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Mulheres_na_Antiguidade

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MULHERES NA ANTIGUIDADE - NEA/UERJ<br />

escravos não podiam ter esposas (no máximo estabeleciam conubium com<br />

o consentimento de seus senhores). Deste modo, as relações que esposas<br />

e escravos estabelecem com os senhores são claramente distintas. Ao<br />

mesmo tempo, é de se esperar que esposas conquistem um espaço mais<br />

destacado <strong>na</strong>s domus e sejam mais impactantes <strong>na</strong>s suas intervenções fora<br />

deste ambiente doméstico.<br />

Um exemplo é Júnia Sila<strong>na</strong>, uma mulher rica, viúva, e sem filhos.<br />

Tácito a mencio<strong>na</strong> em quatro capítulos <strong>na</strong> <strong>na</strong>rrativa 236 sobre o período<br />

neroniano. Nos capítulos 19, 21 e 22 do livro XIII, Júnia Sila<strong>na</strong> aparece<br />

associada à Domícia, tia de Nero. Estas duas perso<strong>na</strong>gens são<br />

importantes <strong>na</strong> medida em que nos permitem mapear a extensão de<br />

algumas redes de influência encabeçadas por mulheres 237. Inimigas de<br />

Agripi<strong>na</strong>, estas duas mulheres aparecem no relato relacio<strong>na</strong>das a uma<br />

denúncia de falsa conspiração <strong>na</strong> qual Agripi<strong>na</strong> estaria envolvida 238. Para<br />

produzir essa intriga e fazer a notícia chegar até Nero, elas contaram<br />

com o auxílio de clientes e libertos, dentre eles estava o liberto Páris,<br />

que, segundo Tácito, tinha acesso à casa imperial. Agripi<strong>na</strong> conseguiu<br />

provar sua inocência, e Júnia Sila<strong>na</strong> foi desterrada. Domícia parece não<br />

ter sofrido punição.<br />

Essas perso<strong>na</strong>gens com menor visibilidade, mencio<strong>na</strong>das entre<br />

duas ou quatro vezes no relato, não só auxiliam <strong>na</strong> compreensão do<br />

processo de caracterização de uma perso<strong>na</strong>gem mais destacada <strong>na</strong><br />

<strong>na</strong>rrativa, como também podem nos ajudar no entendimento de<br />

questões relacio<strong>na</strong>das à presença das mulheres <strong>na</strong> política roma<strong>na</strong>. A<br />

presença de perso<strong>na</strong>gens femini<strong>na</strong>s em uma <strong>na</strong>rrativa histórica pode ter<br />

vários motivos, e nos leva a refletir sobre as modalidades do<br />

envolvimento das mulheres em assuntos políticos. Um exemplo<br />

destacado e que já mencio<strong>na</strong>mos é a legitimidade política transmitida ou<br />

reforçada por elas. Na di<strong>na</strong>stia Júlio-Cláudia as mulheres foram peças<br />

políticas essenciais <strong>na</strong> sucessão de poder, primeiro, devido à ausência de<br />

herdeiros masculinos e, segundo, devido às conexões que poderiam<br />

estabelecer com o centro de poder, principalmente através de<br />

236 Ann. XIII, 19, 21 e 22; XIV, 12.<br />

237 RODRIGUES, 2008: 291.<br />

238 Ann. XIII,19.<br />

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