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Mulheres_na_Antiguidade

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MULHERES NA ANTIGUIDADE - NEA/UERJ<br />

enquanto Higeia faz uma performance daquilo que viria a ser seu gesto<br />

mais canônico: alimentar uma serpente com a sua phialē. Na medida em<br />

que a serpente bebe, ela se enrosca <strong>na</strong>quilo que parece ser um tipo de<br />

lâmpada ou candelabro: daí para a ce<strong>na</strong> em que Medeia alimenta a<br />

serpente que se enrosca em uma árvore é um pulo pequeno. 152<br />

Dada a falta de descrições e <strong>na</strong>rrativas textuais, até mesmo de<br />

inscrições, no tocante a Higeia, nós dependemos unicamente de suas<br />

imagens para construir um sentido para o seu relacio<strong>na</strong>mento com a sua<br />

serpente. Já que a relação de Higeia e, ainda, seu atributo, a serpente, é<br />

posto no mesmo nível que Asclépio com seu igual atributo paralelo da<br />

serpente, pode-se presumir que a relação de Higeia com sua serpente se<br />

assemelhe a de Asclépio com a sua respectiva criatura; em outras<br />

palavras, que tal relacio<strong>na</strong>mento poderia recair em qualquer lugar ao<br />

longo das diferentes modalidades possíveis, desde avatar ou símbolo, até<br />

como um animal de estimação. A única qualificação a qual poderíamos<br />

nos aventurar aqui a fazer é a de que, ao alimentar a serpente, Higeia<br />

interage com ela de uma maneira mais frequente do que aquela que<br />

Asclépio faz, e de que tal interação pode sugerir – ou não – um pequeno<br />

nível de diferenciação entre a divindade e a serpente.<br />

Mas o que poderia ser dito a respeito da noção de equivalência entre<br />

uma figura huma<strong>na</strong> e a serpente alimentada no caso das Hespérides e de<br />

Medeia? No tocante às Hespérides, ao menos, um argumento pode ser<br />

feito no sentindo de que elas compartilhavam de um profundo vínculo e<br />

ligação com a sua serpente. De acordo com Hesíodo, a serpente das<br />

Hespérides era um dos filhos de Ceto, o arquétipo de monstro marinho,<br />

e de Fórcis. Como tal, Ládon é irmão das Górgo<strong>na</strong>s e das Greias e, de<br />

acordo com a tradição preservada por Apolônio, também seria um irmão<br />

das próprias Hespérides. 153 Todos esses grupos femininos encontram-se<br />

açambarcados no mito de Perseu. Entre essas figuras femini<strong>na</strong>s, exibemse<br />

diferentes níveis de integração com as serpentes. As Górgo<strong>na</strong>s tinham<br />

cabeças de serpentes em seu próprio corpo, tanto nos cabelos como<br />

também em volta de seus pescoços e suas cinturas. As Greias<br />

manipulavam um olho e um dente em comum que compartilhavam<br />

152 LIMC Hygieia 5 = Asklepios 98.<br />

153 Schol. Apolônio Argonáutica 4.1399.<br />

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