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Mulheres_na_Antiguidade

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MULHERES NA ANTIGUIDADE - NEA/UERJ<br />

mencio<strong>na</strong> Calpúrnia e Lólia Pauli<strong>na</strong>, a intenção é clara: a caracterização<br />

de Agripi<strong>na</strong>, através de seus atos cruéis e, por decorrência, tanto o elogio<br />

dos que se opunham a seus desmandos, quanto a crítica àqueles que a<br />

estimulavam.<br />

Seguindo esta mesma lógica, notamos que a perso<strong>na</strong>gem de<br />

Popeia, mãe da segunda esposa de Nero, também aparece <strong>na</strong> <strong>na</strong>rrativa<br />

com função de evidenciar a crueldade de Messali<strong>na</strong>. As intrigas da<br />

imperatriz são <strong>na</strong>rradas no início do livro XI 220. Tácito retoma o<br />

episódio no livro XIII, capítulo 43, quando relata as acusações feitas a P.<br />

Suílio, e uma delas era estar envolvido <strong>na</strong> morte de Popeia, por ser aliado<br />

de Messali<strong>na</strong>. Deste modo, a lembrança do episódio, neste ponto do<br />

relato, serve mais para incrimi<strong>na</strong>r Suílio do que para caracterizar<br />

Messali<strong>na</strong>, que, neste momento da <strong>na</strong>rrativa, já estava estabelecida.<br />

Messali<strong>na</strong>, aliás, já havia sido morta neste momento do relato.<br />

A<strong>na</strong>lisaremos agora as perso<strong>na</strong>gens femini<strong>na</strong>s que foram<br />

mencio<strong>na</strong>das entre duas e quatro vezes nos livros neronianos. Algumas<br />

delas também auxiliam <strong>na</strong> caracterização de uma perso<strong>na</strong>gem de maior<br />

visibilidade <strong>na</strong> <strong>na</strong>rrativa. Como exemplos, citamos Pythias 221, a escrava<br />

leal de Octávia, e Acerrônia 222, a escrava desleal de Agripi<strong>na</strong>. Para se<br />

separar de Octávia, Nero a acusou falsamente de adultério e mandou<br />

submeter à tortura todas as suas escravas. Tácito <strong>na</strong>rra que algumas,<br />

devido à dor, fizeram confissões que poderiam comprometer Octávia,<br />

enquanto outras foram persistentes em afirmar a inocência da ama. Uma<br />

das escravas, a qual Dio Cassius nomeia Pythias 223, demonstrou lealdade<br />

de tal maneira que chegou a insultar o torturador, dizendo-lhe que até as<br />

partes íntimas de Octávia eram mais puras que a boca dele 224. Segundo<br />

220 Esta Popeia é perso<strong>na</strong>gem de ocorrência única <strong>na</strong> <strong>na</strong>rrativa dos livros<br />

neronianos dos A<strong>na</strong>is. Entretanto, durante o relato dos acontecimentos do<br />

principado de Cláudio, é mencio<strong>na</strong>da em três capítulos: Ann. XI, 1-2, 4.<br />

221 Ann. XIV, 60 e 62.<br />

222 Ann. XIV, 5-6.<br />

223 Tácito não cita este nome, mas o encontramos em Dio Cassius, História<br />

Roma<strong>na</strong>, LXII 13, 4. Devemos atentar para o sentido deste nome: Pythias remete<br />

a um modelo de amizade verdadeira.<br />

224 ―…ex quibus u<strong>na</strong> instanti Tigellino castiora esse muliebria Octaviae respondit quam os<br />

eius.‖ (Ann. XIV, 60, 3-4)<br />

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