Génese e mentores do antijesuitismo na Europa Moderna - LusoSofia
Génese e mentores do antijesuitismo na Europa Moderna - LusoSofia
Génese e mentores do antijesuitismo na Europa Moderna - LusoSofia
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
✐<br />
✐<br />
✐<br />
✐<br />
<strong>Génese</strong> e <strong>mentores</strong> <strong>do</strong> <strong>antijesuitismo</strong> <strong>na</strong> <strong>Europa</strong> Moder<strong>na</strong> 33<br />
merca<strong>do</strong>s, nos caminhos, nos adros das igrejas, traduzia em zombaria<br />
através de ane<strong>do</strong>tas picantes acerca <strong>do</strong> que debaixo <strong>do</strong> hábito aparentemente<br />
inocente <strong>do</strong> frade se poderia esconder.<br />
Este ambiente não era muito diferente daquele que os Dominicanos<br />
já tinham si<strong>do</strong> constrangi<strong>do</strong>s a suportar no tempo dito áureo <strong>do</strong>s<br />
seus alvores quan<strong>do</strong> São Tomás de Aquino ensi<strong>na</strong>va em Paris. Humberto<br />
Rashdall evoca este ambiente no seu livro sobre As Universidade<br />
da <strong>Europa</strong> <strong>na</strong> Idade Média, ao descrever que “logo que avistavam<br />
um monge, cachos humanos faziam chover sobre ele porcarias e palha<br />
(. . . ). Sobre as cabeças encarapuçadas caíam lama e pedras (. . . ).<br />
Chegaram a lançar flechas sobre um convento que teve de ficar guarda<strong>do</strong><br />
pelas tropas <strong>do</strong> rei noite e dia (. . . ). Os religiosos que, durante o<br />
Inverno de 1255, tentaram mendigar o seu pão no Quartier Latin passaram<br />
horas aflitivas” 41 .<br />
Este tipo de reacção negativa é, com efeito, um facto comum à história<br />
da maioria das Ordens. Tanto mais que pode ser considera<strong>do</strong> um<br />
fenómeno de reacção típica <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> de ser e de estar da esfera eclesiástica,<br />
<strong>na</strong> qual as suas instituições são pautadas por um horizonte<br />
jurídico-<strong>do</strong>utri<strong>na</strong>l eminentemente conserva<strong>do</strong>r. O universo eclesiástico<br />
tendeu a desenvolver di<strong>na</strong>mismos de oposição e suspeita a quase tu<strong>do</strong><br />
o que seja novo, e sobretu<strong>do</strong>, neste caso, a tu<strong>do</strong> o que assume algumas<br />
características revolucionárias ou a feição de mudança de fun<strong>do</strong>.<br />
podemos destacar Fer<strong>na</strong>n<strong>do</strong> Oliveira (c. 1507-c. 1582), que transportou para Portugal<br />
o cinzel crítico de Erasmo, consideran<strong>do</strong> os Frades uma invenção moder<strong>na</strong>,<br />
que não existia no tempo de Jesus e que <strong>na</strong> vida religiosa grassavam maus costumes<br />
muito pouco cristãos, os quais em <strong>na</strong>da abo<strong>na</strong>vam em favor <strong>do</strong> bom nome da Igreja<br />
de Cristo. Cf. Henrique Lopes de Men<strong>do</strong>nça, O Padre Fer<strong>na</strong>n<strong>do</strong> Oliveira e a sua<br />
obra náutica, Lisboa, 1898, p. 99 e ss.; José Sebastião da Silva Dias, O erasmismo<br />
e a Inquisição em Portugal. Processo de Fr. Valentim da Luz, Coimbra, 1975; e<br />
José Eduar<strong>do</strong> Franco, O mito de Portugal, op. cit., p. 56. E ver as obras clássicas<br />
de Marcel Bataillon, Érasme et l’Espagne, Paris, 1937; de Jean-Claude Margolin,<br />
Érasme, Paris, 1967; e de Marcelino Menéndez Pelayo, História de los Hetero<strong>do</strong>xos<br />
Españoles, Madrid, 1965-1967, pp. 828 e ss.<br />
41 Hastings Rashdall, The universities of Europe in the Middle Ages, New York,<br />
1964, pp. 387-388.<br />
www.lusosofia.net<br />
✐<br />
✐<br />
✐<br />
✐