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Mulheres_na_Antiguidade

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MULHERES NA ANTIGUIDADE - NEA/UERJ<br />

modo que o contraste com outras mulheres de virtude, que sofreram<br />

injustiças semelhantes, faz realçar mais o caráter virtuoso de Octávia. Já<br />

Calpúrnia e Lólia Pauli<strong>na</strong> são perso<strong>na</strong>gens que fazem tor<strong>na</strong>r evidente a<br />

crueldade de Agripi<strong>na</strong>. Elas foram acusadas no ano de 49 218, o mesmo<br />

ano do casamento de Cláudio e Agripi<strong>na</strong>. As acusações foram forjadas<br />

por Agripi<strong>na</strong>, e a razão dela para querer elimi<strong>na</strong>r essas mulheres era<br />

ape<strong>na</strong>s o ciúme. Lólia Pauli<strong>na</strong> foi uma das concorrentes ao casamento<br />

com Cláudio, e Calpúrnia foi, certa vez, elogiada por Cláudio. O César<br />

proferiu as acusações frente ao se<strong>na</strong>do. Lólia Pauli<strong>na</strong> foi acusada de<br />

consultar adivinhos sobre as núpcias de Cláudio, e foi sentenciada à<br />

morte. Tácito não mencio<strong>na</strong> qual foi a acusação contra Calpúrnia, mas<br />

sua sentença foi o desterro. As razões femini<strong>na</strong>s de Agripi<strong>na</strong> e as<br />

sentenças sofridas pelas acusadas revelam a crueldade de Agripi<strong>na</strong>, além<br />

de demonstrar a influência que ela exercia sobre Cláudio, já no início do<br />

casamento. Tácito <strong>na</strong>rra estas acusações no capítulo 22 do livro XII, ou<br />

seja, durante a <strong>na</strong>rrativa dos acontecimentos do principado de Cláudio.<br />

O efeito das interações entre as perso<strong>na</strong>gens se reforça uma vez mais.<br />

Agripi<strong>na</strong> não é uma má esposa por si. Cláudio ao abrigar as acusações<br />

injustas e usar de seu poder para fazê-las prosperar estimula o perfil<br />

negativo da sua esposa. O historiador recoloca essas duas mulheres <strong>na</strong><br />

<strong>na</strong>rrativa ape<strong>na</strong>s no livro XIV. Portanto, elas aparecem uma vez <strong>na</strong><br />

<strong>na</strong>rrativa sobre o principado de Cláudio, e uma vez durante o principado<br />

de Nero. Tácito relata que, depois da morte da mãe, Nero perdoou<br />

algumas vítimas de Agripi<strong>na</strong>, dentre elas estava Calpúrnia, que foi<br />

chamada do desterro, e Lólia Pauli<strong>na</strong>, para a qual o príncipe permitiu que<br />

erigissem um túmulo para as suas cinzas. Estas ações de Nero visavam<br />

mostrar sua clemência, e, ao mesmo tempo agravar o sentimento de<br />

aversão a Agripi<strong>na</strong>. 219 Nos dois momentos da <strong>na</strong>rrativa em que Tácito<br />

218 A fim de compreender o motivo da inserção destas mulheres <strong>na</strong> <strong>na</strong>rrativa<br />

dos A<strong>na</strong>is durante o relato dos acontecimentos do principado de Nero (livros<br />

XIII a XVI), resolvemos retroceder um pouco, e deste modo, percebemos que<br />

as perso<strong>na</strong>gens Calpúrnia, Lólia Pauli<strong>na</strong>, além de serem perso<strong>na</strong>gens de<br />

ocorrência única <strong>na</strong> <strong>na</strong>rrativa dos livros neronianos, também aparecem uma vez<br />

<strong>na</strong> <strong>na</strong>rrativa dos acontecimentos do principado de Cláudio (livros XI e XII).<br />

219 “Ceterum quo gravaret invidiam matris eaque demota auctam lenitatem suam<br />

testificaretur”. (Ann. XIV, 12, 3)<br />

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