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Mulheres_na_Antiguidade

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MULHERES NA ANTIGUIDADE - NEA/UERJ<br />

submetida à tortura e preferiu suicidar ao invés de denunciar os<br />

conjurados. Tácito compara a conduta dela, que <strong>na</strong> condição de liberta e<br />

mulher foi muito mais leal que se<strong>na</strong>dores, equestres e cidadãos<br />

romanos, que sem sofrer tortura alguma, denunciavam aqueles que lhes<br />

deviam ser caros. 228<br />

Os escravos leais, assim como as esposas leais, demonstram a<br />

superação de sua <strong>na</strong>tureza, ao adotar um comportamento excepcio<strong>na</strong>l.<br />

Escravos e mulheres geralmente são caracterizados tendo a ambição<br />

como um vício em comum. Esta ambição é caracterizada pela busca de<br />

vantagens pessoais. Sem ter <strong>na</strong> respublica uma via de ascensão e distinção<br />

sociais, mulheres e escravos construiriam mecanismos de promoção que<br />

desconsidera as regras cívicas, e muitas vezes perverte estas mesmas<br />

regras. A ambição e o individualismo são características próprias da<br />

condição servil, e também fazem parte da <strong>na</strong>tureza femini<strong>na</strong>. 229 Como<br />

bem nos lembra Joly 230: ―Para Tácito, uma das principais características do que<br />

poderíamos denomi<strong>na</strong>r de uma „racio<strong>na</strong>lidade servil‟ é a conduta pautada pela<br />

satisfação de interesses pessoais do escravo.‖ Um exemplo típico deste tipo de<br />

comportamento seria o liberto Milicho 231 e sua esposa. Milicho, liberto<br />

de Cevino, descobriu que seu patrono estava envolvido <strong>na</strong> conspiração<br />

pisonia<strong>na</strong>. Em dúvida, se o denunciava ou não, resolveu pedir conselhos<br />

a sua esposa. Tácito <strong>na</strong>rra que ela, como mulher, lhe aconselhou o pior,<br />

já que recomendou ao marido que denunciasse o patrono 232. O<br />

argumento usado pela mulher para convencer o esposo demonstra sua<br />

ambição e individualismo, pois lhe disse que se ele fosse o primeiro a<br />

228 ―clariore exemplo liberti<strong>na</strong> mulier in tanta necessitate alienos ac prope ignotos protegendo,<br />

cum ingenui et uiri et equites Romani se<strong>na</strong>toresque intacti tormentis carissima suorum quisque<br />

pignorum proderent.‖ (Ann. XV, 57, 2.)<br />

229 Como já ressaltamos, no início do texto, Agripi<strong>na</strong> é uma perso<strong>na</strong>gem<br />

marcadamente ambiciosa. Esta ambição a faz superar sua <strong>na</strong>tureza femini<strong>na</strong>, o<br />

que, no caso dela, significa uma transgressão. Agripi<strong>na</strong> é exemplo de ambição<br />

excessiva e extremada.<br />

230 JOLY, 2003: 71.<br />

231 Ann. XV, 54-55.<br />

232 “Etenim uxoris quoque consilium adsumpserat muliebre ac deterius: quippe ultro metum<br />

intentabat, multosque adstitisse libertos ac servos, qui eadem viderint: nihil profuturum unius<br />

silentium, at praemia penes unum fore, qui indicio praevenisset.‖ (Ann. XV, 54, 4)<br />

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