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Mulheres_na_Antiguidade

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MULHERES NA ANTIGUIDADE - NEA/UERJ<br />

constavam como instrumentos estrangeiros, requintes orientais,<br />

supostamente alheios à tradição organológica grega tida como <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l.<br />

Os textos arcaicos e clássicos citavam, então, três tipos de harpa,<br />

o trígōnon, a pēktís e a mágadis. A iconografia ática, por sua vez, apresentanos<br />

três formatos distintos de harpas angulares: a harpa triangular – a<br />

forma registrada <strong>na</strong>s ce<strong>na</strong>s de gineceu –, e duas outras formas, ambas<br />

representadas exclusivamente entre as Musas, uma delas ou as duas<br />

devendo ser identificadas com a pēktís. Os autores discordam sobre a<br />

identificação da mágadis, sendo conhecida <strong>na</strong> historiografia da música<br />

grega a celeuma entre Giovanni Comotti e Martin West a esse respeito.<br />

Para West, a mágadis corresponderia a outra forma de harpa, não angular,<br />

com a capacidade de produzir um acorde de oitava; para Comotti, pēktís<br />

e mágadis seriam duas denomi<strong>na</strong>ções do mesmo instrumento.<br />

De modo geral, as harpas podem receber a denomi<strong>na</strong>ção de<br />

psaltē rion, termo derivado do verbo psállein, que desig<strong>na</strong> o ato de fazer<br />

soar as cordas com os dedos, dispensando o uso do plêktron; o termo<br />

psaltría, por sua vez, identificava a harpista – a forma geral do termo no<br />

feminino reforça a ligação desse instrumento com as mulheres (WEST,<br />

1992: 70-74; COMOTTI, 1991; 1983: 57-71; MAAS, SNYDER, 1989:<br />

147-151.) 248.<br />

A cultura grega do período clássic o, como apontam os textos<br />

antigos e a iconografia dos vasos áticos, conferiu à mulher a atribuição<br />

de tocar esse instrumento, sendo o gênero masculino excluído de sua<br />

prática. O único perso<strong>na</strong>gem masculino que lhe é associado é Museu,<br />

figura mitológica de perso<strong>na</strong>lidade eminentemente musical, associado a<br />

Orfeu, de quem seria filho, amante, aluno ou mestre, e a Linos, de quem<br />

seria aluno, bem como a perso<strong>na</strong>gens lendários notabilizados como<br />

músicos, tais como Antiphemos ou Eumolpos, apontados ambos<br />

também como pai dele. Segundo Pierre Grimal, seria o ―doublet‖ de<br />

Orfeu <strong>na</strong> tradição lendária ática (GRIMAL, 1994: 304, verbete ―Musée‖).<br />

Na iconografia ática, como membro da confraria musical divi<strong>na</strong>, Museu<br />

aparece com freqüência associado às Musas, a Apolo, a Tamiras, a Linos<br />

248 O texto de referência mais detalhado sobre a harpa grega continua sendo:<br />

HERBIG, Heinhard. ―Griechische Harfen‖, Mitteilungen des deutschen<br />

archäologischen Instituts, Athenische Abteilung 54, 1929, p. 164-193.<br />

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