Génese e mentores do antijesuitismo na Europa Moderna - LusoSofia
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58 José Eduar<strong>do</strong> Franco<br />
Esta passagem é bem indica<strong>do</strong>ra de que a má fama <strong>do</strong>s Jesuítas espalhada<br />
pelos seus críticos circulava inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lmente. Sabia-se em<br />
França das opiniões negativas sobre a actuação <strong>do</strong>s Padres da Companhia<br />
em Portugal, como se saberá em Portugal da crítica à sua actuação<br />
em França, ou noutros países.<br />
Pelo mesmo perío<strong>do</strong>, tanto em Inglaterra, como <strong>na</strong> Alemanha, apareceram<br />
também diversos antijesuítas, em particular no meio protestante,<br />
não mais benignos <strong>na</strong> apreciação <strong>do</strong> carácter e <strong>do</strong> papel <strong>do</strong>s<br />
membros desta ordem-alvo. O que é revela<strong>do</strong>r de que durante o século<br />
XVI a expansão <strong>do</strong>s Jesuítas desencadeou uma espécie de histeria<br />
crítica da parte <strong>do</strong>s seus inimigos e concorrentes <strong>na</strong>s suas áreas de actuação<br />
e de interesse. Eles começam, nesta fase, a ser coloca<strong>do</strong>s, sem<br />
cedências, <strong>do</strong> la<strong>do</strong> negro da história, eleva<strong>do</strong>s a autênticas vedetas <strong>do</strong><br />
mal, acusa<strong>do</strong>s de serem envene<strong>na</strong><strong>do</strong>res de almas, instiga<strong>do</strong>res de paixões<br />
públicas, usurpa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> nome de Jesus, corruptores da juventude,<br />
subvertores da autoridade episcopal, além de ostentarem um orgulho e<br />
uma vaidade desmesurada, de tal mo<strong>do</strong> que o arcebispo de Dublin chegou<br />
a considerá-los mais perigosos que Martinho Lutero e “piores que<br />
os Judeus” 91 .<br />
No combate acérrimo <strong>do</strong>s protestantes contra a Igreja Católica, os<br />
Jesuítas foram eleitos como os alvos privilegia<strong>do</strong>s a abater, em virtude<br />
<strong>do</strong> seu protagonismo, da sua eficácia e de algum sucesso <strong>na</strong> realização<br />
<strong>do</strong> programa de contra-reforma pós-trindenti<strong>na</strong>, que os tor<strong>na</strong>vam irri-<br />
lefranche, 1602. Para uma edição crítica contemporânea da autoria de Claude Sutto<br />
(ed.), Catéchisme des Jésuites, Sherbrooke, 1982). Recorde-se que outros escritores<br />
continuaram quase ininterruptamente a tradição antijesuítica neste perío<strong>do</strong>, entre os<br />
quais podemos destacar o poeta francês Teófilo Viaud e as suas sátiras que punham a<br />
ridículo os Jesuítas (cf. Théophile Viaud, Le Par<strong>na</strong>sse des poetes ou recueil des vers<br />
picquans et gaillards de nostre temps, satyriques, s.l., 1625); e o italiano Fray Paulo<br />
de Sarpi que em Londres publica, em 1613 sob pseudónimo, a História <strong>do</strong> Concílio<br />
de Trento, em que tece apreciações muito desfavoráveis em relação à acção <strong>do</strong>s<br />
Jesuítas. Esta obra conheceu variadíssimas edições, entre as quais esta publicada no<br />
século XVIII: Fray Paolo Sarpi, Histoire du concile de Trente, Amsterdam, 1751.<br />
91 Sobre o <strong>antijesuitismo</strong> <strong>na</strong>s Ilhas Britânicas ver Alexandre Brou, Les Jésuites, op.<br />
cit., p. 482 e ss.<br />
www.clepul.eu<br />
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