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Mulheres_na_Antiguidade

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MULHERES NA ANTIGUIDADE - NEA/UERJ<br />

INTERAÇÕES PESSOAIS E VALORES MORAIS EM<br />

TÁCITO: UM ESTUDO DE ALGUMAS PERSONAGENS<br />

FEMININAS<br />

Prof. Dr. Fábio Faversani 201<br />

Prof.ª Ms.ª Sarah F. L. Azevedo 202<br />

―Occidat inquit dum imperet‖ 203. Segundo o historiador Tácito, esta<br />

foi a resposta de Agripi<strong>na</strong> aos Caldeus, quando foi consultá-los sobre o<br />

futuro de Nero e lhe foi revelado que Nero gover<strong>na</strong>ria, mas que a<br />

mataria. Agripi<strong>na</strong> tinha a suprema ambição de ver o filho gover<strong>na</strong>r,<br />

ambição que a fazia exceder os limites de sua <strong>na</strong>tureza femini<strong>na</strong>. Ela é<br />

retratada por Tácito como uma mulher ávida por poder, capaz de todos<br />

os tipos de perversidade para realizar seus intentos. A figura de Agripi<strong>na</strong>,<br />

considerada como um exemplum, apresenta um interessante<br />

distanciamento do modelo ideal de matro<strong>na</strong> roma<strong>na</strong>. Bisneta, filha, irmã,<br />

esposa e mãe de césares, Agripi<strong>na</strong> é a principal perso<strong>na</strong>gem femini<strong>na</strong> <strong>na</strong><br />

<strong>na</strong>rrativa tacitea<strong>na</strong> sobre o período neroniano, e foi estudada largamente<br />

ao longo da história 204.<br />

Ela é a principal, mas não é a única perso<strong>na</strong>gem femini<strong>na</strong> a<br />

figurar nos livros neronianos dos A<strong>na</strong>is. Nos livros XIII a XVI, nos<br />

quais Tácito relata acontecimentos do principado de Nero, contamos 49<br />

perso<strong>na</strong>gens femini<strong>na</strong>s. Observando ser uma quantidade expressiva de<br />

201 Professor de História Antiga da Universidade Federal de Ouro Preto. A<br />

presente pesquisa conta com fi<strong>na</strong>nciamento do CNPq. Membro do Laboratório<br />

de Estudos sobre o Império Romano (LEIR).<br />

202 Mestranda em História pela Universidade Federal de Ouro Preto, bolsista da<br />

UFOP. Membro do Laboratório de Estudos sobre o Império Romano (LEIR)<br />

203 ―Que me mate desde que reine.‖ Ann. XIV, 9, 3.<br />

204 Sobre a produção historiográfica, especialmente durante o século XX, que<br />

tiveram como objeto Agripi<strong>na</strong> e as outras mulheres da <strong>na</strong>rrativa tacitea<strong>na</strong>, ver:<br />

WALLACE, 1991, p.3556-3574. A perso<strong>na</strong>gem de Agripi<strong>na</strong> não foi estudada<br />

ape<strong>na</strong>s por historiadores, <strong>na</strong>turalmente. Para um exemplo notável destas<br />

reapropriações, bastará dizer que a primeira ópera de George Frideric Handel<br />

(HMV6), estreada em 1709, foi dedicada a Agripi<strong>na</strong>, que dá título à peça. A obra<br />

foi apresentada em uma sequência inédita de 27 aparições consecutivas e<br />

projetou seu autor <strong>na</strong> ce<strong>na</strong> musical.<br />

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