Génese e mentores do antijesuitismo na Europa Moderna - LusoSofia
Génese e mentores do antijesuitismo na Europa Moderna - LusoSofia
Génese e mentores do antijesuitismo na Europa Moderna - LusoSofia
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
✐<br />
✐<br />
✐<br />
✐<br />
<strong>Génese</strong> e <strong>mentores</strong> <strong>do</strong> <strong>antijesuitismo</strong> <strong>na</strong> <strong>Europa</strong> Moder<strong>na</strong> 47<br />
vida por parte de Agostinho Mai<strong>na</strong>rd 67 e <strong>do</strong>s seus partidários espanhóis<br />
em Roma, com as disputas <strong>do</strong> cardeal Ghinueci e <strong>do</strong>s seus apanigua<strong>do</strong>s<br />
das Cúria Roma<strong>na</strong>. A aprovação da Companhia de Jesus pela<br />
Santa Sé, apesar de ter si<strong>do</strong> um processo célere, tal não significa que tenha<br />
si<strong>do</strong> pacífico. Entre os cardeais se havia apoiantes incondicio<strong>na</strong>is<br />
como Contarini, não deixou de causar estron<strong>do</strong> o grupo de contraditores.<br />
Ghinueci, que tinha levanta<strong>do</strong> problemas inicialmente, impôs<br />
como condição para dar o seu voto favorável a introdução de alterações<br />
<strong>na</strong> Summa estatutária (Prima Societatis Jesu instituti summa, elaborada<br />
por Inácio, Fabvre e Codure entre Julho e Agosto de 1539) proposta<br />
para a nova Ordem, que serviria de base para a bula de aprovação. A<br />
67 Este prega<strong>do</strong>r que fazia lembrar Lutero, não tanto <strong>na</strong> crítica aos costumes laxistas<br />
e imorais <strong>do</strong> papa<strong>do</strong>, mas <strong>na</strong> acentuação teológica <strong>do</strong> papel da justificação pela<br />
Graça em detrimento <strong>do</strong> valor sublinha<strong>do</strong> catolicamente das obras, tinha apoiantes<br />
devota<strong>do</strong>s, em que se destacava um grupo de espanhóis de alta estirpe. Este grupo<br />
que conhecia bem o percurso de Inácio de Loyola, propalou boatos entre o povo de<br />
Roma e as elites eclesiásticas que este grupelho de “<strong>do</strong>utores parisienses” era constituí<strong>do</strong><br />
por bandi<strong>do</strong>s, charlatões, cadastra<strong>do</strong>s, e que o seu líder tinha si<strong>do</strong> intima<strong>do</strong> pela<br />
Inquisição e pelas autoridades seculares, sen<strong>do</strong> expulso e repeli<strong>do</strong> de Alcalá, Paris e<br />
Veneza. No fun<strong>do</strong>, estes opositores tentaram inculcar a imagem de que estes lobos<br />
disfarça<strong>do</strong>s de cordeiros eram heréticos e subvertores da Igreja. Foi de tal mo<strong>do</strong> violenta<br />
a campanha promovida por estes opositores espanhóis que a opinião pública<br />
roma<strong>na</strong> chegou a exigir que o grupo <strong>do</strong>s iniguista fosse queima<strong>do</strong> em auto-de-fé. O<br />
próprio Inácio de Loyola testemunha a hostilidade que representou este afrontamento<br />
da população roma<strong>na</strong> que o fazia também recordar as tribulações passadas desde a<br />
sua conversão: “Durante oito meses, sofremos a mais rija contradição ou perseguição<br />
que nunca em nossa vida passámos. Não quero dizer que nos tenham maltra<strong>do</strong> em<br />
nossas pessoas ou citan<strong>do</strong>-nos a juízo ou de alguma maneira, mas espalhan<strong>do</strong> boatos<br />
pela multidão e chaman<strong>do</strong>-nos nomes i<strong>na</strong>uditos, nos tor<strong>na</strong>vam suspeitos e odiosos ao<br />
povo e levantavam grande escândalo” (Carta de 19 de Dezembro de 1538, in Monumenta<br />
Ig<strong>na</strong>tia<strong>na</strong> ex autographis vel ex antiquioribus exemplis collecta, Series prima<br />
– Epistolae et Instructiones, vol. I, Madrid, 1903-1911, p. 137). Esta guerra polémica<br />
desencadeada da parte <strong>do</strong> Pe. Mai<strong>na</strong>rd resultou <strong>do</strong> facto <strong>do</strong>s companheiros de Inácio<br />
terem teci<strong>do</strong> algumas críticas em torno <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong>utrinário da sua parenética.<br />
Esta contenda em torno da teologia herética patente nos sermões <strong>do</strong> Pe. Mai<strong>na</strong>rd<br />
acabou por ser dirimida a favor <strong>do</strong>s Jesuítas por parecer da<strong>do</strong> em foro judicial e confirma<strong>do</strong><br />
pelo Papa Paulo III.<br />
www.lusosofia.net<br />
✐<br />
✐<br />
✐<br />
✐