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Génese e mentores do antijesuitismo na Europa Moderna - LusoSofia

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44 José Eduar<strong>do</strong> Franco<br />

tão distantes.<br />

Não obstante, esta nova estrutura religiosa não se caracteriza tanto<br />

pela revolução <strong>do</strong> ideário de vida religiosa tradicio<strong>na</strong>l da Igreja, em termos<br />

teóricos, como <strong>na</strong> mudança da forma de estar, de se organizar e de<br />

viver esse compromisso radical com Cristo e com o seu Evangelho <strong>na</strong>s<br />

contingências da história e <strong>do</strong> tempo, pois a aparência revolucionária<br />

da Companhia de Jesus equacio<strong>na</strong>-se fundamentalmente em função de<br />

uma orientação práxica. O que nem sempre foi compreendi<strong>do</strong> como tal,<br />

mas foi visto antes, por alguns sectores da Igreja, com uma perversão<br />

ou uma deturpação da vida regular tradicio<strong>na</strong>l cristã:<br />

“A feição nova, quase revolucionária, da Companhia de Jesus<br />

chocou os intelectuais da escola monástica tanto em Portugal<br />

com no estrangeiro (. . . ). Os seus filia<strong>do</strong>s foram alvo de campanhas<br />

e perseguições que se reflectiram no próprio processo de<br />

aprovação <strong>do</strong> instituto. As suas estruturas assentavam numa base<br />

activista e positiva. É deliberadamente uma piedade para a acção,<br />

uma piedade para a vida. Já se lhe chamou ‘uma espiritualidade<br />

<strong>do</strong> esforço’ – e não é esse, decerto, o seu traço menos saliente.<br />

Tal como a orgânica da Companhia amalgamou os sectores<br />

clássicos <strong>do</strong> mo<strong>na</strong>quismo com as tendências <strong>do</strong>s institutos modernos,<br />

de mo<strong>do</strong> a tor<strong>na</strong>r viável a assunção cristã da sociedade<br />

civil, também a piedade i<strong>na</strong>cia<strong>na</strong> supera as contradições <strong>do</strong> formalismo<br />

religioso e <strong>do</strong> idealismo erasmiano e greco-germânico,<br />

dirigin<strong>do</strong>-se imediatamente à formação <strong>do</strong>s homens chama<strong>do</strong>s a<br />

viver no coração da vida” 61 .<br />

No quadro institucio<strong>na</strong>l da Companhia, a vivência religiosa assente<br />

nos compromissos deriva<strong>do</strong>s da profissão <strong>do</strong>s votos e da prática da sua<br />

espiritualidade não são encara<strong>do</strong>s como um fim em si mesmo, mas<br />

como um meio, o sustentáculo, a força mobiliza<strong>do</strong>ra e motiva<strong>do</strong>ra para<br />

apressar e tor<strong>na</strong>r eficiente a realização <strong>do</strong> seu escopo de transformação<br />

<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Este foi o ideal que lançou um grupo cada vez mais numeroso<br />

de homens <strong>na</strong> reeducação cristã da velha cristandade europeia e<br />

61 José Sebastião da Silva Dias, Correntes, op. cit., p. 170.<br />

www.clepul.eu<br />

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