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Mulheres_na_Antiguidade

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MULHERES NA ANTIGUIDADE - NEA/UERJ<br />

epaulía, quando, <strong>na</strong> manhã após a noite de núpcias, ela já era considerada<br />

esposa, não sendo mais retratada envolvida em preparativos nupciais,<br />

mas recepcio<strong>na</strong>ndo suas amigas e parentes que lhe traziam presentes<br />

(REEDER, 1995: 225).<br />

E. Reeder percebe uma significação especial do trígōnon <strong>na</strong>s ce<strong>na</strong>s<br />

de epaulía do Pintor do Banho. Por um lado, a harpa seria uma referência<br />

sinóptica a toda música que acompanhava o ritual do casamento: a<br />

loutrophoría, o banquete, a a<strong>na</strong>kalyptēría, a nymphagōgía e o canto do<br />

epithalámion <strong>na</strong> noite de núpcias. Por outro, sua presença traria outras<br />

conotações. A concentração da nubente em sua música conotaria sua<br />

nova identidade de mulher casada. Enfim, para uma noiva, a<br />

representação de uma mulher recém-casada distraindo-se com a harpa<br />

lhe indicaria os momentos de lazer prometidos para sua vida de casada<br />

(REEDER, 1995: 226).<br />

Essa análise, porém não vale para todo conjunto de ce<strong>na</strong>s com<br />

trígōnon. Seguramente, pode ser aplicada aos lébētes de Nova Iorque (ver<br />

Figura 7). Todavia, a composição iconográfica da pýxis de Würzburg<br />

(Cerqueira, 2001, cat. 333) e do lébēs de Ate<strong>na</strong>s (Cerqueira, 2001, cat. 334)<br />

apresentam a harpista numa situação diferente. No caso da pýxis, temos,<br />

como é comum nessa forma de superfície cilíndrica, ce<strong>na</strong>s seqüenciadas,<br />

alusivas aos festejos nupciais: uma ce<strong>na</strong> mostra dois Erotes lutando,<br />

simbolizando o conflito psicológico pelo qual a noiva passava, ao<br />

abando<strong>na</strong>r seu passado ingênuo de meni<strong>na</strong> para seguir seu futuro incerto<br />

de esposa (SIMON, 1972, pr. 6.1-3); <strong>na</strong> outra, ela está sentada sobre o<br />

leito nupcial, flanqueada por duas mulheres e sendo coroada por Eros,<br />

simbolizando a concretização do casamento após a noite de núpcias; <strong>na</strong><br />

terceira ce<strong>na</strong>, a noiva aparece retratada como harpista, acompanhada por<br />

outra moça. O vaso de Würzburg, assim, mesmo não retratando o<br />

momento da epaulía, confirma a idealização da noiva como harpista<br />

proposta por Reeder, como invocação do lazer almejado <strong>na</strong> sua futura<br />

vida de casada. Já no lébēs de Ate<strong>na</strong>s (Figura 8), a situação é bem<br />

diferente: a harpista não ocupa um lugar de centralidade, não devendo<br />

ser identificada com a noiva ou esposa. Ela está desconfortavelmente de<br />

pé, tocando esse instrumento pesado que devia preferencialmente ser<br />

tocado <strong>na</strong> posição sentada. A figura central está sentada sobre um<br />

klismós, ouvindo sua companheira tocar o trígōnon.<br />

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