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Mulheres_na_Antiguidade

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MULHERES NA ANTIGUIDADE - NEA/UERJ<br />

ou o trígōnon. A variação dos instrumentos representados se deve a esse<br />

leque de escolha aberto pela educação musical femini<strong>na</strong>. Todavia, a<br />

repetição do trígōnon em ce<strong>na</strong>s relativas à epaulía, tocado pela própria<br />

noiva ou por uma convidada, sugere que, <strong>na</strong> Ate<strong>na</strong>s da época do Pintor<br />

do Banho, nos últimos anos do século quinto, esse instrumento pode ter<br />

sido utilizado para acompanhar o himeneu 257 executado nesse momento<br />

dos festejos.<br />

Considerações fi<strong>na</strong>is<br />

A harpa, em suas diferentes formas conhecidas entre os gregos<br />

do período clássico (o trígōnon, a pēktís e a mágadis), foi um instrumento<br />

representado em escala bastante reduzida nos suportes iconográficos<br />

mais usuais da época que se conservaram até nossos dias (escultura,<br />

pintura de vasos, terracotas). A iconografia sugere que,<br />

comparativamente ao aulós, à lýra, à kithára ou ao bárbitos, foi um<br />

instrumento menos usual. Os registros visuais apontam que seu uso se<br />

espalhou em Ate<strong>na</strong>s, em certos contextos sociais, nos últimos anos do<br />

século quinto e primeiras décadas do século quarto.<br />

É interessante observar que, apesar de ser um instrumento<br />

conhecido há muito tempo no espaço cultural do Egeu, a sociedade<br />

grega do século quinto ainda o via como uma novidade e, mais que isso,<br />

como um estrangeirismo. Ao nos propormos interpretar os usos sociais<br />

deste instrumento e seus respectivos sentidos, constatamos, <strong>na</strong> relação<br />

entre os testemunhos textuais e imagéticos, a existência de convergências<br />

e divergências.<br />

A principal convergência é a vinculação da harpa, <strong>na</strong> cultura<br />

grega, ao feminino. A única exceção constatada ocorre <strong>na</strong> iconografia de<br />

um perso<strong>na</strong>gem mitológico: Museu figura, em uma pýxis do Pintor de<br />

Meidias, tocando harpa, associado às Musas (Figura 4). De resto, a<br />

pintura dos vasos e demais suportes imagéticos são muito claros: a<br />

harpa, entre os gregos, é um instrumento para ser tocado por mulheres.<br />

As convergências param por aí. Os autores antigos usam o<br />

termo psaltría (harpista), por via de regra, para se referir a cortesãs que<br />

atuavam como musicistas nos banquetes, contratadas para alegrar o<br />

257 Canto cuja performance ocorria durante a noite de núpcias.<br />

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