Génese e mentores do antijesuitismo na Europa Moderna - LusoSofia
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<strong>Génese</strong> e <strong>mentores</strong> <strong>do</strong> <strong>antijesuitismo</strong> <strong>na</strong> <strong>Europa</strong> Moder<strong>na</strong> 55<br />
conseguiu vencer a causa da não permissão <strong>do</strong>s Jesuítas se agregarem<br />
à Universidade, nem <strong>do</strong> seu ensino ser reconheci<strong>do</strong> por esta, embora<br />
não conseguisse, pelo menos <strong>na</strong>quele momento, que estes religiosos-<br />
-educa<strong>do</strong>res fossem bani<strong>do</strong>s de França, nem sequer proibi<strong>do</strong>s de ensi<strong>na</strong>r,<br />
como já tinha exigi<strong>do</strong> em 1562 o Barão des Andrets.<br />
A aversão exacerbada que Pasquier (que tinha ligações com os sectores<br />
calvinistas e a Charles de Moulin) alimentou contra os iniguistas<br />
levou-o à elaboração de uma das obras-primas <strong>do</strong> género literário satírico<br />
escrito em língua francesa 85 . O Catecismo <strong>do</strong>s Jesuítas publica<strong>do</strong><br />
em 1602 é, com efeito, a primeira grande obra funda<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> mito jesuíta<br />
em termos inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is, fazen<strong>do</strong> de Pasquier um <strong>do</strong>s maiores<br />
ferrabrás <strong>do</strong>s Padres da Companhia da história <strong>do</strong> <strong>antijesuitismo</strong>. Este<br />
Catecismo divulga<strong>do</strong> primeiramente em França, vai depois sobrepujar<br />
as suas fronteiras, sen<strong>do</strong> traduzi<strong>do</strong> em sete línguas, inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lizan<strong>do</strong><br />
assim o leque largo de razões pelas quais os Padres da Companhia deveriam<br />
ser detesta<strong>do</strong>s e persegui<strong>do</strong>s 86 .<br />
85 Cf. Gustavo Lanson, Histoire de la littérature française, 8. a ed., Paris, 1903, p.<br />
296.<br />
86 Recorde-se que no fi<strong>na</strong>l de Quinhentos, mais propriamente em 1594, a Companhia<br />
de Jesus foi alvo de uma fortíssima suspeita que vai marcar de maneira indelével<br />
a sua “factologia simbólica”, uma factologia carregada de imaginário. Os filhos de<br />
Loyolas foram envolvi<strong>do</strong>s <strong>na</strong> tentativa de assassi<strong>na</strong>to de Henrique IV. Desta tremenda<br />
suspeita resultou a proibição <strong>do</strong> exercício de qualquer actividade em França por parte<br />
da Companhia de Jesus. Roland Mousnier acentuou o carácter simbólico desta acusação,<br />
acusação que avaliou como sen<strong>do</strong> infundada. Esta era ape<strong>na</strong>s fundada numa<br />
ardilosa construção imaginária que os inimigos da Companhia vinham erguen<strong>do</strong>. Define<br />
concretamente esta construção imagiológica como “um mito de duplicidade, de<br />
intrigas tortuosas, de fraudes e de crueldades” (Roland Mousnier, L’assassi<strong>na</strong>t de<br />
Henri IV, Paris, 1964, p. 212). Mais tarde, no ano de 1603, foi assi<strong>na</strong><strong>do</strong> um acor<strong>do</strong><br />
que dava a possibilidade <strong>do</strong>s Jesuítas regressarem a França, mediante as condições<br />
<strong>do</strong> provincial ser sempre de origem francesa, <strong>do</strong>s jesuítas jurarem fidelidade ao Rei e<br />
de um membro desta Ordem residir permanentemente <strong>na</strong> Corte. Embora estas condicio<strong>na</strong>ntes<br />
fossem contrárias ao espírito legislativo da Companhia, o Geral e o Papa<br />
viram-se obriga<strong>do</strong>s a aceitar esta via de compromisso, por conselho insistente <strong>do</strong> Provincial<br />
francês, o Pe. Pierre Coton, como única possibilidade de reintroduzir a Ordem<br />
de Loyola em França, com aconteceu de facto.<br />
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