípcio e <strong>na</strong>s características apontadas outrora, corroboram<br />

com este processo matrilinear, ou ―teoria da herdeira‖, onde o trono<br />

egípcio seria transmitido por uma linhagem femini<strong>na</strong>.<br />

Há trabalhos, contudo, como o da inglesa Gay Robins, que<br />

refutam tais teorias. A egiptóloga, em um estudo sobre a XVIII Di<strong>na</strong>stia,<br />

comprovou a impossibilidade de se traçar uma linhagem de mulheres de<br />

descendência real. Para tanto, evidenciou que o estudo das titulações de<br />

―filha do rei‖, concedidas às mulheres de sangue real, não se provou<br />

recorrente <strong>na</strong> primeira linhagem dinástica do Reino Novo, já que<br />

algumas mulheres de sangue não-real receberam tal titulação. Por fim, a<br />

estudiosa britânica fi<strong>na</strong>liza seu raciocínio apresentando o fato de que as<br />

esposas principais dos faraós Thutmés III, Amenhotep II e Amenhotep<br />

III eram de origem não real (ROBINS, 1996: 23-24).<br />

Acredita-se, nessa perspectiva, que essa busca de um passado<br />

utópico (sociedades matriarcais ou matrilineares), como foi o caso do<br />

Egito, tornou-se problemática <strong>na</strong> materialização de uma noção idealizada<br />

do passado, uma retificação de uma esfera pré-cultural do autêntico<br />

feminino. Nesse contexto, a filósofa Judith Butler explica que:<br />

Esse recurso a uma feminilidade origi<strong>na</strong>l ou<br />

genuí<strong>na</strong> é um ideal nostálgico e provinciano que<br />

rejeita a demanda contemporânea de formular uma<br />

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