Génese e mentores do antijesuitismo na Europa Moderna - LusoSofia
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<strong>Génese</strong> e <strong>mentores</strong> <strong>do</strong> <strong>antijesuitismo</strong> <strong>na</strong> <strong>Europa</strong> Moder<strong>na</strong> 41<br />
de Loyola reproduz e reforça a eclesiologia católica que concebe a hierarquia<br />
como uma instituição de raiz divi<strong>na</strong>, que está acima <strong>do</strong> poder<br />
<strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s temporais e das suas intromissões e inspecções. O carácter<br />
vitalício da<strong>do</strong> à nomeação <strong>do</strong> Geral da Ordem ainda veio acentuar<br />
este carácter hierarquista e de aproximação à estrutura-mãe da Igreja,<br />
em que o Pontífice também usufrui <strong>do</strong> direito vitalício pela sua eleição.<br />
Quanto ao perfil militar que muitos historia<strong>do</strong>res apontaram como uma<br />
aspecto característico desta nova ordem fundada por um ex-oficial <strong>do</strong><br />
exército espanhol e bem patente <strong>na</strong> utilização de terminologia típica das<br />
sociedades castrenses, deve ser compreendi<strong>do</strong> ten<strong>do</strong> em consideração<br />
a formação e experiência militar <strong>do</strong> Funda<strong>do</strong>r, assim como no quadro<br />
da mentalidade de pen<strong>do</strong>r cruzadística que ainda estava subjacente às<br />
lutas religiosas desenvolvidas <strong>na</strong> época 54 .<br />
De qualquer mo<strong>do</strong>, o espírito reformista que a Companhia de Jesus,<br />
em grande medida encarnou ao la<strong>do</strong> das instituições católicas que<br />
foram surgin<strong>do</strong> com o mesmo intuito, representou, no plano da Contra-<br />
-Reforma, aquilo que Eduar<strong>do</strong> Lourenço denominou de “Revolução<br />
i<strong>na</strong>cia<strong>na</strong>”. Esta revolução era caracterizada pelo pragmatismo missi-<br />
54 Cf. Dauril Alden, The making of an enterprise. The Society of Jesus in Portugal,<br />
its Empire, and Beyond (1540-1750), Stanford, 1996, pp. 8-10; e Teotónio de Souza,<br />
“Free<strong>do</strong>m for service. Individually guided retreats”, in Ignis, vol. 16, n. o 101, 1987.<br />
A organização fortemente centralizada da Ordem de Loyola que encerra um poder<br />
ao mesmo tempo monárquico e democrático, orde<strong>na</strong>va-se essencialmente em função<br />
da realização ágil e eficaz <strong>do</strong>s seus objectivos, como comenta Adrien Demoustier:<br />
“Mais cette centralisation est, selon le modèle theorique que dessinent les diverses<br />
réglementations, clairement or<strong>do</strong>nnée à la constitution d’un cadre où chaque jésuite<br />
puisse travailler selon des directives qui lui evident d’avoir à tout inventer dans chaque<br />
situation. Un telle codification de l’experience antèrieure était nécessaire pour faire<br />
face au travail considerable dû a la multiplication rapide des établissements” (“La<br />
distinction des fonctions et l’exercice du pouvoir selon les règles de la Compagnie de<br />
Jésus”, in Les Jésuites à la Re<strong>na</strong>issance. Système éducatif et production du savoir,<br />
Paris, 1995, p. 31). Hercule Rasiel da Silva tentan<strong>do</strong> classificar a organização centralizada<br />
assente <strong>na</strong> autoridade pessoal <strong>do</strong> Geral e no princípio da obediência absoluta,<br />
perinde ac cadaver, apelida pela primeira vez a Companhia de Jesus como sen<strong>do</strong> a<br />
“Mo<strong>na</strong>rquia <strong>do</strong>s Iniguistas”, porque fundada por Inigo de Loyola (cf. Hercule Rasiel<br />
da Silva, Histoire de l’admirable Don Inigo de Guipuzcoa, La Haye, 1736).<br />
www.lusosofia.net<br />
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