hérnia de morgagni.pmd - SPR
hérnia de morgagni.pmd - SPR
hérnia de morgagni.pmd - SPR
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Freitas LF et al. / Hérnia <strong>de</strong> Morgagni: relato <strong>de</strong> caso<br />
Fig. 1 – Radiografia <strong>de</strong> tórax em póstero-anterior (A) e perfil (B). Nota-se massa radio<strong>de</strong>nsa (seta) no terço inferior e anterior do hemitórax<br />
direito, que apresenta contornos bem <strong>de</strong>finidos em sua porção superior e mal <strong>de</strong>finidos na inferior (sinal da silhueta).<br />
Como não se obteve melhora do quadro clínico, foi<br />
indicada a realização <strong>de</strong> tomografia computadorizada,<br />
que caracterizou processo expansivo <strong>de</strong> origem pleural<br />
ocupando 70% do hemitórax direito, com <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
tecido adiposo, o que po<strong>de</strong>ria sugerir uma lipomatose<br />
pleural (Fig. 2).<br />
O paciente foi submetido, alguns dias <strong>de</strong>pois, a toracotomia<br />
direita submamária, durante a qual se i<strong>de</strong>ntificou<br />
volumosa herniação do epíplon por um forame<br />
<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 8 cm lateralmente ao esterno. O tecido gorduroso<br />
se reduzia <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um saco herniário à medida<br />
que era dissecado. A sutura das bordas diafragmáticas<br />
foi feita em figura <strong>de</strong> 8 com polipropileno zero. O<br />
paciente foi extubado na sala <strong>de</strong> operação, e o pós-operatório<br />
foi normal.<br />
DISCUSSÃO<br />
A <strong>hérnia</strong> <strong>de</strong> Morgagni ocorre <strong>de</strong>vido à falha da fusão<br />
embriológica das porções costal e esternal do diafragma,<br />
anterior à linha média (posição retroesternal),<br />
criando o chamado forame <strong>de</strong> Morgagni [4] (Fig. 3). Esse<br />
<strong>de</strong>feito po<strong>de</strong> ocorrer em ambos os lados, mas predomina<br />
à direita, possivelmente pelo fato <strong>de</strong> que o coração<br />
protege o forame no lado esquerdo, po<strong>de</strong>ndo ser<br />
68<br />
total ou parcial. O forame à direita já po<strong>de</strong> permitir a<br />
passagem <strong>de</strong> vísceras abdominais para o tórax ainda na<br />
vida embrionária, enquanto no à esquerda po<strong>de</strong> ocorrer<br />
por aumento brusco da pressão intra-abdominal,<br />
como em casos <strong>de</strong> tosse, obesida<strong>de</strong> e outros esforços abdominais<br />
[5] . O conteúdo abdominal encontrado é representado,<br />
em or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>crescente, por omento, cólon,<br />
estômago, fígado e intestino <strong>de</strong>lgado [6] .<br />
Apesar <strong>de</strong> ser anomalia congênita, as crianças costumam<br />
ser assintomáticas e geralmente é <strong>de</strong>scoberto ao<br />
acaso, quando se realiza radiografia <strong>de</strong> tórax por outra<br />
razão [3,7] . Os sintomas da <strong>hérnia</strong> <strong>de</strong> Morgagni em geral<br />
aparecem em adultos (principalmente no sexo feminino)<br />
<strong>de</strong> meia-ida<strong>de</strong>, entretanto, são freqüentemente oligossintomáticos<br />
(<strong>de</strong>vido ao pequeno volume ocupado pelas<br />
vísceras abdominais contidas no saco herniário).<br />
A <strong>hérnia</strong> <strong>de</strong> Morgagni representa 2% a 3% <strong>de</strong> todas<br />
as <strong>hérnia</strong>s diafragmáticas [6] . Entretanto, outras alterações<br />
po<strong>de</strong>m estar associadas, principalmente quando<br />
é sintomática em lactentes, como a má-rotação intestinal,<br />
o <strong>de</strong>feito longitudinal do esterno inferior, <strong>de</strong>feitos<br />
da pare<strong>de</strong> abdominal supra-umbilical e pericárdica<br />
(<strong>de</strong>xtrocardia) com ou sem malformação cardíaca [8] .<br />
Esse conjunto <strong>de</strong> anormalida<strong>de</strong>s recebe o nome <strong>de</strong> pentalogia<br />
<strong>de</strong> Cantrell [3,8,9] .<br />
Rev Imagem 2007;29(2):67–70