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Mulheres_na_Antiguidade

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MULHERES NA ANTIGUIDADE - NEA/UERJ<br />

uma linha, mas uma ampla e muitas vezes pouco clara área, aberta a<br />

negociações e a sobreposições, o mesmo pode se dizer para os espaços<br />

da política que podiam ser o fórum e a domus e os papéis masculino e<br />

feminino, que não são fixos e delimitados como campos apartados e<br />

nitidamente separados que se definem pela relação de um com o outro.<br />

A própria figura de Agripi<strong>na</strong>, embora considerada ícone da transgressão,<br />

apresenta valor por vezes positivo, por vezes negativo e, em outros<br />

casos, ambivalentes. Estas perso<strong>na</strong>gens femini<strong>na</strong>s aparecem associadas a<br />

perso<strong>na</strong>gens masculi<strong>na</strong>s, com um claro objetivo de evidenciar algum<br />

aspecto destas últimas, como por exemplo, quando perso<strong>na</strong>gens<br />

femini<strong>na</strong>s apresentam virtudes que não são próprias de sua <strong>na</strong>tureza,<br />

frente a homens que deveriam estimular tal comportamento, mas não o<br />

fazem. Em outras palavras, foram inseridas <strong>na</strong> <strong>na</strong>rrativa com efeito de<br />

auxiliar <strong>na</strong> caracterização de uma outra perso<strong>na</strong>gem. Este recurso<br />

retórico é muito comum <strong>na</strong> <strong>na</strong>rrativa tacitea<strong>na</strong>, e não é utilizado somente<br />

para caracterizar perso<strong>na</strong>gens masculi<strong>na</strong>s, pois Tácito também faz<br />

associações entre perso<strong>na</strong>gens femini<strong>na</strong>s com objetivo de ressaltar vícios<br />

ou virtudes de uma determi<strong>na</strong>da mulher. Ademais, nossa análise aqui não<br />

se centra exclusivamente <strong>na</strong> relação entre masculino e feminino, pois,<br />

como veremos, outros tipos de relações perpassam este campo e se<br />

fazem importantes para o entendimento da presença de mulheres nos<br />

A<strong>na</strong>is. O nosso principal objetivo neste texto é tentar compreender<br />

como Tácito fez uso de associações entre perso<strong>na</strong>gens, partindo das<br />

perso<strong>na</strong>gens femini<strong>na</strong>s. Procuramos identificar quais os efeitos dessas<br />

associações <strong>na</strong> <strong>na</strong>rrativa, mais do que o estudo de cada perso<strong>na</strong>gem<br />

isoladamente. A<strong>na</strong>lisaremos também questões relativas à participação das<br />

mulheres <strong>na</strong> política imperial.<br />

Dentre estas 49 perso<strong>na</strong>gens femini<strong>na</strong>s que são mencio<strong>na</strong>das<br />

por Tácito ao longo do relato do principado de Nero, notamos que 29,<br />

ou seja, 59%, aparecem somente uma vez <strong>na</strong> <strong>na</strong>rrativa. Vale ressaltar que<br />

a maior parte dessas perso<strong>na</strong>gens de ocorrência única no texto apresenta<br />

virtudes. Muitas delas, não por acaso, estão relacio<strong>na</strong>das a homens<br />

virtuosos. Já Agripi<strong>na</strong>, a figura femini<strong>na</strong> mais frequente <strong>na</strong> <strong>na</strong>rrativa, é<br />

mencio<strong>na</strong>da em 31 capítulos, quase sempre associada a perso<strong>na</strong>gens ou<br />

eventos de valor negativo. Percebemos que, para além das características<br />

individuais das perso<strong>na</strong>gens, Tácito as caracteriza também pela<br />

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