Génese e mentores do antijesuitismo na Europa Moderna - LusoSofia
Génese e mentores do antijesuitismo na Europa Moderna - LusoSofia
Génese e mentores do antijesuitismo na Europa Moderna - LusoSofia
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
✐<br />
✐<br />
✐<br />
✐<br />
34 José Eduar<strong>do</strong> Franco<br />
A hostilidade tinha-se já verifica<strong>do</strong>, com algum relevo, em relação<br />
ao aparecimento e aprovação das Ordens Mendicantes medievais,<br />
Dominicanos e Franciscanos, enquanto institutos regulares novos adapta<strong>do</strong>s<br />
pela sua inova<strong>do</strong>ra dimensão mendicante, à emergência de uma<br />
fervilante mobilidade social <strong>na</strong> Baixa Idade Média, em resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
incremento <strong>do</strong> comércio e da itinerância que ele suscitou, assim como<br />
<strong>do</strong> desenvolvimento <strong>do</strong>s centros urbanos. A configuração mendicante<br />
destas ordens tinha representa<strong>do</strong> um avanço significativo em relação às<br />
ordens tradicio<strong>na</strong>is. Ao trocar a vida “secular” (exiit de saeculo) pela<br />
vida consagrada a Cristo (Deo vota) não realizaram uma ple<strong>na</strong> fuga<br />
mundi, como os monges propriamente ditos. Os mendicantes passaram<br />
a ser irmãos (fratres) que procuravam fugir <strong>do</strong> “mun<strong>do</strong>”, estan<strong>do</strong><br />
no mun<strong>do</strong>, para acompanhar a realidade existencial <strong>do</strong>s homens com o<br />
fito de convertê-los pelo testemunho e pela palavra, e não já ape<strong>na</strong>s <strong>na</strong><br />
solidão, longe <strong>do</strong>s dramas <strong>do</strong> quotidiano <strong>do</strong>s homens 42 .<br />
O esforço de adaptação das novas formas de vida regular transportava<br />
em si uma crítica e uma proposta de renovação <strong>do</strong> mo<strong>na</strong>quismo<br />
tradicio<strong>na</strong>l. Daqui a reacção de antagonismo e de animadversão protagonizada<br />
em geral pelos que são postos em causa. Tanto mais que o<br />
IV Concílio de Latrão (1215) tinha interdito a possibilidade de criação<br />
de Ordens que seguissem novas regras. Dominicanos e Franciscanos<br />
que se vão destacar no protagonismo das primeiras invectivas à Ordem<br />
de Santo Inácio, já tinham também si<strong>do</strong> alvo de críticas pela sua maneira<br />
de viver a vida religiosa, aquan<strong>do</strong> <strong>do</strong> primeiro momento <strong>do</strong> seu<br />
<strong>na</strong>scimento e afirmação no seio da Igreja e da Cristandade europeia.<br />
São ilustrativas <strong>do</strong> antimendicantismo no século XIII as invectivas de<br />
Guilherme de Sant-Amour que faziam <strong>do</strong>s frades mendicantes os per-<br />
42 Para uma visão evolutiva da história <strong>do</strong> mo<strong>na</strong>quismo ver, por exemplo, as seguintes<br />
obras: Jesus Alvarez Gomes, Historia de la Vida Religiosa, vol. I, Madrid,<br />
1990; Elie Maire, Histoire des Instituts Religieux et Mission<strong>na</strong>ires, Paris, 1930; José<br />
Eduar<strong>do</strong> Franco, “Congregações Religiosas Masculi<strong>na</strong>s”, in Dicionário de História<br />
Religiosa de Portugal, Carlos Moreira Azeve<strong>do</strong> (Dir.), vol. A-C, Mem Martins, 2000,<br />
pp. 482-488.<br />
www.clepul.eu<br />
✐<br />
✐<br />
✐<br />
✐