Génese e mentores do antijesuitismo na Europa Moderna - LusoSofia
Génese e mentores do antijesuitismo na Europa Moderna - LusoSofia
Génese e mentores do antijesuitismo na Europa Moderna - LusoSofia
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
✐<br />
✐<br />
✐<br />
✐<br />
<strong>Génese</strong> e <strong>mentores</strong> <strong>do</strong> <strong>antijesuitismo</strong> <strong>na</strong> <strong>Europa</strong> Moder<strong>na</strong> 25<br />
suítas foram pinta<strong>do</strong>s como uma milícia de solda<strong>do</strong>s veteranos ou de<br />
elite, obedientes, bem trei<strong>na</strong><strong>do</strong>s, bem discipli<strong>na</strong><strong>do</strong>s, representa<strong>do</strong>s de<br />
cabeça baixa, comanda<strong>do</strong>s por um general papista, um Loyola militar<br />
que desencadeiou uma guerra sem tréguas à Reforma Protestante,<br />
a qual foi repelida e inibida de se amplificar <strong>na</strong> flor da sua expansão<br />
europeia 25 . O facto <strong>do</strong> funda<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s Jesuítas ter si<strong>do</strong> um veterano de<br />
guerra e de ter da<strong>do</strong> a esta ordem um carácter hierárquico piramidal e<br />
verticalmente obediencial muito rígi<strong>do</strong>, não deixan<strong>do</strong> de lembrar as organizações<br />
militares (como o próprio nome da Companhia 26 não deixa<br />
de fazer apelo), estigmatizou indelevelmente a apreciação deste insti-<br />
ils ont conseillé à Absolon de déclarer la guerre à son père David”. Becanus, s.j.,<br />
Aphorismi Doctri<strong>na</strong>e calvinistarum ex eorum libris dictis et factis collecti, cum brevi<br />
responsione ad aphorismos falso Jesuitis impositos, Mayence, 1608, Aforismo 15.<br />
Esta obra foi novamente publicada nos Opuscula Theologica, Paris, 1633.<br />
25 Inácio de Loyola, qualifica<strong>do</strong> por Léon Marcuse como “um dita<strong>do</strong>r de almas”,<br />
constitui uma ordem centralizada, cuja estrutura hierárquica é decalcada <strong>do</strong> macro-<br />
-modelo organizacio<strong>na</strong>l da Igreja Católica e <strong>do</strong> poder centralista <strong>do</strong> Papa<strong>do</strong>, o qual<br />
era visto pelo Funda<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s Jesuítas como o centro nuclear ema<strong>na</strong><strong>do</strong>r <strong>do</strong> poder espiritual<br />
supremo, em torno <strong>do</strong> qual deveria gravitar o serviço de Deus no vasto mun<strong>do</strong>.<br />
Cf. Léon Marcuse, Ig<strong>na</strong>ce de Loyola, le dictateur des âmes, Paris, 1936. Para um<br />
excelente estu<strong>do</strong> em torno da imagem de Loyola ver a obra de Pierre-Antoine Fabre,<br />
Ig<strong>na</strong>ce de Loyola. Le lieu de l’image. Le problème de la composition de lieu dans<br />
les pratiques spirituelles et artistiques jésuites de la seconde moitié du XVI e siècle,<br />
[Paris], 1992.<br />
26 Este nome que é da<strong>do</strong> à Ordem de Santo Inácio representa em si uma evolução<br />
em relação às formas de nomeação típica <strong>do</strong> mo<strong>na</strong>quismo clássico. O vocábulo deriva<br />
<strong>do</strong>s termos latinos cum panis, através da palavra italia<strong>na</strong> compagnia. Jean Delumeau<br />
informa-nos que “dès le XIe siècle le terme désigné une société à responsabilité illimitée<br />
et totale solidarité des contractantes” (Jean Delumeau, La civilisation de la<br />
Re<strong>na</strong>issance, Paris, 1984, p. 467). Para enquadramento ver também as sínteses historiográficas<br />
<strong>na</strong> obra de J.-M. Mayeur et alii (dir.), Histoire du Christianisme. 8.<br />
Le temps des confessions (1530-1630), [Paris], 1992. Esta estrutura organizacio<strong>na</strong>l<br />
forte comportava como características mais destacadas a mobilidade e a capacidade<br />
de intervir em territórios diversos. Aplicou-se habitualmente esta denomi<strong>na</strong>ção a instituições<br />
militares e comerciais. Note-se, todavia, que não era a primeira vez que este<br />
nome era da<strong>do</strong> a uma ordem religiosa. Em 1515, uma ordem então criada incorporou<br />
<strong>na</strong> sua denomi<strong>na</strong>ção este termo: a Companhia <strong>do</strong> Amor Divino.<br />
www.lusosofia.net<br />
✐<br />
✐<br />
✐<br />
✐