Génese e mentores do antijesuitismo na Europa Moderna - LusoSofia
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42 José Eduar<strong>do</strong> Franco<br />
onário de carácter proselitista, em que os meios mais controversos justificavam<br />
a prossecução <strong>do</strong>s fins transcendentes. Aqui os projectos e<br />
a vontade huma<strong>na</strong> concitava-se numa simbiose perfeita com a vontade<br />
divi<strong>na</strong>, que tu<strong>do</strong> unificava e explicava 55 .<br />
Assim sen<strong>do</strong>, a criação da Companhia de Jesus personifica, por<br />
uma la<strong>do</strong>, a Reforma Católica e, por outro, a cultura re<strong>na</strong>scentista 56 .<br />
Distancian<strong>do</strong>-se das ordens tradicio<strong>na</strong>is, a nova estrutura e orde<strong>na</strong>mento<br />
constitucio<strong>na</strong>l da Ordem i<strong>na</strong>cia<strong>na</strong> não constitui propriamente<br />
uma ruptura com o mo<strong>na</strong>quismo clássico. Apresenta-se antes como<br />
uma tentativa de síntese entre a tradição monástica e as novas correntes<br />
de espiritualidade e de reforma eclesiástica emergentes <strong>na</strong> modernidade.<br />
Neste esforço de síntese entre a tradição, a inovação e a reformação,<br />
os Jesuítas desenvolveram uma nova piedade perfilada para<br />
a acção. A sua reflexão teológico-antropológica professava uma valorização<br />
<strong>do</strong> indivíduo e da sua liberdade, <strong>do</strong> seu espírito crítico e da<br />
possibilidade <strong>do</strong> homem se capacitar e se aperfeiçoar pela aquisição de<br />
saber e de técnicas 57 .<br />
A concepção de vida religiosa subjacente a esta organização e regra<br />
de funcio<strong>na</strong>mento de feição mais maleável (o que não veio a ser, como<br />
muitos pensaram, mais vulnerável, antes pelo contrário), orientou-se<br />
bastante em ordem a dar resposta aos novos desafios missionários decorrentes<br />
<strong>do</strong> chama<strong>do</strong> processo classicamente de “descompartimentação<br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>” 58 . Este processo de longo alcance, efectua<strong>do</strong> <strong>na</strong> sequên-<br />
55 Cf. Eduar<strong>do</strong> Lourenço, “Portugal e os Jesuítas”, in Oceanos, n. o 12, Lisboa,<br />
1992, p. 47.<br />
56 Maria de Deus Beites Manso, A Companhia de Jesus <strong>na</strong> Índia: 1542-1622.<br />
Aspectos da sua acção missionária e cultural, vol. I, Évora, 1999, p. 78.<br />
57 O espírito de aventura marcou a acção <strong>do</strong>s Jesuítas desde a sua fundação. O<br />
desejo intenso de ousar ir mais longe, de contactar povos e culturas diferentes de<br />
qualquer parte da terra, especialmente de regiões longínquas, de transpor fronteiras<br />
tradicio<strong>na</strong>lmente difíceis de contor<strong>na</strong>r, por razões civilizacio<strong>na</strong>is e políticas, expressa<br />
bem o modelo de homem re<strong>na</strong>scentista idealiza<strong>do</strong> pela cultura humanista que os missionários<br />
jesuítas souberam muito bem encar<strong>na</strong>r.<br />
58 Os Descobrimentos encetaram um processo histórico que a partir <strong>do</strong> dealbar da<br />
época moder<strong>na</strong> se veio a revelar contínuo e em crescen<strong>do</strong> até aos nossos dias, o pro-<br />
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